Crianças em risco na República Centro-Africana
Declaração do representante do UNICEF na República Centro-Africana, Meritxell Relaño Arana, durante a coletiva de imprensa nesta terça-feira, 2, no Palácio das Nações, em Genebra.
“Hoje, os três milhões de meninos e meninas na República Centro-Africana enfrentam o nível mais elevado registado de crises e privações sobrepostas e interligadas no mundo.
A República Centro-Africana (RCA) detém agora a trágica distinção de estar em primeiro lugar entre os 191 países com maior risco de crises e catástrofes humanitárias. Esta situação terrível realça os desafios sérios e urgentes que os seus cidadãos mais jovens enfrentam.
Dez anos de conflito prolongado e de instabilidade na República Centro-Africana colocaram em risco cada criança das três milhões que existem no país.
Há uma série de dados desanimadores sobre a vida das crianças na República Centro-Africana; vou citar apenas quatro [...]:
- 1 em cada 2 crianças não tem acesso a serviços de saúde.
- Cerca de apenas um terço (37%) das crianças frequenta a escola regularmente.
- Quase duas em cada três mulheres jovens (61%) casaram-se antes dos 18 anos.
- Quase 40% das crianças do país sofrem de desnutrição crônica.
A fragilidade das instituições e a constante ameaça de violência agravam os múltiplos riscos para os direitos das crianças. O fato da crise na República Centro-Africana ter se arrastado durante tantos anos – e de, infelizmente, tantas outras crises globais continuarem a desenrolar-se em paralelo – significa que as crianças da República Centro-Africana se tornaram dolorosamente invisíveis. Mas a sua dor e perda são profundamente evidentes.
No entanto, há esperança. Este é um momento crítico, na verdade, é o momento em que a comunidade internacional deve mobilizar-se para uma mudança de direção para as crianças da República Centro-Africana.
O novo Plano de Desenvolvimento Nacional do governo, juntamente com outros compromissos importantes para melhorar os direitos das crianças, significa que o UNICEF e os seus parceiros têm um mecanismo viável para impulsionar uma mudança de rumo: traçar um novo futuro para as crianças e para o país.
Neste raro momento de oportunidade, o maior risco é que os representantes em quem estas crianças confiam – doadores internacionais, meios de comunicação globais e um público informado – possam virar as costas e desviar o olhar face a crises globais simultâneas.
Na minha linguagem mais clara e contundente: isto significará que muitas crianças morrerão injustamente; muitos outros verão o seu futuro destruído. Uma criança é uma criança e, como tal, é imperativo que a comunidade internacional não esqueça as crianças da República Centro-Africana."
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