Pe. Zagore, Sudão do Sul: o gesto profético e histórico do Papa
Cidade do Vaticano
A imagem do Papa Francisco – de quinta-feira, 11 de abril – ajoelhado aos pés dos líderes sul-sudaneses para implorar o perdão deles entre si e tornar a paz uma realidade tangível neste país africano que sofre há décadas, “traz consigo um grande valor simbólico que é parte da tradição cultural africana”, explica à Fides o teólogo marfinense da Sociedade para as Missões Africanas, Pe. Donald Zagore.
“Na África, em muitas culturas este ato de prostrar-se, de humilhar-se aos pés de alguém, se dá em dois contextos muito específicos: de um lado quer ser um sinal de agradecimento e, de outro, implora o perdão ou a graça”, explica o missionário.
Santo Padre realizou gestos e símbolos fortes
Nesse contexto, o Papa implora aos líderes do país, em nome do povo sul-sudanês, o perdão e a graça e a acabar com a guerra impiedosa que continua martirizando a população.
Pe. Zagore acrescenta: “O Papa Francisco em seu papel de mediador não se limitou a usar palavras, mas realizou gestos e símbolos fortes, específicos da cultura africana dos protagonistas. Tais gestos falam mais dos que as palavras. O Papa colocou em prática o conselho de São Francisco de Assis que exorta: ‘Preguem o Evangelho em todos os lugares e, se necessário, usem as palavras’”.
Atitude abre os corações endurecidos
“Trata-se de uma atitude que abre os corações empedernidos pelo ego e pela violência para reconciliar o amor de Deus. O Papa, ao fazer esse gesto, revoluciona toda a dinâmica da lógica da diplomacia e da mediação na resolução dos conflitos”, afirma ainda.
“Na África, um líder não se prostra diante de seus súditos. Embora Salva Kirr e Riek Machar não sejam diretamente subalternos ao Papa, são seus filhos espirituais, enquanto o Papa é Pai espiritual por excelência”, continua Pe. Zagore.
Mensagem de Francisco é clara: a paz não tem preço
Assim como Jesus na Última Ceia se prostra e lava os pés de seus apóstolos, o Papa Francisco se coloca no lugar do subordinado. A mensagem do Santo Padre é clara: a paz não tem preço.
“Somente abandonando nosso ego, deixando morrer o nosso eu, que geralmente exclui o Tu e, portanto, torna o acesso difícil à comunidade, podemos daí em diante falar e relacionar-nos como irmãos, iguais, unidos pela mesma humanidade”, conclui o teólogo missionário.
(Fides)
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