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Dia do silêncio

Calar e não falar palavras inúteis é penitência. Calar quando não há necessidade de falar é prudência. Calar quando Deus nos fala no coração é silêncio.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos (RJ)

No dia 07 de maio a humanidade comemora o dia do silêncio, uma data que nos convida a desenvolver a arte de calar, de ser capaz de buscar o oásis da plenitude e da paz interior, de estar atento e focado na escuta dos outros, do grande Outro e de todas as criaturas.

Um autor desconhecido expôs numa espécie de poema as diversas modalidades de calar: “Calar sobre sua própria pessoa é humildade, calar sobre os defeitos dos outros é caridade, calar quando a gente sofre é heroísmo. Calar diante do sofrimento alheio é covardia. Calar diante da injustiça é fraqueza, calar quando outro fala é delicadeza. Calar quando o outro espera uma palavra é omissão.

Calar e não falar palavras inúteis é penitência. Calar quando não há necessidade de falar é prudência. Calar quando Deus nos fala no coração é silêncio. Calar diante do mistério que não entendemos é sabedoria”. Aprender a calar e fazer silêncio é fundamental para compreender e usar bem a palavra, é abrir espaços de escuta e de conversa espiritual interior, é tornar-se mensageiro e receptor do essencial, do profundo e transcendente.

Precisamos mais de sociedades menos barulhentas e vazias, onde as ondas sonoras com milhares de decibéis nos atordoam e nos fazem esquecer de nós mesmos. A liturgia precisa ser mais orante e silenciosa como Maria Santíssima, nunca sucumbir a armadilha de torná-la um show de entretenimento, de efeitos especiais e de protagonismos superficiais.

Como afirmava Karl Rahner o cristão do século XXI será místico ou perderá a sua identidade. O silêncio nos nossos dias passou a ser questão de saúde mental, de sobrevivência, pelo que precisamos urgentemente recolher-nos, viver a alegria do silêncio, domesticando o celular, a internet, a música que fere nossos ouvidos.

Amar o próximo entre outras coisas é escutá-lo, acolhê-lo no coração, vivendo a hospitalidade interior. Sem silêncio nos tornamos banais, quando não brutais, rompamos a espiral da violência sonora e barulhenta que não nos permite ser aquilo que somos chamados a ser.

Que o Deus da Palavra e do Silêncio nos transforme em almas silenciosas, pobres em espírito, amantes e ouvintes da Palavra Eterna e do amor infinito. Deus seja louvado!

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07 maio 2024, 10:16