Papa aceita renúncia do Mons. Viganò, Prefeito da Secretaria para a Comunicação
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco aceitou a renúncia, nesta quarta-feira (21/03), do prefeito da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, mons. Dario Edoardo Viganò.
Agora, o dicastério será guiado pelo secretário do organismo, mons. Lucio Adrián Ruiz, até a nomeação do novo prefeito, segundo a declaração do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke.
“Após os nossos últimos encontros e depois de uma reflexão longa e ponderada dos motivos de seu pedido de “retroceder” na responsabilidade direta do dicastério para a comunicação, respeito a sua decisão e aceito, com esforço, a renúncia do prefeito”, afirma o Papa Francisco na carta endereçada a mons. Viganò.
“Peço-lhe que continue no dicastério como assessor da Secretaria para a Comunicação a fim de dar a sua contribuição humana e profissional ao novo prefeito no projeto de reforma desejado pelo Conselho de Cardeais, aprovado por mim e compartilhado regularmente. A reforma chegou agora na parte conclusiva com a iminente fusão do L’Osservatore Romano no único sistema de comunicação da Santa Sé e com a unificação da Tipografia Vaticana.”
“O grande compromisso nos últimos anos no novo dicastério com o estilo de confronto aberto e dócil que foi capaz de mostrar entre os colaboradores e os organismos da Cúria Romana deixou claro como a reforma da Igreja não seja principalmente um problema de organogramas, mas sobretudo, a aquisição de um espírito de serviço”, afirma o Papa que encerra a carta agradecendo ao mons. Viganò, pela humildade e pelo profundo sensus ecclesiae.
Carta do Mons. Viganò ao Papa
O mons. Dario E. Viganò justificou sua renúncia numa carta ao Papa Francisco na qual explica: “Nestes últimos dias houve muitas polêmicas acerca do meu trabalho que, além das intenções, desestabiliza o complexo e grande trabalho de reforma que o Senhor me confiou, em junho de 2015 e que vê agora, graças à contribuição de muitas pessoas, sobretudo os funcionários, cumprir a reta final.
Agradeço o acompanhamento paterno e firme que me ofereceu com generosidade neste tempo e pela estima que o senhor manifestou também em nosso último encontro.
No respeito das pessoas que comigo trabalharam nestes anos e para evitar que a minha pessoa possa de alguma forma atrasar, danificar ou até mesmo bloquear o que já foi estabelecido pelo Motu Proprio O atual contexto comunicativo de 27 de junho de 2015, e sobretudo, pelo amor à Igreja e ao senhor Santo Padre, peço-lhe que aceite o meu desejo de afastar-me tornando-me, se o Senhor desejar, disponível a colaborar de outras formas.
Por ocasião das felicitações de Natal à Cúria, em 2016, o senhor recordou que “a reforma será eficaz somente e exclusivamente se for implementada com homens “renovados” e não simplesmente com “novos” homens. Não basta se contentar em mudar os funcionários, mas é preciso levar os membros da Cúria a se renovarem espiritualmente, humanamente e profissionalmente. A reforma da Cúria não se faz de nenhuma forma com a mudança das pessoas, que certamente acontece e acontecerá, mas com a conversão nas pessoas”.
Acredito que o “afastar-me” seja para mim uma ocasião fecunda de renovação ou, recordando o encontro de Jesus com Nicodemos (Jo 31, 1), o tempo de aprender a “renascer do alto”. Afinal de contas, não é a Igreja das funções que o senhor nos ensinou a amar e a viver, mas a do serviço, estilo que eu sempre procurei viver.
Santo Padre, agradeço se o senhor acolher o meu “afastar-me” para que a Igreja e o seu caminho possa retomar com decisão guiada pelo Espírito de Deus. Ao pedir-lhe a sua bênção, asseguro-lhe uma oração para o seu ministério e pelo caminho de reforma empreendido”.
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