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Papa na Bulgária leva mensagem de paz entre os povos

“Pacem in terris” é o lema da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Bulgária, nos dias 5 e 6 de maio. A menção à Carta Encíclica de João XXIII é embasada na experiência do então bispo Angelo Roncalli, que no país das rosas, foi o primeiro Visitador Apostólico, e sucessivamente delegado. O Vatican News entrevistou Kiril Kartaloff, autor de um livro sobre a missão de Roncalli na Bulgária.

Barbara Castelli – Cidade do Vaticano

“Os votos são de que a Visita Apostólica do Papa Francisco possa ser para todos, quer para as realidades eclesiais como para as civis, motivo de relações fraternas e solidárias sempre mais intensas, e um forte encorajamento ao povo búlgaro para perseverar no propósito de edificar uma sociedade fundada na justiça e na paz”.

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Kiril Kartaloff, docente na Universidade Católica de Milão, membro do Pontifício Comitê de Ciências Históricas e autor do livro  “La sollecitudine ecclesiale di monsignor Roncalli in Bulgaria (1925-1934). Studio storico-diplomatico alla luce delle nuove fonti archivistiche”, descreve com estas palavras a expectativa na Bulgária pela chegada do Papa Francisco, que entre os dias 5 e 7 de maio próximo, visitará inicialmente este país, seguido pela Macedônia do Norte.

Roncalli e o abraço aos irmãos separados

 

A Bulgária, com 60% da população pertencente à Igreja Ortodoxa Búlgara, vai abraçar, em menos de vinte anos, um novo Pontífice, após a visita de João Paulo II em 2002.  Além de ter recebido um futuro Papa, entre 1925 e 1934, Angelo Roncalli.

Na Bulgária - destaca Kiril Kartaloff  - “pode-se perceber as raízes do ecumenismo de Monsenhor Angelo Roncalli (...). Desde os primeiros tempos de sua chegada  ao país, o representante da Santa Sé começou a conhecer  de perto os ortodoxos, os irmãos separados", e "passou a acreditar que o caminho a seguir, era desenvolver relações de amizade entre os cristãos".

Remonta, de fato, à 29 de março de 1925 a nomeação de Dom Angelo Roncalli como Visitador Apostólico na Bulgária. Depois de sua ordenação episcopal, realizada em Roma em 19 de março de 1925, ele partiu com a missão de prover as necessidades da pequena comunidade católica local.

A missão, inicialmente a tempo determinado,  transformou-se em uma permanência de dez anos, durante a qual o prelado lançou as bases para a criação de uma Delegação Apostólica, da qual foi nomeado primeiro representante em 1931.

Não sem dificuldades, conseguiu reorganizar a Igreja Católica no país, estabelecer relações amistosas com o governo búlgaro e a Casa Real e iniciar os primeiros contatos ecumênicos com a Igreja Ortodoxa da Bulgária.

"Sua primeira visita ao Santo Sínodo Ortodoxo veio em breve, em agosto de 1925 - continua o autor do livro" A solicitude eclesial de monsenhor Roncalli na Bulgária", publicado pela Livraria Editora Vaticana. O futuro Papa santo quis insistir na necessidade de procurar o que une e não o que divide. Sua estada na Bulgária, portanto, contribuiu para o desenvolvimento de sua sensibilidade ecumênica, que teve a oportunidade de ser desenvolvida ainda mais nos anos que passou na Turquia e na Grécia, até a convocação do Concílio Ecumênico Vaticano II".

Recordando algumas palavras do Papa Pio XI, Kiril Kartaloff insiste na importância de "um espírito de caridade fraterna": "esta mensagem de fé é e continua a ser o objetivo a ser buscado, para que o Oriente e o Ocidente cristão possam unir-se plenamente para melhor resplandecer juntos o Evangelho”.

Gigante da evangelização na Europa do Leste

 

A visita do Pontífice – continua Kiril Kartaloff  na entrevista - "também testemunha as raízes cristãs do povo búlgaro" e “permite fortalecer a amizade multissecular entre a Santa Sé e a Bulgária, valorizada pela devoção aos santos irmãos Cirilo e Metódio, que providencialmente arraigaram o cristianismo na alma do povo búlgaro".

Os irmãos de Salônica declarados em 1980 co-padroeiros da Europa por São João Paulo II com a Carta Apostólica Egregiae virtutis, eram evangelizadores da parte oriental do Velho Continente. A eles se deve a invenção da escritura que recebe o nome de "cirílico", alfabeto que serviu para traduzir a Bíblia para a língua eslava.

"A Bulgária - explica o professor da Universidade Católica de Milão - é provavelmente o país europeu menos conhecido e, ao mesmo tempo, um dos mais ricos em história, cultura e arte: preserva 10 patrimônios da UNESCO.  Membro da OTAN desde 2004 e da União Europeia em 2007 ”.

"A Bulgária - conclui o docente - é chamada a promover e testemunhar as raízes cristãs herdadas dos ensinamentos dos Santos Cirilo e Metódio, sempre mais atuais e necessários.  A obra destes dois gigantes da evangelização na Europa Oriental constitui uma contribuição notável para a formação das comuns raízes cristãs da Europa, aquelas raízes que, pela sua profundidade e vitalidade, constituem um dos mais sólidos pontos de referência, dos quais não podem prescindir quaisquer tentativas séria de compor, de forma nova e atual, a unidade do continente ”.

Expectativa na Bulgária

 

Na terra das rosas, no entanto, cuida-se dos últimos detalhes para receber o Papa Francisco. A paróquia de Belene, diocese de Nicopoli, preparou um presente especial: o ícone com os 4 Beatos búlgaros. Trata-se de Kamen Vicev, Pavel Dzidzjov e Josaphat Sisikov, assuncionistas, mártires, fuzilados nos anos do regime comunista e beatificados pelo Papa Wojtyla em 26 de maio de 2002, em Plovdiv. Junto com eles, o bispo Eugenio Bossilkov, passionista. O bispo de Nicópolis, na Bulgária, morre mártir sob o regime comunista. São João Paulo II o proclama beato em 15 de março de 1998 em Roma.

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Dons a serem oferecidos ao Papa na Bulgária
30 abril 2019, 10:02