Papa a ucranianos: seus corações palpitam de angústia por causa da guerra
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco visitou, na tarde deste domingo (28/01), a Basílica ucraniana de Santa Sofia, localizada na Via Boccea, em Roma.
O templo foi construído por desejo do arcebispo-mor da Igreja ucraniana greco-católica, cardeal Josyph Slipyj (1892- 1984).
Ao chegar, o Pontífice saudou os fiéis que se encontravam fora da basílica e os convidou a fazer uma oração pela paz na Ucrânia, rezando juntos uma Ave-Maria. A seguir, o Papa entrou.
“Entrando neste local sagrado tive a alegria de olhar os seus rostos e ouvir os seus cantos. Se estamos aqui, reunidos em comunhão fraterna, devemos dar graças também por muitos rostos que agora não vemos mais, mas que foram um reflexo do olhar do amor de Deus sobre nós”, disse o Papa.
A esse propósito, Francisco recordou três figuras: a primeira o Cardinal Slipyj, do qual no ano passado foram celebrados cento e vinte e cinco anos de nascimento.
“Ele quis e edificou esta basílica luminosa para que o seu esplendor fosse um sinal profético de liberdade nos anos em que o acesso a muitos lugares de culto era impedido."
O Papa também recordou o Bispo Chmil, morto quarenta anos atrás e sepultado na basílica.
“Uma pessoa que me fez tanto bem. É indelével em mim a recordação de quando eu tinha 12 anos e participava de suas missas: ele me ensinou a servir na missa, a ler o alfabeto de sua língua e a responder às coisas.
Dele eu aprendi, no serviço à missa (três vezes na semana), a beleza de sua liturgia, de suas histórias, o testemunho vivo de quanto a fé tenha sido provada e forjada no meio das terríveis perseguições ateístas do século passado.
Sou muito grato a ele e aos seus vários “heróis da fé”: aqueles que, como Jesus, semearam no caminho da cruz, gerando uma messe fecunda, pois a verdadeira vitória cristã está sempre no sinal da cruz, nosso estandarte de esperança.”
Por fim, Francisco lembrou o Cardeal Husar. “Fomos criados cardeais no mesmo dia. Ele não era somente um ‘pai e chefe’ de sua Igreja, mas guia e irmão mais velho de muitos.
Segundo o Pontífice, “essas testemunhas do passado foram abertas ao futuro de Deus e por isso são esperança para o presente. Muitos dentre vocês tiveram talvez a graça de conhecê-los”.
Referindo-se às palavras proferidas pouco antes pelo arcebispo-mor de Kiev, Svjatoslav Ševčuk, o Papa lembrou as mães e as avós ucranianas que transmitiram e transmitem a fé, com coragem.
Elas fazem o bem aqui em Roma, na Itália, “cuidando de crianças, de idosos e transmitem a fé nas famílias às vezes mornas na vivência da fé. Vocês têm uma fé corajosa. As mulheres ucranianas são heroínas”, sublinhou o Pontífice.
“Junto com a comunidade greco-católica ucraniana de todo o mundo vocês expressaram bem o seu programa pastoral na frase: A paróquia viva é o lugar de encontro com o Cristo vivo”, disse Francisco, sublinhando duas palavras: encontro e vivo.
“A Igreja é encontro, é o lugar onde curar a solidão, onde vencer a tentação de se isolar e se fechar, onde se adquire a força para superar o curvar-se sobre si mesmo."
"Aqui, Deus os espera para tornar cada vez mais segura a sua esperança, porque quando se encontra o Senhor, tudo é atravessado por sua esperança.”
Sobre a segunda palavra, vivo, o Papa reiterou: “Jesus está vivo, ressuscitou e vive. Assim, o encontramos na Igreja, na Liturgia e na Palavra. Essa comunidade pode se perfumar de vida.
A paróquia não é um museu de recordações do passado ou um símbolo de presença no território, mas é o coração da missão da Igreja, onde se recebe e se partilha a vida nova, aquela vida que vence o pecado, a morte, a tristeza e mantém o coração jovem.
Se a fé nascer do encontro e falar para a vida, o tesouro que vocês receberam de seus pais será bem protegido. Saibam oferecer os bens inestimáveis de sua tradição também às jovens gerações que acolhem a fé sobretudo quando veem a Igreja próxima e viva”.
"Precisam ver que a Igreja é viva, que a Igreja dá vida e que Deus é Jesus Cristo no meio da Igreja. É Cristo vivo”, reiterou Francisco.
O Papa disse que as mulheres dessa comunidade ucraniana “são apóstolas de caridade e de fé, que levam às famílias italianas o anúncio de Deus da melhor maneira, cuidando das pessoas e com uma presença atenciosa e sem intrusão”.
“Convido vocês a considerarem o seu trabalho cansativo e muitas vezes insatisfatório, como uma missão: vocês são pontos de referência na vida de muitos idosos, são irmãs que os fazem sentir que não estão sozinhos.
Levem o conforto e a ternura de Deus a quem na vida, se prepara para o encontro com Ele. É um grande mistério de proximidade, agradável a Deus.”
Estou aqui para dizer-lhes que estou com vocês: com o coração, com a oração e quando celebro a Eucaristia. Suplico ao Príncipe da Paz para que calem as armas. Peço para que no coração de cada um não se apague a esperança, mas se renove a coragem de ir adiante, de recomeçar sempre.”
O Papa contou aos presentes que recebeu do arcebispo-mor ucraniano quando estava em Buenos Aires, um ícone de Nossa Senhora da Ternura trazida da Argentina a Roma, pois depois que se tornou Papa não mais voltou a seu país.
Francisco disse que à noite antes de dormir e de manhã quando se levanta saúda Nossa Senhora da Ternura. “Assim, começo e termino o dia em ucraniano”, concluiu o Papa, concedendo, junto com o arcebispo-mor ucraniano, a bênção aos fiéis.
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