Francisco e o “coração que viaja” em direção a Luján
Adriana Masotti/Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
“Querido irmão, o dia 8 de maio se aproxima... e o meu coração 'viaja' em direção a Lujan.” Tem início com essas palavras a carta manuscrita, enviada pelo Papa Francisco ao arcebispo da diocese de Mercedes Luján, dom Jorge Scheinig. Referindo-se às celebrações realizadas todos os anos nessa data em homenagem à Virgem Maria, o Papa assegura: “Estarei com vocês espiritualmente, como peregrino espiritual e 'virtual'. Olharei para ela mais uma vez e, mais uma vez, deixarei que ela me olhe.” O seu olhar é de fato um olhar que “renova” e “dá força”. Não será apenas naquele momento, mas “junto com o santo povo fiel de Deus que a ama tanto, um povo fiel e pecador como eu”, sublinhou Francisco.
Pediremos a ela a graça de saber pedir perdão
O Santo Padre escreve que a Nossa Senhora de Luján “diremos as nossas preocupações e alegrias”, pedindo-lhe que “cuide de nós” e que nos ajude sempre a pedir perdão sem nos cansar, sabendo “que seu Filho nunca se cansa de perdoar”. A ela, continua o Papa, “prometo me comportar melhor”, usando as palavras escritas pelo grande sacerdote de sua diocese precedente, pe. Amelio Luis Calori: “Esta noite, ó Virgem, a minha promessa é sincera. Mas, em todo caso, não se esqueça de deixar a chave do lado de fora”. “Voltarei para casa”, escreve por fim o Papa, “com a certeza de ter recebido uma graça”.
Uma devoção muito difundida
As celebrações do dia 8 de maio em Luján contam com uma grande participação de fiéis todos os anos, precedidas pela oração de uma novena. A origem da devoção dos argentinos a Maria, dentre os quais Jorge Mario Bergoglio, com o título de "Nossa Senhora de Luján", remonta ao século XVII, após alguns eventos prodigiosos. A imagem original da Virgem, vestida com um manto branco e celeste, também chamada de Morenita e Patroncita, se encontra na Basílica de Luján, a cerca de 70 km a noroeste de Buenos Aires. A cada ano, a basílica recebe em média 9 milhões de visitantes provenientes não apenas da Argentina. Quando era bispo de Buenos Aires, o Papa Francisco costumava ir até lá em peregrinação, junto com os fiéis, e permanecia por um longo tempo no Santuário para ouvir as confissões de muitos.
Breve história de "Nossa Senhora de Luján"
A chegada da imagem de Luján na Argentina teria ocorrido em maio de 1630 a bordo de um navio procedente de São Paulo, Brasil. A acompanhá-la estava Manuel, um escravo proveniente de Angola. Diz a tradição que o carrinho que levava o baú com a Virgem quando chegou ao rio de Luján, não conseguia mais prosseguir. Por esse motivo, a imagem permaneceu em Luján e em pouco tempo sua história se espalhou e numerosos peregrinos começaram a ir venerá-la. Mais tarde, o Papa Leão XIII concedeu sua coroação celebrada em maio de 1887, marcando a festa litúrgica da Virgem de Luján para o sábado precedente ao IV domingo depois da Páscoa.
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