Família na preparação dos filhos para vida
Camila Peçanha dos Santos Leite - Psicóloga
Os desafios para criar e educar uma criança são muitos e a preocupação com o futuro é constante, pois precisamos pensar em como corrigir e ao mesmo tempo dar a eles a chance de se desenvolverem como pessoa que vai precisar lidar com seus erros e acertos, passando por frustrações e decepções, que são inevitáveis na caminhada pela vida.
A verdade é que existem muitas teorias de aprendizagem que buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender e que tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. Infinitas verdades, estudos significativos, mas nenhuma fórmula mágica.
Ao meu ver existem encontros e neles várias possibilidades e, vivenciando esse processo único e especial, vem em mente algo simples e profundo, um provérbio africano que diz: "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança."
Essa é a realidade, precisa-se de toda uma sociedade organizada para se educar uma criança. A complexidade do ser humano exige experiências que apenas pai e mãe não conseguem proporcionar.
Com o individualismo, a emergência de tudo no nosso tempo, fica difícil pensar esse ser em formação como uma responsabilidade da sociedade como um todo, já que nosso tempo muito tomado pelas tecnologias e pelas urgências de nossos próprios problemas, não olhamos mais para as crianças com o mesmo cuidado e apego como nos anos que nos antecederam.
Lembro bem dos anos da minha infância no interior, podendo brincar na rua, tendo liberdade para participar das gincanas (corríamos pelo distrito pra realizar as tarefas propostas), festas e sabendo que qualquer evento comunitário estaria cercada de pessoas que me conheciam e conheciam meus pais, (claro que não via com a clareza e maturidade que tenho hoje), mas havia esse sentimento de segurança e pertencimento. Hoje não vejo essa possibilidade para meu filho (até pelo meu medo por ver como o "mundo mudou" nesse sentido); já não conheço todas as pessoas no meu pequeno distrito e não me sinto mais segura andando por ele, pelo menos não como era na minha infância.
Na família nunca estamos preparados para as mudanças que surgem com a chegada dos filhos, mas aos poucos vamos aprendendo juntos a lidar com as mudanças que chegam com o novo membro.
Para mim a mudança mais difícil é ir dando liberdade.
Ensinamos o que acreditamos, mostramos o que é certo e errado para nós, mas nossos filhos precisam lidar com muitas experiências sozinhos: escola, curso, catequese... Vai precisar lidar com pessoas além do nosso núcleo familiar e nem sempre esse convívio será fácil.
Cada pessoa aprende de um jeito e vai lidar com as situações a partir do seu próprio ponto de vista e, por mais que a gente ensine, cada ser é único. Isso é assustador e ao mesmo tempo encantador quando se trata dos filhos.
Eles nos surpreendem, nos encantam e nos entristecem também e isso faz parte do processo: entender que criamos um ser único e sua singularidade nem sempre vai nos agradar.
O mais importante é termos a certeza que estamos tentando ser o melhor exemplo que podemos ser, fazendo sempre o nosso melhor e isso é sempre um bom consolo nas horas difíceis.
Preparar para a vida não é fácil, não há receitas prontas, nem algo infalível a ser usado, mas nossos exemplos de carinho, caridade e nosso afeto vão fazer toda diferença nas horas difíceis.
Eu acredito que saber com quem contar nos dá segurança. Sentir que nossa "aldeia" mesmo que pequenina (nossa família, nossa casa), sempre será um lugar para onde podemos voltar e estar seguros e isso nos dá confiança para podermos buscar nossos sonhos e, que nesse caminhar, podemos errar e aprender... e ficará tudo bem.
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