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Flavio e Luiz, os idealizadores gaúchos da campanha "SOS RS - Italia" Flavio e Luiz, os idealizadores gaúchos da campanha "SOS RS - Italia" 

"É a ação de Deus para ajudar o próximo", diz idealizador de campanha na Itália em prol do RS

A mobilização dos brasileiros na Itália para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul chega à reta final, num período marcado por grandes desafios logísticos e financeiros, já que foi promovida só por voluntários. "É tudo Deus e nós", resumiu um dos idealizadores em Roma, o chef gaúcho Flavio Boriolo. O apelo agora é por apoio financeiro para pagar o envio das cerca de 50 toneladas de roupas de inverno que partem dia 18 de junho do porto italiano de Livorno.
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Andressa Collet - Vatican News

“A gente decidiu no momento que a gente estava se sentindo um pouco inútil daqui, não estando lá e não podendo ajudar diretamente as pessoas que foram afetadas. E a gente ficava olhando as notícias e só chorava: olhava as notícias e chorava.”

O sentimento de Luiz Henrique Correa da Silva, gaúcho de Cruz Alta, é o de muitos brasileiros que residem no exterior. Há mais de 10 anos morando na Itália, atualmente em Roma, ele se viu tocado por Deus para, junto com Flavio Augusto Acunha Boriolo, natural de Uruguaiana, começar a ajudar mais ativamente as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O casal atua no setor da gastronomia já que são chefs e hoje autônomos para se dedicar integralmente à uma campanha de arrecadação de doações, intitulada "SOS RS - Italia", inspirada naquela que foi realizada por brasileiros em Portugal, exclusivamente feita por voluntários, disse Luiz:

"Olhando Portugal, como foi feita a ação toda lá, a gente pensou: é a única maneira que a gente tem, por mais pouco que seja, de conseguir ajudar de uma forma mais direta. A gente nem pensou se ia dar certo ou se não ia dar certo. A gente simplesmente escutou o chamado de Deus, porque foi exatamente isso: a gente não tem como explicar tudo que a gente conseguiu fazer até hoje. Eu acredito, como diz a Palavra, aquilo que a gente não consegue explicar é porque é um propósito de Deus."

"É tudo Deus e nós", reafirmou Flavio várias vezes na entrevista. Dois gaúchos idealizadores, que viveram grande parte da vida na região de Novo Hamburgo, e foram inspirados pela ação de Portugal que seguiu o mesmo propósito de ajudar o próximo:

"É a primeira vez que a gente está fazendo um trabalho desse gênero, de poder ajudar o próximo, arrecadando doações e através de uma ação humanitária internacional. A gente não tinha ideia nenhuma de como fazer e, no terceiro dia, a gente com contato espiritual com Deus. Em todas as dúvidas, Deus estava guiando a gente; colocando Ele na frente de tudo e sempre nos falando para não ter medo e ter fé que Ele que está guiando. Isso aqui é um propósito de Deus porque o amor ao próximo é o segundo maior mandamento."

As doações para aquecer o inverno gaúcho

A base da campanha partiu de Roma, mas, durante a divulgação do movimento, brasileiros e italianos de diferentes partes da Itália, em 35 pontos de coleta, se engajaram e contribuiram sobretudo com roupas para o frio para adultos e crianças, já que o inverno está prestes a começar no Rio Grande do Sul. E as doações provenientes da Europa, recordou Luiz, farão a diferença: 

"As doações que chegam de dentro do Brasil para o Rio Grande do Sul não superam as necessidades do povo gaúcho, pois o clima é totalmente diferente, não condiz com o restante do Brasil. E indo da Europa para o Brasil, as roupas são mais pesadas, as jaquetas são mais apropriadas para aquele frio."

A italiana Silvana Saibene, que mora em Cerveteri, a cerca de 50 Km de Roma, já foi casada com um gaúcho e assim que soube da campanha idealizada pelo Flavio e o Luiz, já ofereceu ajuda:

"Eu adoro o Brasil. Meu coração está meio aqui, meio lá. Então eu sigo tudo o que fala do Brasil. Eu vi no instagram que o Flavio estava procurando roupa invernal. Eu liguei para ele e entreguei as coisas. E depois eu vi que precisava de pessoal para a triagem e vim aqui. Quando a gente faz voluntariado, geralmente a gente recebe muito mais do que a gente dá."

