"Hoje há carestia, há fome ali", diz Papa em apelo pelo fim das violências no Tigray
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Os dramas ao redor do mundo, mesmo os mais esquecidos, não passam desapercebidos do olhar atento do Papa Francisco. No Angelus deste domingo, o Santo Padre falou sobre a crise humanitária na região do Tigray, Etiópia, provocada por conflitos:
Queridos irmãos e irmãs, estou particularmente próximo da população da região do Tigray, na Etiópia, atingida por uma grave crise humanitária que expõe os mais pobres à carestia. Hoje há a carestia, há fome ali. Rezemos juntos pelo fim imediato das violências, que seja garantida a todos a assistência alimentar e sanitária e seja restabelecida o mais breve possível a harmonia social. A este respeito, agradeço a todos aqueles que trabalham para aliviar o sofrimento das pessoas. Rezemos a Nossa Senhora por estas intenções ... [Ave, o Maria ...].
Em 10 de junho, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PAM) e o UNICEF haviam lançado um apelo por uma ação urgente para responder à grave insegurança alimentar no norte da Etiópia. O risco de carestia é iminente, a menos que alimentos, meios de sobrevivência e outras intervenções contínuas para salvar vidas sejam incrementadas, assim como seja desimpedido o acesso aos necessitados e cessadas as hostilidades.
Segundo a última análise da “Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar”(IPC) - iniciativa global com vários parceiros, da qual fazem parte 15 Agências das Nações Unidas, organizações não governamentais regionais e internacionais sobre insegurança alimentar e desnutrição - mais de 350.000 pessoas já enfrentam condições catastróficas (cenário IPC5, Catástrofe) na região de Tigray. Este é o maior número de pessoas classificadas em um cenário IPC 5 de Catástrofe em um único país, nos últimos 10 anos.
Mais de 60% da população, mais de 5,5 milhões de pessoas, enfrentam altos níveis de insegurança alimentar (IPC 3-5) em Tigray e nas áreas vizinhas de Amhare e Afar. Destas, 2 milhões de pessoas enfrentam um nível de emergência de insegurança alimentar aguda (IPC4) e, sem uma ação urgente, podem rapidamente morrer de fome.
Preocupa em particular a situação das crianças. "O UNICEF está profundamente preocupado com a situação em Tigray, pois temos visto mais e mais crianças aproximando-se perigosamente de doenças e possíveis mortes por desnutrição", disse Henrietta Fore, Diretora Geral do UNICEF. “Sem acesso humanitário para aumentar nossa resposta, estima-se que 33.000 crianças gravemente desnutridas em áreas atualmente inacessíveis de Tigray correm alto risco de morte. O mundo não pode permitir que isso aconteça."
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui