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Mensagem do Papa à Assembleia-Sínodo das Igrejas Batista, Metodista e Valdense da Itália

Para a ocasião, o Papa Francisco enviou uma Mensagem, da Casa Santa Marta, no Vaticano, aos “queridos irmãos e irmãs”, reunidos na cidadezinha do Piemonte, Torre Pellice.

Donatella Coalova

Conclui-se, nesta terça-feira (23/8), em Torre Pellice, província italiana de Turim, a Assembleia anual de dois dias do Protestantismo italiano. O evento, este ano, foi organizado de modo diferente: de 21 a 23 de agosto, a Assembleia-Sínodo da V sessão conjunta da Assembleia Geral da União Cristã Evangélica Batista da Itália (Ucebi) e o Sínodo das Igrejas Valdense e Metodista; de 24 a 26 de agosto, continuam os trabalhos do Sínodo Valdense e Metodista. Participaram da Assembleia-Sínodo 120 Batistas - 70 presentes e 50 on-line - e 180 membros sinodais - metade pastores e metade leigos, todos presentes.

Para a ocasião, o Papa Francisco enviou uma Mensagem, da Casa Santa Marta, no Vaticano, aos “queridos irmãos e irmãs”, reunidos na cidadezinha do Piemonte, aos quais exortou: “Faço votos de que o olhar possa iluminar sempre mais nossas relações, mediante percursos intensos e fraternos. Somos seus discípulos que ele, o Bom Pastor, deseja plenamente unidos. Diante de um mundo, marcado por divisões e dilacerado por guerras, onde a indiferença e o egoísmo parecem prevalecer, a nossa missão é testemunhar a beleza e fecundidade da hospitalidade, a partilha e o amor. Assim, todos poderão reconhecer, com o nosso testemunho cristão, a presença de Deus, que é mais forte que o mal”.

Muito intensa também a mensagem de dom Derio Olivero, bispo de Pinerolo e presidente da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo da Conferência Episcopal Italiana: "Admiro a sua tradição sinodal e sei que tenho muito a aprender de vocês. O ecumenismo também significa ‘partilhar a parte melhor com os outros, para que os outros possam dar o que têm de melhor’; assim, colocamos à sua disposição o que temos de melhor. Acompanho seu Sínodo com ‘a atitude de aprender o que vocês têm de "melhor", para prosperar no nosso caminho sinodal: um caminho comum, para construir, juntos, um cristianismo melhor a serviço dos homens e mulheres do nosso tempo”.

Por sua vez, a moderadora da Mesa Valdense, Alessandra Trotta, observa: “O momento atual é repleto de promessas e desafios. Lançando um olhar à vida interna das comunidades, pode-se notar certo florescimento de muitas iniciativas, mas também a diminuição do número de homens e mulheres, que optam de oferecer a sua vida ao serviço pastoral e diaconal. Em resposta a esta situação, há necessidade de um forte sentido de responsabilidade, obra ministerial partilhada, pacto vocacional e não renunciar ao próprio engajamento. Nossa Igreja, devido à sua pequenez, é militante ou não sobrevive”.

“Outro tema, profundamente importante, que emerge no debate sinodal - diz ainda a moderadora - é “ser crentes e cidadãos”. Por isso, abordamos as sociedades abertas e acolhedoras, migração e trabalho, bem estar, justiça social e emergências ambientais”.

Sobre o tema do Ecumenismo, Alessandra Trotta, recorda que uma delegação Valdense participará da XI Assembleia Geral do “Conselho Mundial de Igrejas” (CMI), que se realizará em Karlsruhe, Alemanha, de 31 de agosto a 8 de setembro. A este respeito, a moderadora afirma: "A guerra na Ucrânia está tendo fortes repercussões sobre a vida das Igrejas. Alguns pediram a exclusão da Igreja Ortodoxa Russa do Conselho Mundial de Igrejas. Somos contrários a todo tipo de prevaricação, mas não acreditamos na utilidade das exclusões. Ao invés disso, buscamos caminhos de paz, também com prementes apelos. Em um mundo, cada vez mais fragmentado, o pacto de “Reconhecimento mútuo” entre Batistas, Valdenses e Metodistas nos enche de alegria”.

A propósito, o presidente da UCEBI - União Cristã Evangélica Batista da Itália, - Giovanni Paolo Arcidiacono, fez uma referência particular ao documento sobre o “Reconhecimento mútuo”, colocado à disposição dos delegados da Assembleia-Sínodo de 2022: "Em 1990, em Roma, não obstante as várias histórias e diferentes pontos de vista sobre o Batismo – às crianças para os Metodistas e Valdenses, e aos crentes para os Batistas -, como também sobre a eclesiologia, os Batistas, Metodistas e Valdenses começaram a percorrer um caminho comum de fé, cientes de que, unidos em Cristo, podemos descobrir o dom do outro como obra do Espírito (Cf. I Cor 12,11) e a variedade dos carismas como riqueza comum (Cf. I Cor 12,7)”. Esta V Assembleia-Sínodo do Protestantismo italiano – conclui o Presidente da UCEBI – pretende renovar o pacto de ‘Reconhecimento mútuo’, assinado em 1990, destinado à missão comum de anunciar o Evangelho na Itália e à partilha do amor de Deus, que se reflete na vida de cada um dos irmãos e irmãs das Igrejas”.

A inauguração dos trabalhos do Assembleia-Sínodo, no último domingo (21/8), no templo de Torre Pellice, teve início com um solene culto, presidido pelo pastor Valdense, Daniele Bouchard, e pelo pastor Batista, Lino Gabbiano. Ambos idealizaram, prepararam e dirigiram a liturgia, que teve como tema principal: "Esperar contra toda esperança" (Rm 4,18).

A pastora, Gesine Traversari, abordou o tema da “confissão dos pecados e o anúncio do perdão”: um sermão que ofereceu uma leitura profunda do momento da atualidade, marcado por muitos motivos de preocupação na Itália, no mundo, nas Igrejas. À luz dos trechos bíblicos (II Cor 4,8-11 e Is 65,17-25), os dois pastores reafirmaram, de forma incisiva e envolvente, que a esperança brota de uma fé incessantemente em Deus. Durante o culto, Sara Heinrich, de origem alemã e casada com um italiano, foi consagrada ao ministério pastoral e será a pastora na cidade de Lucca.

A partir desta quarta-feira (24/8), os temas escolhidos pela Comissão examinadora serão, gradualmente, aprofundados e discutidos pelos deputados sinodais: “Vida da Igreja, comunicação e cultura, relações ecumênicas, relações com o Estado, balanço econômico, comissões administrativas sinodais, meio ambiente e transição ecológica.

A relatora da Comissão examinadora, pastora Joylin Galapon, declarou: “O trabalho da Comissão, que, desta vez, era toda feminina, composta por seis mulheres, foi desafiador e emocionante, porque permitiu conhecer a fundo a nossa Igreja, em todos os seus aspectos. Fiquei feliz de fazer esta experiência; é bom trabalhar juntos, de forma colegial”.

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23 agosto 2022, 14:11