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Em maio deste ano de 2019 o Papa dirigiu uma carta aos jovens convocando-os para esta iniciativa, afirmando que deverá ser um momento para procurar uma “economia diferente” que “faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida a Criação e não a despreza” Em maio deste ano de 2019 o Papa dirigiu uma carta aos jovens convocando-os para esta iniciativa, afirmando que deverá ser um momento para procurar uma “economia diferente” que “faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida a Criação e não a despreza”  

Por uma nova economia: palavras do Papa numa Audiência Geral em 2015

Para ajudar à reflexão que o evento “A Economia de Francisco” propõe para março de 2020, recordamos aqui as palavras do Papa sobre a ideologia do lucro proferidas numa audiência geral em 2015.

Rui Saraiva - Porto

Nos dias 26, 27 e 28 de março de 2020, a Igreja vai viver um importante momento de diálogo com o mundo no encontro “A Economia de Francisco”.

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Trata-se de um evento que se inspira no Santo de Assis e que, segundo o Papa, deverá procurar novas propostas de organização económica. Em tempos de mudança acentuada, que a vida contemporânea nos apresenta, o Santo Padre quer abrir portas de esperança e soluções concretas.

Em Assis estarão estudantes, empresários, universitários e especialistas internacionais. Já no próximo dia 24 de setembro decorrerá em Florença uma primeira reunião preparatória.

Para ajudar à reflexão sobre esta importante temática recordamos aqui as palavras do Papa Francisco pronunciadas em 2015 durante a audiência geral do dia 12 de agosto. O Santo Padre falava no âmbito de três catequeses sobre a família nas quais desenvolveu as dimensões da festa, do trabalho e da oração. A propósito da família enquanto festa, Francisco afirmou que a ideologia do lucro e do consumo está contra a festa da família que é o domingo.

Festa é olhar amoroso aos que nos circundam

 

Francisco assinalou que o tempo de repouso, em particular aquele dominical, existe para que possamos “gozar daquilo que não se produz e não se consome, não se compra nem se vende”. É o “tempo da festa que suspende o trabalho profissional” – afirmou o Papa. 

O Santo Padre afirmou a festa como algo que marca o ritmo da vida familiar dizendo, desde logo, que é uma invenção de Deus, como nos sugere o Livro do Genesis no relato da Criação ao declarar que Deus repousou no sétimo dia. Assim, aprendemos que é preciso dedicar um tempo para contemplar e regozijar-se com o trabalho bem feito.

A festa, portanto, não é sinónimo de preguiça, mas tempo de dirigir um olhar amoroso e agradecido a tantas realidades que nos circundam: os filhos, os netos, a nossa casa, os amigos, a nossa comunidade – sublinhou o Papa.

Ninguém pode ser escravo do trabalho

 

O tempo de festa suspende o trabalho profissional porque é um tempo sagrado – declarou o Santo Padre frisando que ninguém pode ser escravo do trabalho ao ser excluído do tempo de repouso e de festa:

“Mas o verdadeiro tempo da festa suspende o trabalho profissional e é sagrado, porque recorda ao homem e à mulher que foram feitos à imagem de Deus, o qual não é escravo do trabalho, mas Senhor, e, portanto, também nós não devemos nunca ser escravos do trabalho, mas “senhores”. Há um mandamento para isto, um mandamento que é para todos, ninguém excluído! Ao invés, sabemos que existem milhões de homens e mulheres escravos do trabalho! Isto é contra Deus e contra a dignidade da pessoa humana! A obsessão pelo lucro económico e o eficientismo da técnica colocam em risco os ritmos humanos da vida.”

“ O tempo do repouso, sobretudo aquele dominical, é destinado a nós para que possamos gozar daquilo que não se produz e não se consome, não se compra nem se vende. Mas, pelo contrário, vemos que a ideologia do lucro e do consumo quer comer também a festa: mesmo essa é, às vezes, reduzida a um “negócio”, a um modo para fazer dinheiro e gastá-lo.”

Tempo da festa é sagrado

 

“Mas é para isto que trabalhamos?”

“…o tempo da festa é sagrado porque Deus o habita num modo especial. A Eucaristia dominical leva à festa toda a graça de Jesus Cristo: a sua presença, o seu amor, o seu sacrifício, o seu fazer comunidade, o seu estar connosco… E assim cada realidade recebe o seu sentido pleno: o trabalho, a família, as alegrias e as canseiras de cada dia, também o sofrimento e a morte; tudo é transfigurado pela graça de Cristo.”

No final da sua catequese o Papa Francisco pediu que não estraguemos os dias de festa porque são um belo presente de Deus, pois “a família é dotada de uma competência extraordinária para compreender, endereçar e sustentar o autêntico valor do tempo de festa e em particular do domingo. Não é com certeza um acaso que as festas onde participa toda a família são as que correm melhor! – afirmou o Santo Padre.

Uma economia que inclui e não exclui

 

Estas palavras do Papa em agosto de 2015 ajudam-nos a enquadrar o rumo definido para o encontro de Assis que em março de 2020 terá como tema “A Economia de Francisco” e juntará empresários, universitários, estudantes e especialistas. Será um evento especialmente dirigido para refletir sobre o futuro próximo da economia mundial numa perspetiva humana e inclusiva.

Em maio deste ano de 2019 o Papa dirigiu uma carta aos jovens convocando-os para esta iniciativa, afirmando que deverá ser um momento para procurar uma “economia diferente” que “faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida a Criação e não a despreza” – escreve Francisco.

No próximo dia 24 de setembro terá lugar em Florença uma primeira reunião preparatória do encontro de março 2020 em Assis.

Segundo a página de apresentação do encontro “A Economia de Francisco” estarão já garantidas durante o evento as presenças de Amartya Sen, economista e filósofo indiano e Prémio Nobel da Economia em 1998 e de Muhammad Yunus, economista e banqueiro do Bangladesh e que foi Prémio Nobel da Paz em 2006.

Laudetur Iesus Christus

 

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21 agosto 2019, 11:05