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Capa do livro "Cartas da tribulação" do cardeal Jorge Mario Bergoglio Capa do livro "Cartas da tribulação" do cardeal Jorge Mario Bergoglio 

Um livro de reflexões do Papa sobre as tribulações ontem e hoje

O volume repropõe um texto inédito de 1987 de Jorge Mario Bergoglio sobre a “doutrina da tribulação”. O livro foi ampliado e atualizado aos tempos atuais e quem conta a origem da obra é o próprio Papa Francisco no prefácio.

Cidade do Vaticano

O livro “Cartas da tribulação” foi lançado, nesta terça-feira (29/01), na Itália, com o prefácio do Papa Francisco e a introdução de pe. Antonio Spadaro, diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”.

O volume repropõe um texto inédito de 1987 de Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, sobre a “doutrina da tribulação”, publicado na revista dos Jesuítas, em maio passado. O livro foi ampliado e atualizado aos tempos atuais e quem conta a origem da obra é o próprio Papa Francisco no prefácio, editado por ele na primeira edição, em 1987, a convite do pe. Miguel Angel Fiorito.

Naquela ocasião, tinham sido publicadas oito cartas de dois prepósitos gerais da Companhia de Jesus, sete do pe. Lorenzo Ricci, escritas entre 1758 e 1773, e uma do pe. Jan Roothaan del 1831. As missivas se referem à “grande tribulação” pela decisão tomada por Clemente XVI, em 1773, de suprimir a Ordem dos Jesuítas, depois reconstituída, em 1814, por vontade de Pio VII.

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“Lembro-me, ressalta o Papa Francisco, “que quando levei ao Pe. Miguel Ángel Fiorito o rascunho do prefácio que eu tinha escrito para a primeira edição das “Cartas da tribulação”, o mestre, como era chamado, me pediu para desenvolver melhor o último parágrafo em que eu falava da importância de recorrer à acusação de si mesmo. Naquele ponto, tratava-se do discernimento e de como enfrentar bem a vergonha e a confusão que fazem espaço quando o maligno desencadeia uma perseguição feroz contra os filhos da Igreja”. “A resposta”, explica Francisco, “era a de opor-lhe a vergonha saudável e a confusão que a Misericórdia infinita do Senhor e a sua lealdade fazem sentir aos que pedem perdão pelos próprios pecados. «Ali, existe uma graça», me disse. «Deve desenvolvê-la!»

Discernimento em época de confusão

“Trinta anos depois”, constata o Papa, “estamos em outro contexto, mas a Guerra é a mesma e pertence somente ao Senhor. Essas cartas são «um tratado de discernimento em época de confusão e tribulação», e a sua reedição convida-me novamente com força, junto com as reflexões de outros colegas que estão incluídos no livro, a continuar a absolver aquele encargo que me foi dado pelo mestre, que agora para mim tem o sabor de profecia do idoso, de  «desenvolver uma graça»”.

“Sinto”, diz Francisco aos leitores, “que o Senhor me pede para partilhar novamente as Cartas da Tribulação. Partilhá-las com todos aqueles que, em meio à confusão que o pai da mentira sabe semear em suas perseguições, se sentem decididos a combater bem, livres daquela autocomiseração à qual somos tentados a nos render. Ela esconde a fonte da vingança e nada faz além de alimentar o mal que deseja eliminar. Contra toda tentação de confusão e derrota, faz bem voltar a sentir o espírito paterno daqueles que nos precederam e que anima essas cartas. Eles nos ensinam a escolher o consolo nos momentos de grande desolação”.

Fonte de mansidão, coragem e lucidez

O Papa faz um convite: “Recomendo a lê-las e rezar com elas. Essas cartas são, e foram para muitos em alguns momentos particulares, uma verdadeira fonte de mansidão, coragem e esperança”.

Além das oito cartas dos superiores gerais, padre Ricci e padre Roothaan, referidas às tribulações do passado, pela primeira vez traduzidas do latim nessa nova edição, o volume propõe outras cinco cartas do Papa Bergoglio, escritas em 2018: quatro dirigidas à Igreja no Chile, inerentes “à ferida aberta, dolorosa e complexa da pedofilia”, e uma dirigida ao Povo de Deus “a fim de desarraigar a cultura do abuso”.

“Essas cartas e as reflexões que as compõem”, explica na nota introdutiva o diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”, pe. Antonio Spadaro, responsável pela introdução do livro, “são relevantes para entender como Bergoglio sinta o dever de agir como sucessor de Pedro, ou seja, como Francisco. São palavras que ele diz hoje para a Igreja, repetindo-as sobretudo a si mesmo. São  sobretudo, palavras que o Pontífice considera fundamentais, hoje, para que a Igreja seja capaz de enfrentar tempos de desolação, perturbação, polêmicas pretensiosas e contra o Evangelho”.

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29 janeiro 2019, 16:17