Viagem à Ásia aproxima Vaticano e China, avalia Pe. Spadaro
Cidade do Vaticano
“A viagem do Papa Francisco a Mianmar e Bangladesh é a primeira no âmbito do papel que a China quer desempenhar – e já está desempenhando – no contexto internacional”. A avaliação é do Diretor da Civiltà Cattolica, Pe. Antonio Spadaro, ao comentar no site CyberTeologia a recente viagem do Pontífice ao sudeste asiático, sublinhando a importância dela no quadro da política de aproximação à China e do trabalho para alcançar uma maior abertura nas relações.
As palavras do Papa na coletiva aos jornalistas
“Um dado, de fato, que o próprio Papa resumiu na coletiva de imprensa no retorno a Roma, com estas precisas palavras: ‘Pequim tem uma grande influência na região, porque é natural: não sei quantos quilômetros Mianmar tem de fronteira ali; também nas Missas havia chineses que vieram... Acredito que estes países que circundam a China, também o Laos, o Camboja, têm necessidade de boas relações, são vizinhos. E acho isto sábio, politicamente construtivo caso se possa avançar. Porém, é verdade que a China hoje é uma potência mundial: se olharmos para ela sob esta ótica, pode mudar o panorama’”.
A revista dos jesuítas tem dedicado amplos aprofundamentos sobre as relações China-Vaticano. Neste contexto, para Pe. Spadaro, o fato de que nesta viagem o Papa tenha viajado a países vizinhos da China, “não está ligado somente ao fato de que Mianmar faz fronteira com este grande país ao longo de 2.200 km. Como o Papa observou, havia um grupo de fiéis chineses com a bandeira da República Popular que o aguardava na Catedral de Yangun, após o encontro com os bispos”.
Na imprensa
E não só: “em 27 de novembro o Global Times – um tabloide produzido pelo jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o Cotidiano do Povo – publicou online na seção “Diplomacia” uma foto de Francisco que abraça uma jovem vestida em hábitos tradicionais, com o título ‘Caloroso abraço’ (Warm hug)”.
O mesmo jornal, “em 29 de novembro dedicou pela primeira vez um artigo a uma viagem papal – com uma grande foto – fazendo uma avaliação positiva daquilo que Francisco disse e fez em Mianmar. O título na edição impressa era: Respect each ethnic group: Pope”. Mas a viagem de Francisco “foi precedida em 25 de novembro por um artigo publicado no China Daily – o mais difuso cotidiano chinês em língua inglesa, com sede em Pequim – inteiramente dedicado aos jesuítas, que têm “deixado um sinal indelével na Nação”. O título do artigo é claro: “Men on a mission” (homens em missão)”.
O Diretor da Civiltà Cattolica cita depois “dois dados ulteriores: a Conselheira de Estado e Ministra dos Assuntos Externos de Mianmar, a Sra. Aung San Suu Kyi, depois de ter recebido o Papa Francisco, voou a Pequim”. Ademais “o próprio Papa revelou na coletiva de imprensa no voo, que precisamente nestes dias seria realizada em Pequim uma reunião da Comissão mista que estuda as relações entre China e Santa Sé”.
“E não escondeu – conclui Spadaro – os seus desejos em relação a uma eventual visita à China: “Gostaria, não é um segredo. As tratativas com a China são de alto nível cultural”. Mas acrescentou, sobretudo, que para a Igreja chinesa, com aquela história da Igreja Patriótica e da Igreja clandestina, se deve caminhar passo por passo, com delicadeza, como se está fazendo. Lentamente”.
E concluiu: “Uma viagem à China. Gostaria de fazê-la...”.
(Ansa)
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