Livatino é beato, o Papa: "Mártir da justiça, que ele seja um exemplo de legalidade para todos"
Salvatore Cernuzio – Vatican News
A prata cinzelada do relicário, com a camisa azul xadrez manchada de sangue, brilhou na manhã deste domingo sob as abóbadas barrocas douradas da catedral de Agrigento, onde toda a Sicília celebrou a beatificação de uma de suas testemunhas mais luminosas: Rosario Livatino, o "juiz jovem" assassinado pela máfia, a quem a Igreja hoje proclamou beato e comemorará a cada 29 de outubro.
O Papa: "Mártir da justiça e da fé"
O Papa Francisco, no final do Regina Coeli deste domingo, prestou homenagem a este "mártir da justiça e da fé": "Em seu serviço à coletividade como juiz justo, que nunca se deixou corromper, esforçou-se para julgar não para condenar, mas para redimir", disse o Pontífice, da janela do Palácio Apostólico. "Seu trabalho sempre o colocou sob a proteção de Deus, por esta razão ele se tornou testemunha do Evangelho até sua morte heroica. Que seu exemplo seja para todos, especialmente para os magistrados, um estímulo a serem defensores leais da legalidade e da liberdade. Um aplauso para o novo beato”, pediu o Papa.
Palmas e lençóis brancos para celebrar a beatificação
Na basílica do século XII em Agrigento, adornada com palmas, símbolo do martírio, onde se destacava uma pintura do magistrado vestindo a toga, havia poucas pessoas presentes para a cerimônia, presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Entretanto, toda uma população participou desta tão esperada celebração via TV, web streaming ou com uma simples oração. Uma grande festa para a região, como testemunhado pelas folhas brancas e cartazes pendurados ontem em toda a cidade e em muitos outros lugares da Sicília. A partir de Canicattì onde o jovem magistrado vivia e onde, na manhã de 21 de setembro de 1990, aos 38 anos de idade, foi morto por um comando da máfia que se aproximou de seu Ford Fiesta numa motocicleta e, após uma fuga desesperada, o assassinou no meio de uma encosta. Morreu perdoando seus assassinos, disse dom Semeraro na sua homilia.
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