O Papa: olhemos nos olhos as pessoas descartadas que encontramos
Eugenio Bonanata/Mariangela Jaguraba – Vatican News
"Olhemos nos olhos as pessoas descartadas que encontramos, deixemo-nos provocar pelos rostos das crianças, filhos de migrantes desesperados. Deixemos que o sofrimento deles escave dentro de nós para reagirmos à nossa indiferença."
Este é o tuíte do Papa Francisco, neste sábado (18/12), por ocasião do Dia Internacional dos Direitos dos Migrantes. No Angelus de 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa havia proferido estas palavras ao falar de sua viagem a Chipre e à Grécia, em particular a Lesbos.
Lojudice: o Papa em Chipre e na Grécia exemplo de fé encarnada
O arcebispo de Siena, cardeal Paolo Lojudice, em diálogo com a Telepace, nos convida a nos concentrarmos no "magistério dos sinais de Francisco" para apreender seu significado evangélico. Sinais concretos como os produzidos na 35ª viagem apostólica, concluída no dia 6 de dezembro. "A fé cristã", diz o cardeal, "exige viver o Evangelho aplicando-o na realidade, caso contrário é outra coisa. O arcebispo de Siena usa essas palavras para descrever a essência da recente viagem do Papa Francisco. Repercorrendo as imagens-chave dos dias passados nas fronteiras da Europa, o prelado nos convida especialmente a focalizar a obra incansável do Papa de praticar o Evangelho nas situações dolorosas do mundo.
"É sempre surpreendente ver o abraço espontâneo do Papa com algumas crianças, uma das quais literalmente se jogou nos seus braços", disse ele. Um dos momentos destinados a ficar gravados nas mentes e nos corações de todos que levam o cardeal Lojudice a falar do "magistério dos gestos do Papa Francisco". "São aquelas cenas a que o sucessor de Pedro nos habituou, baseadas na consistência, isto é, na demonstração prática do anúncio através do próprio corpo. "É a ideia de uma fé cristã que deve ser declinada e traduzida em realidade: uma fé encarnada, que não pode prescindir desta imediação e do existir".
Olhares que interpelam
Seguindo o exemplo dos outros Papas, Francisco quer ir aos confins da terra para olhar nos olhos as pessoas mais necessitadas e sofredoras. "Isso significa dar aquela concretude que o Evangelho inevitavelmente traz consigo, lembrando-nos que a fé cristã tem a ver com a vida cotidiana e que de nenhuma maneira pode ser destilada ou muito menos ser colocada num arquivo ou num museu". A esperança é de que as escolhas de Francisco possam ter consequências, em particular no que diz respeito às escolhas da Europa em termos de acolhimento de migrantes.
Uma mudança de ritmo
"Esperamos que estes gestos toquem realmente à consciência de quem tem a tarefa e o dever de intervir em determinadas direções", afirma o arcebispo de Siena, evocando o precioso trabalho subterrâneo das associações de caridade. Ao mesmo tempo, a resistência não deve ser esquecida diante dos constantes apelos do Papa sobre certas questões. "Infelizmente, também nas nossas comunidades há pessoas que menos compreendem o valor e a importância evangélica destes discursos, embora o que o Papa diz essencialmente sobre o acolhimento seja uma exortação a aplicar o Evangelho na realidade." Mas qual é a razão do comportamento de alguns cristãos? “Não escondemos o fato de que além de se distrair com as preocupações relacionadas ao trabalho e à pandemia, existe um pequeno grupo que talvez pense que a fé católica só deve ser defendida e que tudo o que vem do outro representa uma ameaça. No entanto, esta é claramente uma deturpação do pensamento cristão e evangélico”.
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