Estratégia internacional da Coreia do Sul aponta para Ásia Central
Vatican News
Depois da reunião de cúpula com os países africanos no dia 5 de junho, na qual foram anunciados investimentos no continente de 24 mil milhões de dólares, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, percorreu a Ásia Central entre os dias 10 e 15 de Junho, reunindo-se com os Chefes de Estado do Turquemenistão, Cazaquistão e Uzbequistão. Paralelamente às visitas de Yoon, foram organizadas encontros de ordem econômica entre empresas coreanas e locais que levaram à assinatura de vários memorandos.
No caso da reunião de cúpula com países africanos, por exemplo, o objetivo era assinar acordos comerciais para ter acesso a matérias-primas na região, cruciais para a indústria de semicondutores de Seul. O que a Coreia do Sul também pode oferecer aos países daquela região é a sua capacidade tecnológica e, como no caso africano, uma série de investimentos em outros setores estratégicos para as economias locais.
Mas a tecnologia e as matérias-primas não são os únicos aspectos em que a Coreia do Sul se concentra: cuidados na área da saúde, educação e intercâmbios estão presentes na agenda diplomática e são acompanhados por ligações entre empresas locais e coreanas. Tomados em conjunto, esses elementos fazem parte da chamada “Cooperação K-Rota da Seda”, um plano de ação da Coreia com todos os cinco países da Ásia Central. O próximo passo no desenvolvimento da iniciativa será organizar uma reunião de cúpula em 2025 com o formato “5+1”, utilizado por outros países e organizações que interagem com a região como um todo, conforme declarado pelo presidente Yoon.
Para a Coreia do Sul, essa é uma abordagem renovada para a Ásia Central: de fato, há uma década que existem diferentes planos para as relações com a região. A primeira reunião com o formato “5+1” foi organizada em 2007, mas apenas em nível vice-ministerial, e depois tornou-se uma reunião de cúpula de ministros dos Negócios Estrangeiros em 2012. No ano seguinte, a então presidente coreana Park Geun-hye lançou a “ Nova Política do Norte” (NNP) que visava reduzir a dependência da Coreia das rotas logísticas marítimas e tentar integrá-la ao comércio do continente euroasiático através das notas de economia, energia e transporte - nas intenções, o NNP deveria ser combinado com a Nova Política do Sul (NSP) que deveria atuar no contexto Indo-Pacífico – essa região continua a ser de grande interesse para Seul, como evidenciado pela reunião de cúpula com os países do Pacífico realizada no ano passado.
O sucessor do presidente Park, Moon Jae-in, desenvolveria então o PNN a partir de 2017. Foi sob a sua presidência que o Fórum de Cooperação Coreia-Ásia Central foi criado em 2017 e, o ano de 2020, foi declarado o ano da "Cooperação Econômica do Norte", que incluiu a cooperação com a Ásia Central. Naqueles anos, o Fórum, que funcionou como plataforma diplomática, identificou seis objetivos de médio e longo prazo: alguns foram os temas abordados nas reuniões de Yoon no mês passado, aos quais se devem acrescentar também as alterações climáticas, a educação e a medicina. Em 2023, os contatos políticos foram reforçados com a criação de um fórum interparlamentar entre os seis países.
Uma mudança importante em comparação com o passado é a componente geopolítico da ação coreana na região. Nos últimos anos, todas as ações estiveram também ligadas à retomada dos contatos com a Coreia do Norte. Não se deve esquecer que o presidente sul-coreano Moon se encontrou com Kim Jong-un em 2018, e depois foram feitas algumas das escolhas também na Ásia Central para envolver a Rússia nesse processo. Em particular, dois projetos foram relevantes: a ferrovia Transcoreana, que deveria partir da Coreia do Sul, atravessar a Coreia do Norte e chegar ao centro do continente, e a Iniciativa da Grande Tumen (Gti), um mecanismo de cooperação regional que incluía a Coreia do Sul, China, Rússia e Mongólia.
Com as grandes mudanças geopolíticas atualmente em curso, alguns destes caminhos não podem ser seguidos e a questão agora é se a Coreia do Sul tentará seguir uma estratégia regional separada dos seus aliados, particularmente os Estados Unidos, ou alinhar-se com eles.
(CG) (Agência Fides)
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