Papa em Nagasaki: conscientes do sofrimento e horror que somos capazes de nos infligir
Jane Nogara – Cidade do Vaticano
Ao visitar a cidade de Nagasaki, o Papa Francisco foi ao Monumento situado no Parque Atomic Bomb Hypocenter. Na ocasião foi recebido pelas autoridades locais e depôs uma coroa de flores. Depois de um momento de oração, o Santo Padre proferiu uma mensagem sobre as armas nucleares.
O Santo Padre iniciou recordando que
E continuou: “A cruz bombardeada e a estátua de Nossa Senhora, recentemente descobertas na Catedral de Nagasaki, lembram-nos mais uma vez o horror indescritível que sofreram na própria carne as vítimas e suas famílias”.
Paz e estabilidade
Comentando um dos anseios mais profundos do coração humano que é a paz e a estabilidade adverte: “A posse de armas nucleares e outras armas de destruição de massa não é a melhor resposta a este desejo; antes, parecem pô-lo continuamente à prova”. E que esta paz e estabilidade internacionais são “incompatíveis com qualquer tentativa de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação total”. E como é possível? Francisco explica: “São possíveis só a partir duma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço dum futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira de hoje e de amanhã”.
Mundo em paz e livre de armas nucleares
Depois de recordar os sofrimentos e a experiência passada pelo povo de Nagasaki, o Papa explica que um mundo de paz e livre armas nucleares “requer a participação de todos: as pessoas, as religiões, a sociedade civil, os Estados que possuem armas nucleares e os que não as possuem, os setores militares e privados, e as organizações internacionais”. Confirmando que a nossa resposta deve ser coletiva e concertada.
Em seguida adverte os perigos atuais: “É necessário romper a dinâmica de desconfiança que prevalece atualmente e que faz correr o risco de se chegar ao desmantelamento da arquitetura internacional de controle dos armamentos”. Esclarecendo sobre o perigo da “erosão do multilateralismo” agravada pelo “desenvolvimento das novas tecnologias das armas” criando uma situação que requer uma atenção urgente por parte dos líderes.
Francisco recordou também que os bispos japoneses “lançaram um apelo à abolição das armas nucleares e anualmente, em agosto, a Igreja japonesa realiza dez dias de oração pela paz”.
Desenvolvimento Humano Integral
Neste ponto ligou o tema da corrida aos armamentos nucleares com o meio ambiente esclarecendo aos líderes políticos: “É preciso ter em consideração o impacto catastrófico do seu uso, sob o ponto de vista humanitário e ambiental, renunciando ao aumento de um clima de medo, desconfiança e hostilidade, promovido pelas doutrinas nucleares”. Também é preciso pensar na implementação , complexa e difícil, “da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e, deste modo, alcançar objetivos como o desenvolvimento humano integral”.
São Francisco de Assis
Concluiu seu pronunciamento pedindo a todos, mesmo os não católicos, para fazerem a oração pela paz de São Francisco de Assis:
Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde há ódio, que eu leve o amor;
Onde há ofensa, que eu leve o perdão;
Onde há dúvida, que eu leve a fé;
Onde há desespero, que eu leve a esperança;
Onde há trevas, que eu leve a luz;
Onde há tristeza, que eu leve a alegria.
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