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Papa celebra missa em Maurício: jovens são a primeira missão da Igreja

A missa em Maurício foi celebrada no dia em que a Igreja recorda a memória do Bem-aventurado Jacques-Desiré Laval, conhecido como o “apóstolo da unidade mauriciana”.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

A 31ª Viagem Apostólica do Papa Francisco chegou nesta segunda-feira à sua terceira e última etapa: a visita à capital de Maurício, Porto Luís.

Depois de duas horas de voo partindo de Antananarivo, o Pontífice foi acolhido no aeroporto pelo primeiro-ministro, Pravind Kumar Jugnauth, e demais autoridades civis e eclesiásticas. Depois da execução dos hinos e do piquete de honra, o Papa se transferiu diretamente para o Monumento de Maria Rainha da Paz.

O Monumento foi inaugurado em agosto de 1940, em agradecimento pela preservação do país durante o primeiro conflito mundial. Construído em forma de ascendentes terraços verdes, intercaladas por flores, o local domina a cidade. No alto, foi colocado um altar com uma imagem de Nossa Senhora em mármore de 3 metros de altura. A Virgem segura em suas mãos o globo terrestre e é meta de peregrinações.

Evangelização não pode ser abstrata e asséptica

Com capacidade para 80 mil pessoas, no Monumento foi celebrada a missa no dia em que a Igreja recorda a memória do Bem-aventurado Jacques-Desiré Laval, conhecido como o “apóstolo da unidade mauriciana”.

Em sua homilia, o Pontífice citou o amor por Cristo e pelos pobres como a marca distintiva da vida do beato francês que morreu na ilha em 1864. Este mesmo amor protegeu o Laval da ilusão de realizar uma evangelização “abstrata e asséptica”. Ele "sabia que evangelizar implica fazer-se tudo para todos: aprendeu a língua dos escravos recém-libertados e anunciou-lhes de maneira simples a Boa Nova da salvação”.

Dinamismo missionário

As pequenas comunidades criadas pelo beato estão na origem das paróquias atuais e o seu dinamismo missionário, afirmou o Papa, deu à Igreja mauriciana uma nova juventude.

“São precisamente os jovens que, pela sua vitalidade e dedicação, podem dar à Igreja a beleza e o frescor próprios da juventude, quando desafiam a comunidade cristã a renovar-se e nos convidam a partir para novos horizontes.”

 

Os jovens, prosseguiu Francisco, são a primeira missão da Igreja. Na ilha, não obstante o crescimento econômico, são eles os que mais sofrem com o desemprego e a falta de perspectivas.

“Um futuro incerto, que os descarta e obriga a conceber a sua vida à margem da sociedade, deixando-os vulneráveis e quase sem pontos de referência perante as novas formas de escravidão deste século XXI.”

Jovens, as primícias da terra

Eis então que a missão da Igreja é convidar os jovens a encontrar a sua felicidade em Jesus.

“Não deixemos que nos roubem o rosto jovem da Igreja e da sociedade! Não permitamos aos mercadores de morte roubar as primícias desta terra!”

Para viver o Evangelho, continuou, não podemos esperar que tudo seja favorável ao nosso redor, porque muitas vezes as ambições do poder e os interesses mundanos jogam contra nós.
Mas é justamente nesta situação que a vivência das bem-aventuranças se torna ainda mais urgente.

O que deve preocupar a Igreja não são os números, mas a carência de homens e mulheres que queiram viver a felicidade pelos caminhos da santidade.

“Rezemos, queridos irmãos e irmãs, pelas nossas comunidades para que, dando testemunho da alegria da vida cristã, vejam florescer a vocação à santidade nas diferentes formas de vida que o Espírito nos propõe.”

A Nossa Senhora, concluiu o Papa, “peçamos o dom da abertura ao Espírito Santo, da alegria perseverante, a alegria que não se deixa abater nem retroceder, a alegria que sempre nos faz experimentar e afirmar que o Todo Poderoso faz maravilhas, santo é o seu nome”.

Papa saúda os detentos

Ao final da celebração eucarística, Francisco agradeceu ao cardeal Maurice Piat, às autoridades, voluntários e fiéis que vieram de outras ilhas, como Seychelles e Comores, pela oportunidade de visitar Maurício.

Mas a saudação especial do Papa foi reservada aos detentos que participaram do “Percurso Alpha” na prisão. Eles escreveram e Francisco respondeu saudando-os e concedendo-lhes a sua bênção.

Este projeto oferece aos prisioneiros a oportunidade de questionar o significado da vida e descobrir como a fé cristã pode reforça-los na vida de todos os dias. Trata-se de um serviço oferecido pela capelania carcerária.

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09 setembro 2019, 10:30