A oração do Papa pelos trabalhadores de Akamasoa: diante da injustiça, manter a esperança
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, após encontrar milhares de jovens de Akamasoa, um projeto social desenvolvido num bairro da capital Antananarivo, em Madagascar, se deslocou até uma das três pedreiras de granito do local. No canteiro de obras de Mahatazana, administrado pela Cidade da Amizade, através do Pe. Pedro Opeka, o Pontífice fez uma oração aos trabalhadores direto de um monumento construído em pedra e que pesa 600 Kg, em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus.
Uma das trabalhadoras da pedreira, Hanitra Nirina Madeleine Rasoananahary, de 29 anos, ao saudar o Pontífice, explicou como foi erguido o monumento:
“Fizemos um grande buraco na montanha de granito e no meio desta pedreira erguemos um altar para agradecer a Deus por nos ter dado trabalho e aqui celebramos a Eucaristia três vezes por ano: na Ascensão, na Festa da Assunção e na festa de Todos os Santos. Nunca esqueceremos a sua visita à nossa pedreira.”
Na “Súplica pelos trabalhadores” e em frente à “pedreira britada pelo trabalho do homem”, o Papa rezou e pediu graças àqueles que diariamente usam “das próprias mãos” para realizar “enorme esforço físico”.
“Preservai os seus corpos do desgaste excessivo: que não lhes falte a ternura e a capacidade de acariciar os seus filhos e jogar com eles. Concedei-lhes o vigor da alma e a saúde do corpo para que não fiquem esmagados pelo peso da sua tarefa.”
Na oração, o Papa lembrou do emprego que “assegura vida digna às famílias”. No entanto, e apesar de Pe. Pedro Opeka garantir que todas as crianças pobres de Akamasoa frequentam a escola, Francisco procurou evidenciar ao mundo o drama da exploração do trabalho infantil.
“Que as nossas crianças não sejam forçadas a trabalhar, possam ir à escola e continuar os seus estudos, e os seus professores consagrem tempo a esta tarefa, sem precisarem de outras atividades para a subsistência diária.”
Francisco também exortou a justa participação dos empresários para que desenvolvam modelos de trabalho dignos às pessoas:
“Deus da justiça, tocai os corações de empresários e dirigentes: que eles provejam a tudo o que é necessário para assegurar a quem trabalha um salário digno e condições respeitosas da sua dignidade de pessoas humanas.”
A oração do Pontífice também lembrou dos desempregados:
“Com paterna misericórdia, cuidai daqueles que não têm trabalho, e fazei que o desemprego, causa de tantas misérias, desapareça das nossas sociedades. Possa cada um conhecer a alegria e a dignidade de ganhar o pão para o trazer para casa e sustentar os seus queridos.”
Ao trazer em oração o próprio modelo realizado na Cidade da Amizade de Akamasoa, através do trabalho realizado em comunidade, Francisco incentivou o espírito de solidariedade e de ajuda mútua, para “sustentar quem está extenuado, levantar aquele que caiu”.
O Papa Francisco finalizou a oração, encorajando a olhar diversamente às adversidades que porventura se apresentem no dia a dia. O Pontífice também confiou a São José, protetor dos trabalhadores, todos de Akamasoa e de Madagascar que “levam uma vida precária e difícil”.
“Perante a injustiça, que o seu coração nunca ceda ao ódio, ao rancor, à amargura, mas mantenha viva a esperança de ver um mundo melhor e trabalhar por ele. Que saibam, juntos e de forma construtiva, fazer valer os seus direitos e que as suas vozes e o seu clamor sejam atendidos.”
SÚPLICA PELOS TRABALHADORES
Deus nosso Pai, criador do céu e da terra,
nós Vos damos graças por nos reunirdes aqui como irmãos,
em frente desta pedreira britada pelo trabalho do homem:
nós Vos pedimos por todos os trabalhadores.
Por aqueles que o fazem com as próprias mãos
e enorme esforço físico.
Preservai os seus corpos do desgaste excessivo:
que não lhes falte a ternura e a capacidade de acariciar os seus filhos e jogar com eles.
Concedei-lhes o vigor da alma e a saúde do corpo
para que não fiquem esmagados pelo peso da sua tarefa.
Fazei que o fruto do trabalho lhes permita
Assegurar uma vida digna às suas famílias.
Que encontrem nelas, à noite, calor, conforto e encorajamento,
e que juntos, reunidos sob o vosso olhar,
conheçam as verdadeiras alegrias.
Saibam as nossas famílias que a alegria de ganhar o pão
é perfeita, quando este pão é partilhado.
Que as nossas crianças não sejam forçadas a trabalhar,
possam ir à escola e continuar os seus estudos,
e os seus professores consagrem tempo a esta tarefa,
sem precisarem doutras atividades para a subsistência diária.
Deus da justiça, tocai os corações de empresários e dirigentes: que eles provejam a tudo o que é necessário
para assegurar a quantos trabalham um salário digno
e condições respeitosas da sua dignidade de pessoas humanas.
Com paterna misericórdia, cuidai
daqueles que não têm trabalho,
e fazei que o desemprego, causa de tantas misérias,
desapareça das nossas sociedades.
Possa cada um conhecer a alegria e a dignidade de ganhar o pão
para o trazer para casa e sustentar os seus queridos.
Criai entre os trabalhadores um espírito de verdadeira solidariedade:
saibam velar uns pelos outros,
encorajar-se mutuamente, sustentar quem está extenuado, levantar aquele que caiu.
Perante a injustiça, que o seu coração nunca ceda ao ódio,
ao rancor, à amargura, mas mantenha viva a esperança
de ver um mundo melhor e trabalhar por ele.
Que saibam, juntos e de forma construtiva,
fazer valer os seus direitos
e que as suas vozes e o seu clamor sejam atendidos.
Deus nosso Pai, Vós destes, como protetor
aos trabalhadores do mundo inteiro, São José,
pai adotivo de Jesus, esposo corajoso da Virgem Maria:
a Ele, entrego todos que trabalham aqui, em Akamasoa,
e todos os trabalhadores de Madagáscar, especialmente aqueles
que levam uma vida precária e difícil.
Que Ele os guarde no amor do vosso Filho
e os sustente na sua vida e na sua esperança.
Amém!
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