P. Maldonado, a Igreja comprometida com os mais pobres
Cristiane Murray – Puerto Maldonado
Milhares de visitantes virão a esta localidade no coração da selva peruana para ver o Papa Francisco no dia 19. Por isso, o bispo de Puerto Maldonado, Dom David Martínez de Aguirre Guinea, pediu às centenas de pessoas que participaram da missa às 6h30 da manhã deste domingo (14/01) que tenham paciência porque a cidade vai viver um momento inédito e histórico.
Colaboração com as autoridades na gestão da cidade nos próximos dias
Começaram também a ser distribuídos os passes para o encontro ao ar livre na esplanada do Instituto Jorge Basadre. Vai ser preciso acordar cedo para estar às 3h30 nos pontos de concentração estabelecidos pela Organização para os ingressos. Os bancos das primeiras filas, onde tomarão lugar idosos e portadores de deficiência, foram construídos por detentos do cárcere da cidade. Todos – como disse Dom David – vão participar, de alguma forma. Antes deste evento, o Papa terá um encontro, ali ao lado, com os povos indígenas no Coliseu Madre de Dios, um grande ginásio de esportes fechado, mas telões vão transmitir tudo para quem estiver fora.
Dom David é o bispo jovem deste Vicariato que embora criado em 1900, não possui meios para subsistência autônoma.
Distante 2 horas de voo de Lima, poucas ruas aqui são asfaltadas, chove muito nesta época do ano e as ruas ficam alagadas rapidamente. A pobreza é a constante, em todo lugar se vá. Aqui os ricos vieram, extraíram tudo com a mineração, trouxeram doenças e geraram prostituição, poluíram os rios e importaram lanchonetes aonde as refeições se acompanham de refrigerantes. Deixaram o povo ainda mais pobre . Os índios, aqueles que cuidavam da terra, ficaram urbanizados e contaminados. No Vicariato, a população indígena é de 29 mil índios de 22 povos e 171 comunidades nativas.
O comprometimento da Igreja
A presença da Igreja é importante. Missionários dominicanos criaram em 2003 o Centro Cultural Amazônico José Pio Aza para difundir a realidade social e cultural das etnias e promover o conhecimento e análise das realidades sociais amazônicas, a defesa das culturas, a promoção do desenvolvimento dos povos indígenas e a consciência solidária.
Mas os maiores esforços, com meios e pessoas, a Igreja dedica à educação dos povos indígenas. Em parceria com o Estado, tenta-se promover a educação intercultural e bilíngue, especialmente nas comunidades mais isoladas.
São muitos os desafios da Amazônia; o Papa Francisco os conhece. Ele escolheu Puerto Maldonado, no Peru, uma visita que simboliza a sua proximidade aos 34 milhões de homens e mulheres que aqui coexistem com o seu entorno e que asseguram a vida a grande parte do planeta. Salvar estas vidas, como toda a Criação de Deus, é a sua missão.
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