Papa aos Institutos Seculares: estejam onde os direitos são violados e a guerra divide os povos
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (25/08), na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes da Assembleia Geral da Conferência Mundial dos Institutos Seculares (CMIS).
Em seu discurso, o Papa ofereceu algumas reflexões para ajudá-los "a considerar a peculiaridade da vocação que lhes foi dada, para que seu carisma se torne mais incisivo no tempo em que vivemos".
Viver a precariedade do provisório
Segundo Francisco, "o termo secularidade, que não equivale plenamente ao de laicidade, é o centro da vocação" dos Institutos Seculares "que manifesta a natureza secular da Igreja, do Povo de Deus, no caminho entre os povos e com os povos. É a Igreja em saída, não distante ou separada do mundo, mas imersa no mundo e na história para ser ali sal e luz, germe de unidade, esperança e salvação. A missão que vocês desempenham é peculiar e os leva a estar no meio das pessoas, a conhecer e entender o que acontece nos corações dos homens e mulheres de hoje, a se alegrar com eles e sofrer com eles, com o estilo de proximidade, que é o estilo de Deus".
O Papa frisou que a força e a coragem para se colocar a serviço dos outros com generosidade e tomar decisões que testemunham, "são encontradas na oração e na contemplação silenciosa de Cristo. O encontro orante com Jesus enche o coração de sua paz e seu amor que vocês poderão doar aos outros. A busca assídua por Deus, a familiaridade com as Sagradas Escrituras e a participação nos sacramentos são a chave para a fecundidade de suas obras".
Não há um destino solitário
De acordo com o Pontífice, a vocação dos Institutos Seculares "é uma vocação de fronteira", e em várias ocasiões, os membros de Institutos Seculares "afirmaram que nem sempre são conhecidos ou reconhecidos pelos pastores e essa falta de estima talvez os levou a se retirar, a evitar o diálogo, e isso não é bom. No entanto, sua vocação abre caminhos".
Penso nos contextos eclesiais bloqueados pelo clericalismo, que é uma perversão, onde sua vocação fala da beleza de uma secularidade abençoada, abrindo e aproximando a Igreja de cada homem e mulher. Penso nas sociedades onde os direitos das mulheres são negados e onde vocês, como aconteceu também na Itália com a beata Armida Barelli, têm a força para mudar as coisas promovendo sua dignidade. Penso nessas realidades, que são muitas, como a política, a sociedade, a cultura, em que se renuncia a pensar, em que se padroniza de acordo com a corrente dominante ou a própria conveniência, enquanto vocês são chamados a recordar que o destino de cada ser humano está unido ao dos outros. Não há um destino solitário.
Banir costumes que não dizem mais nada a ninguém
O Papa convidou os participantes da Assembleia Geral da Conferência Mundial dos Institutos Seculares, a não se cansarem de "mostrar o rosto de uma Igreja que precisa se redescobrir a caminho com todos, e acolher o mundo com suas fadigas e com a beleza que há nele".
A Igreja não é um laboratório para se tranquilizar e descansar. A Igreja é uma missão. Somente juntos podemos caminhar como povo de Deus, como pessoas que buscam o sentido junto com os homens e mulheres do nosso tempo, guardiões da alegria de uma misericórdia feita carne em nossa vida. Esse percurso exige banir costumes que não dizem mais nada a ninguém, romper esquemas que impedem o anúncio, sugerindo palavras encarnadas, capazes de alcançar a vida das pessoas porque são nutridas da vida delas e não de ideias abstratas. Ninguém dá testemunho com ideias abstratas. Ou você evangeliza com sua vida, e este é o testemunho, ou você é incapaz de evangelizar.
O Papa os encorajou "a fazer a secularidade presente na Igreja com afabilidade, sem reivindicações, mas com a determinação e a autoridade que vem do serviço". "Ouçam o Espírito Santo com docilidade para entender como tornar suas obras cada vez mais eficazes, inclusive trilhando novos caminhos que tornam visível a riqueza que vocês têm", concluiu Francisco.
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