Restaurado ícone da Salus Populi Romani
Cidade do Vaticano
No próximo domingo, 28 de janeiro, às 9 horas, o Papa Francisco presidirá a celebração eucarística na Basílica Papal de Santa Maria Maior, na Festa da Trasladação do ícone Salus Populi Romani, que retrata Maria tendo nos braços o Menino Jesus abençoando. (A celebração não será transmitida com comentários em português).
Tal solenidade - que recorre a cada ano no último domingo de janeiro - é um agradecimento pela plurissecular presença da imagem sagrada na Basílica Liberiana.
A Salus Populi Romani é um dos mais famosos e venerados ícones marianos, e como bem expresso pelo seu nome, é particularmente venerada pelos romanos, que com confiança invocam a sua proteção em meio às tribulações da vida cotidiana.
O próprio Papa Francisco tem por ela uma devoção especial. Recordemos que logo após a sua eleição à cátedra de Pedro e antes e após cada Viagem Apostólica internacional, o Santo Padre dirige-se à Basílica para um momento de oração, quando coloca flores no altar.
Restauração do ícone
A celebração litúrgica coincidirá com a exposição do ícone, renovado depois de um delicado e complexo trabalho de restauração nos "Laboratórios de Restauração dos Museus Vaticano", sob a coordenação da diretora dos Museus Dra. Barbara Jatta e supervisão de uma Comissão presidida pelo Arcipreste da Basílica Liberiana, o cardeal Stanislaw Rylko.
As sofisticadas tecnologias das pesquisas empregadas antes do início dos trabalhos e a extraordinária perícia dos restauradores vaticanos, permitiram resgatar a beleza original e a realidade histórica da obra, ofuscada ao longo dos séculos por uma sobreposição de camadas de tintas e pela própria ação do tempo.
A história
A Festa da Trasladação recorda a cerimônia que em 1613, por desejo de Paulo V, recebeu o ícone na Capela Borghese ou Paulina, da Basílica Santa Maria Maior.
No início, o ícone encontrava-se sobre a porta do Batistério da Basílica. Em 1.240 foi a ele atribuído o título de Regina Coeli.
Mais tarde, foi levado à nave central e a partir do século XII foi conservado em um tabernáculo de mármore. Por fim, foi colocado acima do altar da Capela Paulina, construída justamente para custodiá-lo.
O ícone teria sido trazido a Roma por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino. O Papa Libério mandou ali construir um local culto, respondendo a uma indicação da Virgem Maria em um sonho.
Sobre esta igreja, por desejo de Sisto III, foi construída a Basílica mariana.
O nome Salus Populi Romani deriva da tradição de levá-la em procissão pelas ruas de Roma para esconjurar perigos e desgraças, ou para por fim a eles, como no caso de pestes.
Gregório Magno e o grande prodígio
Mas foi sob o pontificado de Gregório Magno que ocorreu um grande prodígio. Em 590 Roma era atingida pela peste. O então Pontífice fez levar em procissão o ícone e a epidemia parou.
O mesmo ocorreu no século XVI, quando a imagem foi transportada até São Pedro por desejo de São Pio V.
A devoção dos Papas pela Salus Populi Romani também é expressa por um gesto simbólico, o da coroação da representação da Virgem. Foi Clemente III (1.592-1605) o primeiro Pontífice a dar início a esta tradição.
A seguir, o ícone torna-se cada vez mais amado e venerado. Os primeiros jesuítas missionários partiram levando consigo uma reprodução desta imagem.
Evangelista Lucas
Segundo a tradição, a imagem teria sido pintada pelo Evangelista Lucas. O Evangelista a teria copiado de uma imagem acheropita (ou seja, não pintada por mãos humanas) que estava em Lidda, na Palestina.
Quando Pedro e João converteram uma grande multidão em Lidda, construíram uma igreja consagrada a Mãe de Deus. Mais tarde, os Apóstolos encontraram em uma das colunas uma imagem da Mãe de Deus, milagrosamente feita "sem mãos humanas".
Mais tarde, a Virgem visitou esta Igreja, abençoou a imagem e conferiu a ela a graça de realizar milagres. No século IV a imagem foi ameaçada por Juliano o Apóstata, que ordenou que fosse removida. Mas ela resistiu aos golpes de martelo. Este fato milagroso atraiu multidões de peregrinos de todo o Oriente.
Descoberta de Santa Helena
Outra tradição reza que após a crucifixão, quando Maria se transferiu para a casa de São João, levou consigo seus pertences, entre os quais havia uma mesa feita pelo próprio Jesus na marcenaria de São José.
Esta mesa passou pela propriedade de algumas piedosas virgens de Jerusalém, que convenceram São Lucas a pintar sobre ela uma imagem da Mãe de Deus.
E seria justamente este ícone que ficou em Jerusalém, até a descoberta por Santa Helena, no século VI.
O ícone, juntamente com outros objetos sacros, foi levado até Constantinopla onde Constantino, filho de Helena, ordenou construir uma igreja em sua honra.
Quando em 730 o Imperador Leão Isaurico ordenou a destruição do ícone, o Patriarca São Germano, fervoroso defensor das imagens sagradas, foi destituído de seu cargo e exilado.
Antes de embarcar, escreveu uma carta ao Papa Gregório III, a fixou no ícone e lançou-o às ondas do mar. O ícone chegou a Roma em um único dia.
O Papa Gregório, advertido em um sonho, o recebeu acompanhado por sacerdotes, às margens do Rio Tibre.
Ao concluir uma oração, o ícone elevou-se das águas e foi parar em suas mãos. Então, foi levado em procissão até São Pedro e ali exposto para a veneração dos fiéis.
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