Na festa do Padroeiro, São Miguel Arcanjo, Papa celebra para Gendarmaria
Cecilia Sepia - Cidade do Vaticano
"Toda a nossa vida é um caminho para consolidar, para tornar forte o nosso nome com a honestidade da vida, com o caminho que o Senhor nos vai indicando, e por isso devemos nos ajudar um ao outro".
Foi o que disse o Papa Francisco na tradicional Missa celebrada no final da tarde de sábado na Gruta de Lourdes, nos Jardins Vaticanos, por ocasião da Festa da Gendarmaria, que tem São Miguel Arcanjo como Padroeiro.
Comentando o Evangelho do pobre Lázaro e do homem rico, Francisco reitera que, nesta passagem, Jesus não quis dar um ensinamento do tipo moral em favor da esmola e da justiça, mas mostrar o destino e o caminho de cada homem e mulher, a responsabilidade que cada um tem pela própria vida, mesmo que Deus intervenha com frequência nela para mudar o estado das coisas.
“Duas vidas. Não um instante da vida: dois percursos de vida, porque o rico continua a manter esse estilo de vida e o pobre continua sofrendo na indigência. Não é uma coisa fantasiosa, isso acontece todos os dias, em todas as cidades, em todas as partes do mundo.”
A hipocrisia da vaidade
O Pontífice observa como nesta passagem o nome de Lázaro aparece cinco vezes, quase "um exagero", observa, enquanto o nome do homem rico não é conhecido, porque ele não conseguiu fazer crescer a própria dignidade diante de Deus.
Ele – prossegue o Papa - estava centrado em si mesmo, em sua própria vaidade, em seu próprio egoísmo, acreditava ser o dono do universo, preocupado apenas com riquezas e festas, por isso não conseguiu construir um nome para si.
“Ele não sabia como o pobre homem se chamava? Sim, ele sabia, porque quando estava no inferno, pede a Abraão: "Manda Lázaro". Essa é a hipocrisia da vaidade, a hipocrisia daqueles que acreditam que podem ser redentores de si mesmos, de salvar a si mesmos apenas com as coisas. Mas o nome deles não cresce, eles não têm nomes, são anônimos.”
Proteger os nomes e a dignidade das pessoas
Francisco cita então o Profeta Amós, que na Primeira Leitura condena "o banquete dos voluptuosos" que comem os cordeiros do rebanho, cantam ao som das harpas, se perfumam com os mais unguentos, bebem vinho em grandes taças, mas não se preocupam com a ruína do povo de Israel.
E pensando no trabalho e na missão dos gendarmes, o Papa os exorta a fugir de comportamento semelhante e a serem antes guardiões dos rostos, dos nomes e da dignidade das pessoas:
“Também vocês devem proteger todas as pessoas que estão aqui dentro, para que tenham a possibilidade de crescer, de ter um nome. Vocês são homens que trabalham pela dignidade de cada um de nós, para que cada um de nós tenha um nome e leve em frente o próprio nome, o nome que o Senhor deseja que levemos."
Vigiar e proteger
O Papa insiste nisso, expressando seu agradecimento ao constante trabalho realizado pelos gendarmes: "Por isso me ocorreu de dizer que a Gendarmaria é a custódia dos nomes, de todos os nossos nomes. Não para limpar a ficha de ninguém: se houver algo ruim, nós a queimamos ... Não, esse nome não vale. Mas para ajudar a disciplina do Estado da Cidade do Vaticano, que cada um de seus habitantes tenha um nome. E por isso agradeço tanto a vocês. Continuem assim, trabalhando pela dignidade das pessoas, de cada um, e assim vocês cumprirão sua vocação.
A homenagem a um casal de amigos
No final da homilia, Francisco presta homenagem a um casal de amigos que comemora seu 50º aniversário de casamento, e brinca:
"No final, gostaria apenas de dizer uma palavra sobre um pecado que cometi hoje, e vocês que são policiais: hoje contrabandeei! Nesta Missa, contrabandeei porque tenho uma família de amigos que celebram o 50º aniversário de matrimônio e eu tive essa Missa e eles queriam que eu celebrasse para eles. São 46 pessoas, estão lá. Os cônjuges, os filhos e netos. No total 46. Linda família! Rezem também por eles, para que tenham um nome."
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