Estudantes refletem sobre a liderança e as relações internacionais de Amílcar Cabral
Thulio Fonseca - Ilha do Sal, Cabo Verde
Cerca de 15 adolescentes e jovens do Colégio Letrinhas, de Espargos, marcaram presença no segundo dia do colóquio "Centenário de Amílcar Cabral". O evento, realizado no Hotel Belorizonte, em Cabo Verde, é também um momento de aprendizado e reflexão para os estudantes, que acompanharam atentamente as discussões sobre a vida e o legado de um dos maiores líderes de libertação da África.
O colóquio, na tarde de terça-feira, 11 de junho, contou com duas mesas redondas moderadas por mulheres brasileiras: Marinei Almeida, professora e doutora da Universidade do Estado de Mato Grosso na área de Letras, e Rosangela Sarteschi, professora e doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.
A Liderança de Amílcar Cabral
A primeira mesa redonda abordou o tema "Cabral: a Liderança". Entre os conferencistas, destacaram-se Luca Fazzini, com a palestra "Amílcar Cabral, luta e multidão: rotas de um intelectual Atlântico", Domingos Simões Pereira, autor do livro "As Flores de Quitafine", e Manuel Varela Neves, que discutiu a "Atualidade histórica da liderança de A. Cabral". Luca Fazzini enfatizou que "celebrar Cabral é celebrar a memória de todos na construção de um mundo melhor" e questionou como os escritos de Cabral podem iluminar o presente. Manuel Varela Neves ressaltou a coragem de Cabral como modelo de liderança nos dias atuais, destacando que "qualquer pensador, para permanecer na história, precisa marcar uma era".
Cabral e as relações internacionais
Na segunda mesa, o foco foi "Cabral: relações internacionais". Os temas refletidos incluíram "Cabral e a diplomacia da Luta de Libertação Nacional", apresentado por Luís Fonseca, "Cabral e a Índia", discutido por Pierre Franklin Tavares, e "A audiência do Papa Paulo VI a Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos", pelo representante da Rádio Vaticano / Vatican News. Thulio Fonseca explicou que o encontro de 1º de julho de 1970 entre Paulo VI e os líderes da libertação, incluindo Cabral, representou um marco histórico tanto para a Igreja Católica quanto para os movimentos de libertação na África:
"O encontro entre Paulo VI e Amílcar Cabral em 1970 foi um evento significativo que destacou a importância do diálogo e da solidariedade internacional, reforçou a postura acolhedora do papado de Paulo VI e deu um impulso moral à causa da independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, simbolizando um momento de convergência entre diferentes lutas por justiça e liberdade no cenário global".
Impacto na vida dos estudantes de Cabo Verde
O evento foi uma oportunidade ímpar para os jovens do Colégio Letrinhas, que puderam conhecer mais profundamente a história e o impacto de Amílcar Cabral, um líder cuja luta e visão continuam a inspirar gerações. O professor Pedro Ferreira, que acompanhou os estudantes, destacou a importância desse momento:
"A nossa escola é uma escola que, durante o ano, desde que foi lançado o Centenário de Amílcar Cabral, tem elaborado projetos que vão ao encontro daquilo que são os temas relacionados com Amílcar Cabral. Então, para nós, é uma satisfação enorme trazer as crianças para ouvir, sentir de perto pessoas que conviveram com Cabral, as ideias, os valores que ele nos deixou. Eu acho que o legado importante que fica para essa juventude é sentir a parte de liderança. Uma juventude com liderança tem muito a dar para o nosso país, principalmente aqui, quando falamos de Cabral, falamos de Cabo Verde e Guiné, mas estou a falar especificamente de Cabral. Nós precisamos de jovens capazes de ter a liderança que Cabral teve para melhorar ainda mais esse país."
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