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O Papa: a felicidade não está em aproveitar-se dos outros, mas na alegria de servir

"Jesus se opõe às atrações do mal de uma maneira vencedora. Como Ele faz isso? Respondendo às tentações com a Palavra de Deus, que diz para não tirar proveito, não usar Deus, os outros e as coisas para si mesmo, para não explorar a própria posição a fim de adquirir privilégios. Porque a felicidade e liberdade verdadeiras não estão em possuir, mas em compartilhar; não em aproveitar-se dos outros, mas em amá-los; não na obsessão com o poder, mas na alegria de servir": disse Francisco no Angelus

Raimundo de Lima – Vatican News

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus rezada com os fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, ao meio-dia deste I Domingo da Quaresma, o Santo Padre, ateve-se à página do Evangelho do dia, que traz as tentações sofridas por Jesus no deserto.

O Evangelho de hoje, disse o Santo Padre, “nos leva ao deserto, onde Jesus é conduzido pelo Espírito Santo, durante quarenta, dias para ser tentado pelo diabo (cf. Lc 4,1-13). O deserto simboliza a luta contra as seduções do mal, a fim de aprender a escolher a verdadeira liberdade”.

Jesus, de fato, vive a experiência do deserto pouco antes de começar sua missão pública. É precisamente através desta luta espiritual que Ele afirma de forma decisiva que tipo de Messias pretende ser, observou o Pontífice convidando a olhar então de perto as tentações contra as quais Jesus combate.

A posse de coisas, de poder, de fama: o núcleo das tentações

Duas vezes o diabo dirige-se a Ele e diz: "Se és o Filho de Deus...". Ou seja, propõe-lhe a explorar sua posição: primeiro para satisfazer as necessidades materiais que sente; depois para aumentar seu poder; por fim, para obter um sinal prodigioso de Deus.

É como se estivesse dizendo: "Se és o Filho de Deus, aproveita", ou seja, "pensa em teu proveito". É uma proposta sedutora, mas leva à escravidão do coração: nos torna obcecados pelo desejo de ter, reduz tudo à posse de coisas, de poder, de fama. Este é o núcleo das tentações. É "o veneno das paixões" no qual o mal cria raízes.

Mas Jesus se opõe às atrações do mal de uma maneira vencedora. Como Ele faz isso? Respondendo às tentações com a Palavra de Deus, que diz para não tirar proveito, não usar Deus, os outros e as coisas para si mesmo, para não explorar a própria posição a fim de adquirir privilégios. Porque a felicidade e liberdade verdadeiras não estão em possuir, mas em compartilhar; não em aproveitar-se dos outros, mas em amá-los; não na obsessão com o poder, mas na alegria de servir.

Não se compactua com o mal

Irmãos e irmãs, estas tentações também nos acompanham no caminho da vida. Devemos estar vigilantes, porque muitas vezes elas se apresentam sob uma forma aparente de bem. De fato, o diabo, que é astuto, usa sempre o engano. Ele queria que Jesus acreditasse que suas propostas eram úteis para demonstrar que era realmente o Filho de Deus. E assim também faz conosco: muitas vezes chega "com olhos dóceis", "com um rosto angelical"; sabe até se disfarçar de motivos sagrados, aparentemente religiosos!

Se cedermos a suas lisonjas, prosseguiu Francisco, acabamos justificando nossa falsidade disfarçando-a com boas intenções: "Fiz negócios estranhos, mas ajudei os pobres"; "aproveitei meu papel, mas também para o bem"; "cedi aos meus instintos, mas no final não fiz mal a ninguém", e assim por diante.

Por favor: com o mal, nada de compactuar com ele! Não se deve dialogar com a tentação, não se deve cair naquele sono de consciência que faz dizer: "afinal, não é grave, todos fazem assim"! Olhemos para Jesus, que não procura acomodamentos, não faz acordos com o mal. Ele se opõe ao diabo com a Palavra de Deus e assim vence as tentações.

Reservar um tempo para o silêncio e a oração

“Que este tempo de Quaresma – concluiu o Papa - seja também um tempo de deserto para nós. Reservemos um tempo para o silêncio e a oração, durante o qual podemos parar e olhar o que está mexendo em nossos corações. Façamos clareza interior, colocando-nos diante da Palavra de Deus em oração, para que uma luta benéfica contra o mal que nos escraviza, uma luta pela liberdade, possa ter lugar dentro de nós. Peçamos a Nossa Senhora que nos acompanhe no deserto quaresmal e que nos ajude em nosso caminho de conversão.”

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06 março 2022, 12:23

O que é o Angelus?

O Angelus é uma oração recitada em recordação do Mistério perene da Encarnação três vezes ao dia: às 6 da manhã, ao meio-dia e às 18 horas, momento em que é tocado o sino do Angelus.

O nome Angelus deriva do primeiro verso da oração – Angelus Domini nuntiavit Mariae – que consiste na leitura breve de três simples textos sobre a Encarnação de Jesus Cristo e a recitação de três Ave Marias.

Esta oração é recitada pelo Papa na Praça São Pedro ao meio-dia de domingo e nas Solenidades. Antes de recitar o Angelus, o Pontífice também faz uma breve reflexão inspirando-se nas leituras do dia. Seguem as saudações aos peregrinos.

Da Páscoa até Pentecostes, ao invés do Angelus, é recitado o Regina Coeli, que é uma oração em recordação da ressurreição de Jesus Cristo, ao final do qual é recitado o Glória três vezes.

Últimos Angelus / Regina Coeli

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