Papa à ortodoxos russos: nunca mais a divisão
Cidade do Vaticano
O caminho da unidade “é o único que nos promete algo de seguro, porque o caminho da divisão nos leva às guerras e à destruição”. Ao receber na manhã desta quarta-feira uma delegação do Patriarcado ortodoxo de Moscou (20 pessoas) na antessala da Sala Paulo VI, o Papa Francisco reiterou que “a Igreja Católica nunca permitirá que dos seus nasça uma atitude de divisão. Nós nunca nos permitiremos fazer isto. Não quero isto”.
O Pontífice agradeceu a visita “que tanto nos ajuda a viver a nossa fé na unidade e a caminhar juntos. Fico feliz de percorrer com vocês o caminho da unidade”, porque “o caminho da divisão nos leva às guerras e à destruição”.
Uniatismo ultrapassado
“Em Moscou, na Rússia, - observou Francisco - existe apenas um Patriarcado: o de vocês. Nós não vamos ter outro. E quando algum fiel católico, seja leigo, sacerdote ou bispo, levanta a bandeira do uniatismo que não funciona mais, que acabou, para mim também é uma dor. Deve-se respeitar as Igrejas que estão unidas a Roma, mas o uniatismo como um caminho de unidade hoje não está certo”.
Ecumenismo se faz caminhando
O Papa disse que por outro lado o que lhe traz consolação, é quando encontra “a mão estendida, o abraço fraterno, pensar juntos e caminhar. O ecumenismo se faz caminhando, caminhando”, reiterou.
“Alguns pensam - mas isso não é a coisa certa - que primeiro deve haver o acordo doutrinal - todos os pontos de divisão - e depois caminhar. Isso não funciona para o ecumenismo – afirmou - porque não sabemos quando o acordo virá.”
Francisco contou aos presentes que certa vez ouviu um “homem de Igreja, um homem de Deus” afirmar que a assinatura de um acordo sobre a doutrina seria assinado somente “no dia seguinte após a vinda do Cristo Glorioso”.
“Nós devemos continuar a estudar a teologia, a esclarecer pontos, mas, ao mesmo tempo, caminhar juntos; não esperar até que essas coisas sejam resolvidas para caminhar: não! Se caminha e se faz isto também, mas caminhar na caridade, na oração, este exemplo das relíquias, não? E oração juntos, uns pelos outros, em diálogo. E isso faz tanto bem.”
“O encontro com Sua Santidade Kirill – destacou o Papa - me fez bem, encontrei um irmão. E agora, espiritualmente, caminhamos juntos”.
Católicos não devem interferir em questões internas da Igreja Ortodoxa Russa
Ao finalizar, o Pontífice quis destacar dois aspectos: um sobre "os católicos em relação a vocês, irmãos ortodoxos russos”: “A Igreja Católica - as Igrejas católicas - não devem interferir nas coisas internas da Igreja Ortodoxa Russa, nem mesmo em questões políticas. Esta é a minha atitude e a atitude da Santa Sé hoje. E aqueles que se intrometem não obedecem à Santa Sé”.
Oração pela unidade
O segundo aspecto disse o Papa, refere-se à piedade. “É importante a oração de uns pelos outros, mas a oração pessoal. Conhecemos novos irmãos e irmãs, também pessoais. E eu gostaria de dizer uma coisa: quando nos encontramos com o Patriarca, ele me enviou uma relíquia de São Serafim. Eu tenho essa relíquia na minha mesa de cabeceira, e à noite, antes de ir para a cama, e de manhã, quando me levanto, venero e rezo por nossa união”.
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