Encontro com povos amazônicos: as reações
Cristiane Murray - Lima
“Provavelmente, os povos originários da Amazônia nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como agora”, afirmou o Papa Francisco, sexta-feira (19/01) no encontro com os povos nativos no Coliseu de Puerto Maldonado. Vatican News colheu a reação às palavras do Papa a dois bispos amazônicos: Dom Erwin Krautler, ex-presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que conduziu a Prelazia do Xingu, no Pará, por 34 anos, e Dom Roque Paloschi, atual Presidente do organismo e Arcebispo de Porto Velho, Rondônia.
Papa traz a resposta para a sobrevivência dos povos indígenas
Dom Erwin: “Ele realmente falou aquilo que brota do nosso coração: os povos indígenas têm uma mensagem ao dar ao mundo inteiro. Ele citou também o termo ‘bem-viver’, que é indígena e de certa maneira, o substrato da Encíclica Laudato si. O bem-viver significa harmonia entre os seres humanos com Deus, com o próximo, mas também com o meio ambiente”.
“O Papa citou Genesis 4,9… eu acrescentaria 4,10: ‘Ouça o teu irmão do solo clamar por mim’. Exatamente isto aconteceu, ao longo dos séculos, aos povos indígenas. O sangue dos povos indígenas clama a Deus, mas Deus dá a resposta através deste nosso querido Papa: a resposta de amor, de carinho, com nova iniciativa em favor da sobrevivência, não apenas cultural, mas física, destes povos”.
Um Sínodo por uma Igreja mais amazônica
Dom Roque: “O encontro do Santo Padre com os povos originários foi emocionante porque ele chegou nos caminhos da humildade justamente para ouvir, perceber, os sonhos e as esperanças e também os gritos de dor e sofrimento diante da humilhação e da depredação e seus territórios e diante do avanço da mineração, da destruição da floresta, da poluição dos rios”.
“O Papa reforçou que é decisivo este diálogo da Igreja com os povos indígenas; eles devem ser protagonistas da própria história. O Papa, ao convocar o Sínodo, pede justamente que esta Igreja seja com o rosto amazónico, com o rosto indígena".
“O Papa louvou e bendisse a Deus pelo testemunho que os povos indígenas têm dado em defesa de seus costumes, línguas e tradições e implorou para que a Igreja não meça esforços para estar ao lado destes povos; que continue sendo profética, defendendo a vida, sobretudo dos mais pequenos. A vida da criação e a vida dos pobres têm uma profunda ligação. O Papa também reiterou que a Igreja deve ser cada vez mais aberta e sensível ao apelo dos povos indígenas. Eles precisam ser reconhecidos e valorizados em suas tradições e costumes”.
A leiga Janete Ponce veio do Acre
“O momento em que o Papa passa pela gente e abençoa, transmite aquela mensagem… não há como se emocionar. Só quero dizer que saio daqui desejando muito que Jesus lhe conceda anos de vida com saúde porque nós precisamos ainda da presença, da companhia e das palavras do Papa Francisco”.
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