Papa em Nápoles: esperança em contexto complexo
Cidade do Vaticano
Uma breve visita marcada pela temática do diálogo entre religiões e culturas, migrações, trabalho e teologia lida e interpretada no contexto no qual vivemos. Esta é a síntese da visita que o Papa Francisco faz nesta sexta-feira (21) das 9 da manhã até às 15 horas. Após a chegada de helicóptero Francisco vai de carro até a Pontifícia Faculdade de Teologia da Itália Meridional, onde participará do encontro que concluirá com o seu pronunciamento. O simpósio tem como título “A Teologia depois da Veritatis gaudium no contexto do Mediterrâneo”.
Padre Gianfranco Matarazzo, provincial da Faculdade de Teologia, falou ao Vatican News sobre o contexto local e o peso do magistério de Francisco nos países da área do Mediterrâneo.
Pe. Matarazzo: A teologia é chamada a se nutrir com o diálogo com todas as outras ciências e todas as outras disciplinas que de algum modo influenciam a antropologia do homem. No caso específico do Mediterrâneo a teologia é chamada a se responsabilizar pela presença do cristão, pela história do cristianismo, pelo complexo diálogo que teve com muitas culturas e com outras religiões. Em todos estes séculos, o cristianismo manteve sempre a sua homogeneidade, uma sua continuidade e também manteve uma sua profecia para o futuro. Esta é a demonstração que a parte estreitamente teológica é uma parte viva e é muito atual.
E isso nos parece muito positivo…
Pe. Matarazzo: Certamente… vemos isso quando em um contexto problemático, o cristianismo sabe escutar, sabe interpretar, ir contra corrente, colocando à disposição desta sociedade um anúncio de misericórdia e de esperança.
Com o seu cargo o senhor tem contato direto com grande parte da área do Mediterrâneo. Na sua opinião como é percebido, como é vivido o magistério do Papa com relação às questões atuais do Mediterrâneo?
Pe. Matarazzo: Na minha opinião o ponto forte deste pontificado é a continuidade com um caminho que nasce de longe que ele soube reconhecer e levar adiante com mais força para o futuro. Além disso todos estes eventos foram construídos de forma sinodal, com espírito de diálogo com as outras religiões e com as outras culturas. Um caminho com muito compartilhamento e comunhão. O Papa soube fazer isso em uma situação na qual os caminhos de comunhão e de compartilhamento estão se tornando cada vez mais problemáticos, mas é próprio do cristianismo saber enfrentar esta complexidade e saber propor uma profecia de vida e de esperança em situações semelhantes.
A província Euro-Mediterrânea inclui as áreas da Romênia, Albânia, Malta e Itália, países com características muito diferentes entre eles. As relações com outras religiões mudou durante este pontificado?
Pe. Matarazzo: Nós já pensamos com um dinamismo de escuta e de discernimento, em unir estas quatro áreas, que parecem não ser completamente homogêneas, mas que ao invés reconhecemos como áreas estratégicas para se complementarem umas às outras. Isso nos permitiu ir além das dimensões nacionais, que não só não eram mais suficientes para interpretar a complexidade de hoje, mas corríamos o risco de fazer erros em base étnica, ou seja, cada um ficar dentro de seus próprios horizontes. Em segundo lugar nos enriqueceu e nos permitiu coordenarmo-nos com uma outra nação católica como Malta. Este é o horizonte de hoje, um horizonte complexo cujo fenômeno religioso reflete esta complexidade. E estes são os horizontes que sentimos que o Senhor está nos chamando para interagir e tentar oferecer um serviço. Portanto, todas as atividades dos jesuítas acontecem neste cenário. Atualmente os nossos jovens se formam com respeito por este cenário no qual as religiões não são algo exótico a ser vistas de longe, mas são parte integrante do percurso formativo.
Na sua opinião qual é o horizonte que o Papa poderá abrir no seu pronunciamento no Simpósio de Nápoles?
Pe. Matarazzo: Na história recente os pontífices sempre deram muita atenção aos cenários geopolíticos e em particular ao Mediterrâneo. Portanto Papa Francisco continuará este processo, fará com que seja mais sólido, e o estimulará para que possa exprimir toda a sua riqueza presente nele e possa formulá-lo em termos de profecia, isto é, oferecer uma abertura ao diálogo e à esperança em uma situação bastante complexa. O potencial já existe. O Papa tenta de algum modo evidenciar este grande tesouro do Mediterrâneo, um tesouro no qual todas as Igrejas poderão caminhar juntas, reforçar suas relações ainda mais do que faziam, e receber uma nova linfa de caráter teológico, filosófico, cultural e sócio-político, porque a Igreja é chamada também a se confrontar com um cenário sócio-político decididamente de atualidade.
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