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Papa: que tragédias de migrantes no Mediterrâneo abatam o muro da indiferença

"Pensemos nisso: que o Mediterrâneo se tornou o maior cemitério da Europa". No final do Angelus, Francisco recordou as tragédias que ceifam a vida de milhares de migrantes na travessia do Mar Mediterrâneo, cujo símbolo é um barco naufragado em 2015 com mais de mil vítimas, e que na Sicília - local de desembarque - se transforma agora no "Jardim da Memória".

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

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O Papa Francisco recordou que neste domingo, 13, será realizada em Augusta, Sicília, a cerimônia de acolhida do barco naufragado em 12 de abril de 2015. O naufrágio, com mais de mil vítimas, tornou-se um símbolo do drama vivido por aqueles que, fugindo da fome, da pobreza, das guerras, sonham com uma vida mais digna no continente europeu.

Que este símbolo de tantas tragédias no Mar Mediterrâneo continue a interpelar a consciência de todos e favoreça o crescimento de uma humanidade mais unida, que abata o muro da indiferença. Pensemos nisso: que o Mediterrâneo se tornou o maior cemitério da Europa ...

O barco naufragado foi resgatado pelas autoridades italianas em 2016 para realizar o possível reconhecimento dos cadáveres presos no seu interior. Depois de ter sido exibido na Bienal de Arte de Veneza em 2019, o barco naufragado torna-se agora um monumento e assume o papel de "aguilhão das consciências, símbolo de todas as tragédias, conhecidas e desconhecidas, que envolveram os homens, mulheres e crianças obrigadas a abandonar suas terras em busca de uma vida melhor .

A cerimônia, às 18h30 (horário local) terá lugar no Cais Novo e insere-se no âmbito das comemorações de Nossa Senhora Stella Maris. Duas pequenas orações serão recitadas pela comunidade cristã e pela comunidade muçulmana de Augusta, e às 19h30 também chegará por mar uma imagem de Nossa Senhora das Dores.

Após a bênção, uma coroa de louros será lançada ao mar em memória de todos os mortos no naufrágio. Em seguida, haverá uma Concelebração Eucarística dos sacerdotes de Augusta com o arcebispo de Siracusa, Dom Francesco Lomanto, ao final da qual será inaugurada uma grande cruz colocada nas proximidades do barco. A imagem de Nossa Senhora das Dores será colocada ao lado, num abraço virtual e simbólico a todas as vítimas.

O objetivo da iniciativa é preservar a memória da tragédia, dando vida ao "Jardim da Memória" e também criar um "Museu dos Direitos", difundido e em rede com outros museus, realidades sociais e culturais do Mediterrâneo.

Quem promove é a Comissão 18 de abril (criada em 2016), a Administração municipal, a organização internacional “Stella Maris” (ex-Apostolado do Mar), com a colaboração da Autoridade Portuária do Mar da Sicília Oriental e da Autoridade Portuária.

Sobre o fenômeno da migração, padre Ciceri, sacerdote scalabriniano e diretor internacional da organização “Stella Maris”, comenta à Agência Fides que “é um fenômeno complexo que caracteriza nossos tempos, para os quais não há receitas fáceis. O mundo é globalizado e as populações mais pobres veem e sonham com o estilo de vida do Ocidente rico. Hoje, fenômenos como uma seca ou uma ditadura em países distantes repercutem na Europa e impactam os fluxos migratórios”.

“Os governos europeus e todos nós, cidadãos, somos responsáveis ​​pelo que acontece no Mar Mediterrâneo e somos chamados a fazer todo o possível para evitar tragédias e salvar vidas, segundo os quatro verbos sugeridos pelo Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar", comenta o sacerdote.

“A Igreja, nos países de partida, de trânsito e de destino, tem um papel importante: educar as consciências para o respeito pela dignidade humana, combater o medo em relação ao estrangeiro, promover a aceitação dos outros, segundo ao Evangelho”, afirma padre Ciceri.

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13 junho 2021, 12:34