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Protestos antigovernamentais contra a imposição de aumentos de impostos pelo governo em Nairobi. Protestos antigovernamentais contra a imposição de aumentos de impostos pelo governo em Nairobi.  (PHOTOJOURNALIST)

Bispos católicos ao lado dos jovens do Quênia

Os protestos contra o governo do presidente Rutto não diminuíram no Quênia, apesar da retirada na última semana do controverso projeto de lei de aumento de impostos, fortemente criticado. Antes de uma nova jornada de mobilização, os representantes das Igrejas cristãs apelaram às autoridades para revogar o projeto e condenar as violências. Os bispos católicos mostraram claramente o seu apoio aos jovens manifestantes.

Vatican News

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A revolta contra o governo queniano continua inabalável. Novas manifestações ocorreram nesta terça-feira, 2, em todo o país. Em Nairóbi, a capital, foram registradas brigas, saques e prisões.

Na origem deste movimento, o projeto de orçamento para 2024-2025, ou Lei das Finanças de 2024, que contém disposições vistas como encargos adicionais aos cidadãos comuns e às empresas, saturando uma população já sobrecarregada e com uma raiva latente frente ao elevado custo de vida.

Na semana passada, enquanto o texto era aprovado pelos deputados, manifestantes invadiram o prédio do Parlamento e da Prefeitura. Durante esta manifestação, quase quarenta pessoas - segundo estimativas de ONGs, como a Anistia Internacional -, foram mortas pela polícia.

Na noite de domingo, o presidente Rutto - que havia retirado o projeto de orçamento, embora segundo ele fosse necessário organizar as contas do país -, afirmou que “não tinha sangue nas mãos”.

As Igrejas, bem como o Conselho Nacional de Igrejas - que reúne denominações protestantes - haviam compreendido as razões desta ira popular, recomendando a organização de uma conferência nacional sobre as finanças do país. Mas a revolta popular foi particularmente compreendida pela Conferência dos Bispos Católicos (KCCB), que já se tinha manifestado contra o projeto de orçamento, e que no sábado, em um comunicado,  havia condenado os “atos brutais e desumanos da polícia, que não podem ser justificados”, segundo ela.

Bispos saúdam o sentido de responsabilidade dos jovens

A KCCB diz partilhar o “grito” destes jovens desempregados, que precisam de bolsas de estudos, e que enfrentam “um futuro sombrio”. Ela reconhece a preocupação destes manifestantes pela “vida dos outros, pela justiça social”. Os bispos católicos consideram, portanto, que as suas “aspirações são válidas”, e prometem também redobrar os seus esforços “para promover a paz, o amor, a unidade e a justiça para todos os quenianos”.

Aqueles que se opuseram ao projeto de orçamento desde o início e que foram incriminados, se por um lado acolhem com satisfação a sua retirada, por outro reconhecem a necessidade de se trabalhar arduamente para melhorar a economia do país. Os bispos, no entanto, insistem: colocam-se decididamente ao lado destes jovens, uma verdadeira “esperança” para todos, como afirmam.

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03 julho 2024, 12:31