O Papa: garantir que não haja pacientes da série “A" ou de série “B
Silvonei José, Manoel Tavares - Vatican News
O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado (04/6), no Vaticano, os membros da Confederação “Federsanità”, que reúne Empresas italianas no campo da Saúde, Hospitais e Institutos de Hospitalização e Cuidados Científicos, acompanhados de representantes da Associação dos Municípios Italianos.
Em seu discurso, o Papa recordou, inicialmente, a figura de São José Moscati, um “bom samaritano” que soube encarnar um estilo próprio de um cuidado integral no território.
Com o trabalho da sua Confederação, disse Francisco aos presentes, vocês contribuem para manter uma relação entre o centro e a periferia, entre os pequenos e os grandes, tecendo relações e promovendo caminhos de integração social e assistencial.
Partindo da precisa identidade deste organismo, o Papa propôs três "antídotos", que podem ajudar seus membros a percorrer o caminho traçado: proximidade, totalidade e bem comum.
Falando sobre o primeiro antídoto, a “proximidade”, Francisco disse que se trata de uma auto referência, ou seja, ver o paciente como outro “eu”, rompendo as correntes do egoísmo, derrubando o pedestal, no qual, às vezes, somos tentados a subir, reconhecendo neles nossos irmãos, independentemente da língua, proveniência, condição social ou condição de saúde. E o Papa acrescentou:
“Se nas pessoas que encontramos nas enfermarias dos hospitais, nos asilos, nos ambulatórios, conseguirmos ver, antes de tudo, nossos irmãos e irmãs, tudo muda; cuidar deles deixa de ser uma questão burocrática e se torna encontro, acompanhamento, partilha. O nosso é um Deus da proximidade, não um Deus distante, inacessível".
Ele mesmo Deus caminha conosco pelas estradas acidentadas deste mundo, como fez com os discípulos de Emaús. A proximidade significa também encurtar as distâncias, garantindo que não haja pacientes da série “A" ou de série “B", e que ninguém seja excluído dos cuidados sociais e da saúde.
A seguir, Francisco explicou o segundo antídoto: a “totalidade”, que se opõe à fragmentação e à parcialidade. Devemos pensar no conceito de saúde a partir de uma perspectiva integral, que abraça todas as dimensões da pessoa, independentemente da sua condição psicológica, social, cultural e espiritual. Jesus curava além de erradicar o mal físico do corpo; Ele restaurava a dignidade da pessoa e a reintroduzia na sociedade, dando-lhe uma vida nova.
Devemos, pois, contrapor a “cultura do descarte” em uma sociedade que vê o doente como um peso. As patologias podem marcar o corpo, confundir os pensamentos, retirar as forças, mas nunca podem aniquilar o valor da vida humana, que deve ser sempre protegida, desde a sua concepção até o fim natural.
Por fim, o Papa tratou do terceiro antídoto: o “bem comum”. Também no sector da saúde, prevalece a tentação de fazer valer as vantagens econômicas ou políticas: o valor da justiça, sem distinção entre povos e nações, leva à busca do bem comum, o bem estar de cada um. A pandemia causou um abismo entre as desigualdades e aumentou os conflitos. Em vez disso, precisamos trabalhar para que todos tenham acesso aos cuidados, para que o sistema de saúde seja apoiado e promovido e continue sendo gratuito. Enfim, Francisco concluiu seu discurso recordando:
“Proximidade, integridade e bem comum são estes os três antídotos que lhes deixo, com o desejo de que continuem a trabalhar pelo serviço dos enfermos e da sociedade em geral. Que São José Moscati os guie em sua lida diária e lhes conceda a sabedoria de cuidar e preservar de quem têm necessidade”.
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