Que Jean Vanier permaneça um exemplo para todos nós, diz Papa
Jackson Erpen e Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano
Ao saudar os peregrinos de língua francesa ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa recordou de “um grande homem de Igreja falecido ontem, Jean Vanier”.
“Ele – explicou Francisco - trabalhava pelos mais pobres, pelos mais descartados, também por aqueles que no ventre de sua mãe foram sentenciados à morte - às vezes se tenta convencer seus pais a tirá-los e não deixá-los nascer. Ele os acolheu e deu sua vida. Que Jean Vanier permaneça um exemplo para todos nós, que nos ajude do Céu”.
Também no encontro com os jornalistas no voo de retorno da Macedônia do Norte, o Santo Padre havia lamentado sua morte e recordado seu trabalho:
"Eu sabia da doença de Jean Vanier, irmã Genevieve havia me informado. Uma semana atrás eu telefonei para ele, ele me ouviu, mas mal conseguia falar. Quero expressar minha gratidão por este testemunho, um homem que soube ler a eficiência cristã do mistério da morte, da Cruz, da doença. Do mistério daqueles no mundo que são descartados. Trabalhou não somente pelos últimos, mas também por aqueles que antes de nascer tem a possibilidade de serem condenados à morte. Ele gastou sua vida assim. Graças a ele e graças a Deus por nos ter dado um homem de tão grande testemunho".
O Papa havia sido informado de sua morte enquanto estava na Macedônia do Norte, disse o diretor interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti. Ele "reza por ele e por toda a comunidade da Arca".
Os dois haviam se encontrado em 21 de março de 2014, quando Francisco o definiu como "homem do sorriso e do encontro". E no âmbito da iniciativa “Sextas-feiras da Misericórdia”, o Santo Padre havia visitado em 13 de maio de 2016 a Comunidade “Chicco” de Ciampino, Roma, ligada à grande família da Arca.
Quem foi Jean Vanier
Jean Vanier foi o fundador da “Arca”, comunidade que acolhe pessoas com necessidades especiais, com 150 Centros espalhados por todo o mundo. Ele tinha 90 anos. Doente de câncer, foi assistido em uma estrutura de sua comunidade em Paris.
Nascido em Genebra, em 10 de setembro de 1928, filho de pais canadenses, Jean Vanier torna-se oficial da Marinha, primeiro britânica, depois canadense. Em 1950, uma reviravolta. Sente-se atraído pelo Evangelho. Desiste da carreira militar e começa a estudar teologia e filosofia.
Passa a lecionar na Universidade de Toronto, mas também abandona a carreira universitária. Descobre que sua verdadeira vocação é encontrar Jesus nas pessoas mais fracas e mais abandonadas.
Em 1964 funda a Arca e em 1971 contribui para o nascimento do movimento "Foi et Lumiere" (Fé e Luz). Ele também foi membro do Pontifício Conselho para os Leigos. Em 2015, recebeu o Prêmio Templeton, um dos máximos reconhecimentos mundiais, concedido a cada ano a personalidades do mundo religioso.
Amar é ser vulnerável
Por ocasião do Dia Mundial do Doente de 2010, Jean Vanier também falou de sua fragilidade: "Minha esperança e minha oração é que, quando chegar momento de fraqueza, eu possa sempre aceitar e regozijar-me no por tudo o que me foi dado. A vida humana começa e termina em fragilidade. Ao longo de nossas vidas somos ávidos por segurança e dependentes de ternura". A vulnerabilidade "une-se a nós em nosso presente e em nosso futuro próximo ou distante". Como então caminhar em direção a um amor maior, sem nos tornarmos presas de nossos medos? De uma maneira simples, dizia Vanier: aceitar nossa fragilidade, porque "amar é ser vulnerável".
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui