O Papa às Igrejas Orientais: votos de um Natal de paz
Giancarlo La Vella – Vatican News
Nesta sexta-feira (07/01), as Igrejas Orientais, que seguem o calendário juliano, celebram o Natal. Todas receberam a saudação sincera do Papa Francisco através deste tuíte do Pontífice: "Dirijo com afeto os meus melhores votos de paz e de bem aos irmãos e irmãs das Igrejas Orientais, quer Católicas como Ortodoxas, que celebram o Natal do Senhor: que Cristo, nascido da Virgem Maria, ilumine as vossas famílias e as vossas comunidades!"
Outro Natal em tempos de pandemia
"A festa do Natal é particularmente sentida este ano pelas Igrejas Orientais, tanto católicas quanto ortodoxas. As dificuldades impostas pela pandemia hoje exigem a redescoberta do sentido de unidade, da comunhão que o nascimento de Jesus evoca." É o que afirma numa entrevista à Rádio Vaticano-Vatican News, o sacerdote salesiano de rito greco-católico, pe. Maksym Ryabukha. "Neste Natal", continuou ele, "precisamos reforçar o sentido de fraternidade".
Padre Maksym, o Natal das Igrejas que seguem o Calendário Juliano é cada vez mais um momento de fraternidade entre todas as realidades cristãs. Qual é o significado do nascimento do Senhor hoje?
Padre Maksym: É o sentido de uma grande unidade, unida em Deus que nasce para todos nós, nasce procurando os mais pobres, os mais esquecidos, os mais desanimados, pessoas que vivem tempos difíceis. Essas pessoas eram tão numerosas na época do nascimento de Jesus, há mais de dois mil anos, mas também hoje em nosso tempo. Mas, apesar de tudo, o Natal traz um sentido muito especial, um clima que quase muda o ar que respiramos, porque o Natal no Oriente é também uma festa de grande unidade, de grande familiaridade, que reúne a todos sob o teto da casa paterna, que nos traz de volta ao ventre da vida. Levando você de volta à união, também lhe dá uma visão de esperança, uma nova perspectiva para a qual olhar não sozinho, mas em juntos. O Natal significa não só estar junto com as pessoas que vivem ao seu lado, mas também olhar o mundo com novos olhos, olhos cheios de confiança e esperança, cheios daquela visão de futuro também Celestial, mas também dirigida ao nosso quotidiano.
É um Natal está sendo celebrado mais uma vez num momento de pandemia. Que esperança esta solenidade pode nos oferecer hoje?
Padre Maksym: Primeiramente, a esperança de um retorno a uma vida mais aberta. Estes últimos anos criaram uma sensação de medo, de desconfiança, de cansaço, de tristeza e, no entanto, o Natal ainda nos faz respirar um clima de unidade entre as pessoas. Como salesiano, trabalho no campo da educação dos jovens, e percebo o quanto neste período os jovens se tornaram mais "pesquisadores de comunicação", de uma comunicação mais real, feita de relações verdadeiras e não virtuais. As pessoas hoje estão procurando o verdadeiro homem, e a esperança do Natal é voltar a acreditar na pessoa humana, apesar de todos os medos que possam surgir no setor da saúde por causa da Covid. A esperança e a confiança são mais fortes do que todas as coisas que podem nos dividir.
O Senhor veio entre nós, fazendo-se humilde, pequeno, indefeso: uma mensagem forte nesta festividade é a do acolhimento que nunca deve faltar para com os menos afortunados?
Padre Maksym: Sim. Uma coisa muito bonita, que vem sendo praticada há mais de um ano, é a atenção dada às pessoas sem teto. Elas representam uma nova categoria de pobres, os refugiados causados por estes últimos anos de guerra em algumas partes da Ucrânia. Tentamos estar muito atentos às necessidades e dificuldades vividas por essas pessoas, criando centros de acolhimento e apoio, alimentação e trabalho. Durante o Natal fazemos muito mais, porque é o período em que no Oriente também celebramos São Nicolau, que é o protetor das crianças e de todos os necessitados. E assim, a doação de presentes, ter pensamentos especiais, estar atento às necessidades e exigências dos mais pobres é muito mais forte neste momento. O Natal nos faz pensar naqueles que estão em dificuldade. Os anos em que vivemos nos reservam muito mais dificuldades do que os anos anteriores ao coronavírus e da guerra. Ao mesmo tempo, a verdadeira esperança em Deus sobrevive, que sabe escrever reto nas linhas tortas da história em que vivemos, e na qual Ele sabe cumprir suas promessas, apesar das atitudes às vezes destruidoras dos homens.
Também é necessário olhar para os migrantes, aqueles que vêm de longe em busca de um futuro melhor...
Padre Maksym: Certamente, porque, no final das contas, muitos de nós tivemos a experiência de sermos migrantes, de ir além de nossas fronteiras em busca de uma vida mais digna. E assim, quando vemos alguém que vem de longe, devemos sentir em nossos corações suas dificuldades, a esperança que move a vida.
Pe. Maksym, o senhor se encontra na Ucrânia. O país vem passando por tempos difíceis há anos por causa do conflito em Donbass. Este Natal é o momento de pedir o presente da paz?
Padre Maksym: Sim, é um presente que sempre deve ser pedido. Tive a sorte de ser por um tempo o tradutor do núncio apostólico na Ucrânia, dom Claudio Gugerotti, e com ele tive a oportunidade de viajar e também de estar, no Natal e na Páscoa, entre as comunidades deste conflito nos territórios ucranianos. As pessoas têm muita esperança de que não sejam esquecidas e esta unidade, esta comunhão se torna viva através do Senhor, apesar das fronteiras visíveis. Elas se preocupam muito em não serem abandonadas e excluídas do mundo real, da vida que todos nós vivemos. Todos nós devemos esperar a verdadeira paz, que pode nos fazer voltar ao caminho ordinário em nossa vida terrena, para que possamos também alcançar o Céu.
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