Mianmar precisa da sociedade civil para a ajuda humanitária
Marie Duhamel e Stefano Leszczynski - Vatican News
As Nações Unidas, as organizações regionais e os países do mundo inteiro iniciaram ações para mobilizar a ajuda humanitária para o povo birmanês afetado pelo terremoto da última sexta-feira (28/03). Nesse sentido, os ministros das Relações Exteriores dos países da Asean, a Associação dos Países do Sudeste Asiático, anunciaram o início de uma estreita cooperação para prestar assistência a Mianmar e enviar ajuda de emergência. A verba planejada pela Coreia do Sul é de 2 milhões de euros, enquanto Pequim anunciou que destinou quase 14 milhões de dólares para a emergência.
Junta militar rompe o isolamento
Pela primeira vez, a junta militar, que assumiu o controle do país por meio de um golpe de Estado em 2021, derrubando o governo de Aung San Suu Kyi, fez um apelo à comunidade internacional para que enviasse equipes de ajuda e socorro. Muitos observadores internacionais ficaram surpresos com o imediatismo e a intensidade dos apelos feitos pessoalmente pelo líder da junta, Min Aung Hlaing.
O país de joelhos
Johanna Chardonnieras, coordenadora da ONG Info Birmanie, uma organização dedicada à promoção da paz e à proteção dos direitos humanos em Mianmar, descreveu a situação no local para a mídia do Vaticano: "o pedido de ajuda da junta militar surpreendeu um pouco a todos, mas isso também nos dá a noção do nível de devastação que atingiu o país e que ainda não é possível quantificar em sua totalidade". Toda a infraestrutura estratégica do país asiático foi danificada: comunicações, estradas arteriais, pontes, aeroportos. O fornecimento de eletricidade é intermitente e há uma grande preocupação com os possíveis danos às inúmeras barragens dos reservatórios hidrelétricos.
Em constante emergência
Mianmar - observa Johanna Chardonnieras - é um país que já estava em uma emergência humanitária antes do terremoto, com uma população faminta em grandes áreas. "Diante de uma catástrofe dessa magnitude, é importante não recorrer apenas à junta para a gestão da ajuda humanitária, até porque apenas 40% do território birmanês está sob seu controle direto".
Refugiados e pessoas deslocadas em ascensão
“O país está claramente em guerra”, explica Chardonnieras, "e o risco é que o fenômeno do deslocamento em massa agora também tende a piorar. Infelizmente, muitas pessoas perderam tudo além de suas casas, principalmente na área de Mandalay. Encontrar novas moradias em um país em guerra e devastado por uma grave crise econômica com inflação fora de controle torna-se muito difícil".
O papel da sociedade civil
A sociedade civil birmanesa, apesar de tudo, ainda é um ponto forte em Mianmar e já se mobilizou para iniciar a arrecadação de fundos e receber os produtos. É uma sociedade muito organizada nesse ponto de vista“, observa a coordenadora da Info Birmanie. ”Há uma densa rede de autoajuda que atua em vários setores, como também foi visto durante o período da pandemia. Essas são organizações informais que estão presentes e bem estabelecidas, mas certamente prontas para oferecer ajuda valiosa. É claro que será preciso dar a elas os meios para agir".
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