Papa ao Colégio Maronita: fraternidade e integração, desafios urgentes
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (16/002), na Sala do Consistório, no Vaticano, quarenta e cinco membros da comunidade do Pontifício Colégio Maronita em Roma, por ocasião do décimo aniversário de aprovação do novo estatuto dessa instituição.
O Pontífice recordou que este encontro foi também uma ocasião para recordar a história e aprofundar as raízes da Igreja maronita e sublinhou que o tempo que os estudantes transcorrem, em Roma, “é um tempo para fortalecer as raízes”.
“Penso nas raízes presentes no nome dessa Igreja, que nos leva a São Marun e, com ele, ao monaquismo, e à forma de vida que não se contenta com uma fé moderada e discreta, mas sente a necessidade de ir além, de amar de todo o coração."
"É bebendo dessas fontes puras que o seu ministério será água boa para os sedentos de hoje”, frisou o Santo Padre.
Francisco os alertou para o risco de serem “absorvidos pela cultura do provisório e da aparência”, frisando que os anos vividos, em Roma, “são uma ocasião para criar anticorpos contra a mundanidade e a mediocridade”.
“São anos de ginástica na ‘academia romana’, em que com a ajuda de Deus e de quem os acompanha neste caminho, vocês podem fortalecer as bases, sobretudo as de uma disciplina espiritual indispensável, que se fundamenta nos pilares da oração e do trabalho interior. Uma oração litúrgica e pessoal ao qual não bastam ritos bonitos, mas que leve a vida diante do Senhor e o Senhor dentro da vida."
Um trabalho interior paciente que, aberto ao confronto, ajudado pelo estudo e reforçado pelo compromisso, faça um discernimento que reconheça as tentações e desmascare as falsidades, para viver o ministério na maior liberdade, sem duplicidade e sem pretensões.”
Segundo o Papa, o enriquecimento humano, intelectual e espiritual que os estudantes maronitas adquirem, em Roma, não é um prêmio para eles e nem um bem a favor da própria carreira, mas um tesouro destinado aos fiéis que os esperam em suas eparquias, aos quais eles devem doar suas vidas.
"Pastores com a palavra de Jesus nos lábios, com as mãos prontas para enxugar as lágrimas e acariciar os rostos dos que sofrem, pastores que se esquecem de si e seus interesses, e não se desanimam, pois extraem todos os dias do Pão Eucarístico a força do amor que sacia.”
Segundo o Papa, diante desses desafios “pode vir a tentação de agir seguindo a lógica do mundo, buscar quem é mais forte e não o vulnerável, olhar para os que têm meios e não aos que não têm”.
"Anunciar a salvação a todos os povos, proclamar com a vida a misericórdia de Deus. Isso muda a história. Tudo começa com o não perder de vista Jesus, de olhar para ele como São Marun, São Charbel e Santa Rafqa e muitos outros maronitas ‘heróis de santidade’."
"O caminho que honra a vida cristã não é a ascensão aos prêmios e certezas gratificantes do mundo, mas a descida humilde ao serviço. É a estrada de Jesus, não há outra.”
Francisco partilhou dois desejos, com o Pontifício Colégio Maronita de Roma, relativos à paz e aos jovens. "Hoje, a fraternidade e a integração são desafios urgentes."
“Ajudados por seus conhecimentos, trabalhem para que o Líbano possa sempre corresponder «à sua vocação de ser luz para os povos da região e sinal de paz que vem de Deus», disse Francisco citando um trecho da Exortação apostólica pós-sinodal de São João Paulo II “Uma esperança nova para o Líbano”.
A propósito dos jovens, o Papa disse que é necessário dedicar-lhes tempo e que eles precisam ser acompanhados com confiança e paciência.
"O Papa Bento XVI encorajando os jovens disse: «Jovens do Líbano, sede acolhedores e abertos, como Cristo lhes pede e como o seu país os ensina».
Vocês têm a missão de ajudar os jovens a abrir o coração ao bem, para que experimentem a alegria de acolher o Senhor em sua vidas”, concluiu Francisco.
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