Prêmio Ratzinger: o dever da Teologia é permanecer em diálogo com as culturas
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre encontrou na manhã deste sábado (09/11) na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 400 pessoas que participam da entrega do Prêmio Ratzinger 2019, que, este ano, é concedido ao teólogo africano Padre Paul Béré e ao filósofo canadense Professor Charles Margrave Taylor.
O Prêmio Ratzinger é um prêmio internacional anual concedido pela “Fundação Joseph Ratzinger - Bento XVI” aos estudiosos que se destacam, durante o ano, por suas pesquisas científicas na área da Teologia.
Esta é a IX edição do "Ratzinger Award" (“Prêmio Ratzinger”). A primeira realizou-se em 2011. Desde então, o Prêmio foi entregue a personalidades da Itália, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Reino Unido, Polônia, Líbano, Grécia, Estônia, Suíça e Brasil. O Prêmio foi concedido em 2015 ao teólogo brasileiro Padre Mário de França Miranda.
Gratidão a Bento XVI
Antes da entrega do Prêmio Ratzinger 2019, aos contemplados, o Papa Francisco pronunciou seu discurso expressando, antes de tudo, sua cordial saudação ao Papa emérito Bento XVI, aos membros da “Fundação Joseph Ratzinger” e às ilustres personalidades presentes. Referindo-se ao Papa emérito, Bento XVI, o Santo Padre disse:
Este foi sempre, disse Francisco, o contínuo desejo de Joseph Ratzinger, teólogo e pastor, que nos deu o exemplo de uma busca pela verdade, na qual razão e fé, inteligência e espiritualidade, sempre se integram. Todas as disciplinas e artes contribuem para o crescimento do ser humano rumo à sua plenitude. Neste sentido, o Papa acrescentou:
“Estar e permanecer em diálogo ativo com as culturas, que mudam com o tempo e se diversificam em diferentes partes do mundo, é um dever da teologia, mas é também uma condição necessária para a vitalidade da fé cristã e a missão de evangelização da Igreja”.
Os condecorados
Nesta perspectiva, disse Francisco, os dois vencedores do “Prêmio Ratzinger” – o teólogo africano Padre Béré e o filósofo canadense Professor Taylor - ofereceram uma contribuição significativa:
“Durante a sua longa vida de pesquisa, ensino e ação, o Professor Taylor dedicou-se a vários campos, mas, em particular, ao compromisso da sua mente e coração para entender o fenômeno da secularização dos nossos dias, que representa um grande desafio para a Igreja Católica, aos cristãos e fiéis."
Poucos estudiosos, afirmou Francisco, se colocam o problema da secularização como o professor Taylor. Somos-lhe gratos pela sua atenciosa análise do desenvolvimento da cultura ocidental e dos movimentos do espírito humano. Assim, ele nos ajuda a encarar, de modo não redutivo, as razões das mudanças na prática religiosa, intuir e buscar novos meios de viver as dimensões transcendentes da alma humana.
Inculturação
Sobre o segundo contemplado com o Prêmio Ratzinger, o Papa disse:
Nos primeiros séculos do cristianismo, recordou o Papa, o norte da África deu à Igreja figuras gigantescas, como Tertuliano, Cipriano, Agostinho. Mas, a propagação do Islamismo e séculos de colonialismo impediram uma verdadeira enculturação africana da mensagem cristã até meados do século passado. Por isso, a teologia africana contemporânea ainda é jovem, dinâmica e prometedora. Disso o Padre Béré é um verdadeiro exemplo, ao trabalhar para a interpretação dos textos do Antigo Testamento em um contexto de cultura "oral", pondo em prática a experiência das culturas africanas.
O Santo Padre concluiu seu discurso dizendo que “embora os dois vencedores sejam provenientes de continentes e origens culturais diferentes, sua mensagem é muito parecida”. Na variedade das culturas, do tempo e do espaço, podemos e devemos sempre buscar o caminho para encontrar a Deus. Enfim, disse Francisco, o professor Taylor e o Padre Béré, ao seguir os ensinamentos do teólogo Joseph Ratzinger, "colaboram na busca da verdade".
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