Poucos, mas ativos, foram os voluntários engajados na triagem das "montanhas" de doações, afirmou Flavio
Poucos, mas ativos, foram os voluntários engajados na triagem das "montanhas" de doações, afirmou Flavio

A campanha começou em 13 de maio e vai terminar em 13 de junho. Esta semana, então, é crucial porque, após o período de triagem, com poucos mas muito ativos voluntários, as caixas com as doações estão sendo catalogadas, isto é, sendo pesadas, medidas e numeradas - para que, na próxima sexta-feira (14/06), elas possam ser carregadas em dois contêiners para desde Roma partir até o porto da cidade de Livorno, na Itália. A carga de cerca de 50 toneladas vai partir em via marítima para o Brasil na próxima terça-feira (18/06) em direção ao porto mais perto do Rio Grande do Sul, como explicou Flavio, ou seja, o de Itapoá, em Santa Catarina. A previsão de chegada em território brasileiro é em 13 de julho para depois seguir de caminhão até o RS.

Em solo gaúcho, segundo um comunicado oficial da campanha, as doações chegarão diretamente no Centro de Arrecadação localizado em Novo Hamburgo. Dali serão distribuídas para cinco instituições, que são: Grupo Aconchego SOS Enchentes, de São Leopoldo; Liga de Combate ao Câncer, de Bom Retiro; Rotary Club, de Estância Velha; e, em Porto Alegre, para a Instituição de Educação Infantil Pingo de Mel e Educandário São João Batista.

Apelo por recursos para pagar envio das doações

A tragédia climática no Rio Grande do Sul já completou mais de um mês. Segundo o último boletim da Defesa Civil divulgado no domingo (09/06), 173 pessoas morreram, 806 os feridos, 38 desaparecidos, 18.854 pessoas ainda estão sendo acolhidas em abrigos, 423.486 são os desalojados, com mais de 2 milhões de afetados em 478 dos 497 municípios gaúchos. Territorialmente, a destruição atinge o equivalente a mais da metade de um país como a Itália, que possui 301,2 mil quilômetros quadrados, enquanto o Rio Grande do Sul tem uma extensão territorial de 281,7 mil quilômetros quadrados.

E é na própria Itália que a campanha solidária SOS RS - Italia está terminando, após enfrentar os mais diferentes desafios, por se tratar unicamente de voluntariado, sem apoio financeiro do governo ou de instituições, comentou Flavio:

"As arrecadações superaram as nossas expectativas, porque a gente já estava com a ideia de um contêiner e acabamos fechando dois. Os nossos custos duplicaram e agora está correndo para poder cobrir esses custos do segundo contêiner."

Cerca de 50 toneladas vão partir de Roma em dois contêiners até o porto de Livorno
Cerca de 50 toneladas vão partir de Roma em dois contêiners até o porto de Livorno

Flavio e Luiz, assim, fazem um grande apelo a pessoas físicas ou à iniciativa privada de qualquer parte do mundo para ajudar a viabilizar o envio das doações ao Rio Grande do Sul, contribuindo com ajuda financeira para pagar os contêiners e a logística da viagem desde Roma e Livorno na Itália até Itapoá e Novo Hamburgo no Brasil. Os dados para a vaquinha e também para uma rifa solidária, sempre com o intuito de arrecadar recursos, estão disponíveis na conta da campanha no Instagram: @sos_rs_italia. Uma fase final que também já está garantida, disse Flavio:

"Com isso o que está acontecendo no Rio Grande do Sul, eu acho que Deus está mostrando que a gente tem que ter uma união, tem que ter amor e tem que ter fé em Deus, acima de tudo. Ele está mostrando isso para todo mundo. A gente fala que é a separação do joio e do trigo, para as pessoas que têm a bondade dentro do coração que consegue ajudar, tem que ter a bondade, tem que ter a fé dentro de si mesmo porque se tu não tem, não adianta bater, bater e bater, que a pessoa não consegue. Tu tem que sentir Deus. É o Espírito Santo que está agindo com tudo isso aqui, porque não é uma ação nossa, do Flávio ou do Luiz e de ninguém."

“É a ação de Deus para ajudar o próximo. Deus está em primeiro lugar.”

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11 junho 2024, 08:00