Papa volta a encontrar-se com realidade latino-americana
Jackson Erpen – Cidade do Panamá
Por volta das 16h15 desta quarta-feira (horário local), o Papa chegou ao Panamá para encontrar os jovens de todo o mundo que participam da Jornada Mundial da Juventude. Os jovens querem ver Francisco, que por sua vez vem para confirmá-los na fé, renová-los na esperança e incentivá-los a descobrir os valores característicos da juventude.
Esta JMJ que se realiza logo após o Sínodo dos bispos - que teve por lema o discernimento vocacional – recorda a Virgem Maria como aquela que compreendeu o segredo da vocação: “sair de si mesmo e colocar-se a serviço dos outros”. “A nossa vida só encontra sentido no serviço a Deus e ao próximo” disse o Papa em uma mensagem aos jovens, ressaltando que o desejo que eles tem de ajudar os outros, “de fazer algo pelos que sofrem”, é sua força e esta é a “revolução do serviço”.
“Não existe vocação ao egoísmo” frisou o Papa, que quer cada vez mais despertar não somente nos jovens, mas em todo o mundo, o sentido da solidariedade. E na intenção de oração para este mês de janeiro, o pedido de rezar especialmente pelos jovens da América Latina, para que tenham “forças para sonhar e trabalhar pela paz”.
Bergoglio bem conhece a realidade da América Latina. Apesar das diferenças mesmo culturais entre os países, há problemas crônicos que são comuns a todos. E não por acaso escolheu um país da América Central para sediar a JMJ depois de Cracóvia. O Papa sabe da força da juventude, mas bem conhece seus problemas e desafios, e vem de encontro a eles.
A visita que fará à realidade dos jovens apenados, uma realidade de “periferia existencial”, é plena de significado. O Papa vai de encontro à dura realidade de quem não encontrou um caminho em um continente marcado por contradições, que se refletem também no aumento da delinquência juvenil, do narcotráfico, da violência desenfreada, da falta de esperança que leva os jovens, e não só, a buscar alternativas mais dignas em outros países. Estes temas, junto à questão dos indígenas, deverão estar presentes nos pronunciamentos do Pontífice.
O arcebispo do Panamá, Dom José Domingo Ulloa, afirmou em recente entrevista que Francisco encontrará no Panamá uma “Igreja jovem e alegre, autêntica, multiétnica e multicultural, com uma fé viva, com o compromisso de anunciar o Evangelho”. E é esta fé presente nos corações latino-americanos que Francisco quer fortalecer e apresentar como resposta capaz de vencer a cultura da indiferença. Servir também é uma vocação. Mas muitos panamenhos esperam que o Papa insista no tema da formação dos sacerdotes e na renovação da Igreja do país.
A Missa de abertura presidida ontem pelo arcebispo Domingo Ulloa foi capa dos principais jornais do país, e alguns destacam que o país tem uma estrutura obsoleta para receber um evento deste porte, o que é perceptível. Até o momento ingressaram no país cerca de 50 mil peregrinos. Mas como dizem, a simpatia dos panamenhos pode ajudar a suprir algumas destas situações. Percebe-se um descontentamento da população em relação à classe política, e muitos esperam que a presença do Pontífice inspire uma renovação moral em todos os âmbitos da sociedade.
“Do relacionamento com Deus no silêncio do coração descobrimos a nossa identidade e a vocação a que nos chama o Senhor (…). Todas elas são caminhos para seguir Jesus. O importante é descobrir aquilo que o Senhor espera de nós e ter a audácia de dizer ‘sim’”.
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