Uma transformação moral contra as armas nucleares
Alessandro Gisotti
Na história da humanidade, há um antes e um depois Hiroshima e Nagasaki . Assim como há um antes e um depois no modo com o qual a Igreja, depois do devastador ataque atômico sobre as cidades japonesas, vê a trágica experiência da guerra. Principalmente através do Magistério dos Pontífices. A destruidora devastação que as bombas nucleares causam obriga a Igreja a reconsiderar o tema do conflito bélico com uma nova mentalidade. Jamais na história, de fato, os homens tiveram à disposição uma arma capaz de cancelar potencialmente qualquer sinal de vida na terra.
Pio XII e João XXIII
Papa Pio XII na sua Radiomensagem de 24 de agosto de 1939 tinha advertido profeticamente “Nada se perde com a paz. Tudo se perde com a guerra”.
À sobra das tragédias profetizadas por Pio XII, em outubro de 1962 o futuro santo João XXIII recorre à Rádio Vaticano para que sua palavra alcance os que estão mais longe, para que seja ouvida na Casa Branca e no Kremlin, naquele trágico período da “Guerra Fria”. Na sua mensagem exorta os responsáveis pelas nações a evitar “os horrores da guerra” para o mundo. Um conflito que justamente pelas armas nucleares, “não se pode prever as terríveis consequências”.
Paulo VI e João Paulo II
Paulo VI continua a defender a paz com fervor. No seu histórico discurso à ONU em 4 de outubro de 1965 afirmou: “Se vós quereis ser irmãos, deixai cair as armas das vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas nas mãos. As armas, sobretudo as terríveis armas que a ciência moderna vos deu, antes mesmo de causarem vítimas e ruínas, engendram maus sonhos, alimentam maus sentimentos, criam pesadelos, desconfianças, sombrias resoluções. Exigem enormes despesas. Detêm os projetos de solidariedade e de útil trabalho. Falseiam a psicologia dos povos”.
Como seus predecessores, João Paulo II também dirige-se com particular atenção aos cientistas e governantes. Durante sua visita ao Memorial da Paz em Hiroshima em 25 de fevereiro de 1981 denuncia com força a corrida armamentista. Na ocasião lança um desafio às mentes mais brilhantes e aos líderes do mundo. “O nosso futuro neste planeta, exposto como é aos riscos da destruição nuclear, depende apenas de um fato: a humanidade deve partir para uma transformação moral”.
Bento XVI
Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2006 advertia: “Que dizer dos governos que contam com as armas nucleares para garantir a segurança dos seus países? Juntamente com inúmeras pessoas de boa vontade, pode afirmar-se que tal perspectiva, além de ser funesta, é totalmente falaz. Numa guerra nuclear, não haveria realmente vencedores, mas apenas vítimas”.
Francisco
Todos estes esforços foram retomados e intensificados pelo Papa Francisco para evitar o chamado “suicídio” da humanidade.
No decorrer de seu pontificado Francisco aprofunda a reflexão sobre o assunto, chegando à convicção que o uso de armas nucleares seja imoral. Manifestou várias vezes este seu sentimento e por último na Mensagem ao povo japonês antes da viagem.
A imagem mais evocativa deste engajamento do Papa Francisco pelo desarmamento, é sem dúvida, a foto do menino com seu irmãozinho menor morto em seus braços depois do bombardeio nuclear. Uma foto que toca profundamente o Santo Padre. “Uma imagem deste tipo”, confidencia, “comove mais do que mil palavras” Uma imagem que, mais do que mil palavras interroga as consciências e representa uma advertência imperativa para que a humanidade não deva nunca mais conhecer a devastação de um ataque atômico.
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