São Paulo VI seguia o Apóstolo cujo nome assumira
Vatican News
Enquanto se delineava uma sociedade "secularizada e hostil", Paulo VI soube conduzir com "sabedoria visionária" e "às vezes na solidão", o leme do barco de Pedro, sem perder a alegria e a confiança no Senhor. Com estas palavras pronunciadas em 19 de outubro de 2014, o Papa Francisco beatificou Giovanni Battista Montini, falecido em 6 de agosto de 1978 em Castel Gandolfo, na festa litúrgica da Transfiguração do Senhor.
Quatro anos depois na cerimônia de sua canonização, em 14 de outubro de 2018, o Papa Francisco recordou o santo e a sua evangelização:
“Paulo VI, seguia o exemplo do Apóstolo cujo nome assumira. Como ele, consumiu a vida pelo Evangelho de Cristo, cruzando novas fronteiras e fazendo-se testemunha d’Ele no anúncio e no diálogo, profeta duma Igreja extroversa que olha para os distantes e cuida dos pobres. Mesmo nas fadigas e no meio das incompreensões, Paulo VI testemunhou de forma apaixonada a beleza e a alegria de seguir totalmente Jesus. Hoje continua a exortar-nos, juntamente com o Concílio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a vocação universal à santidade; não às meias medidas, mas à santidade”.
A mensagem de humanidade
O redentorista Antonio Marrazzo, postulador da causa de canonização de Montini, recorda o santo quando falava da “vida do homem” nas suas meditações: “Esta vida mortal é, apesar de suas dificuldades, seus obscuros mistérios, seu sofrimento e sua fragilidade inevitável, um fato belíssimo, um prodígio sempre original. É digna de ser cantada em alegria". E recorda que a mensagem de humanidade do Papa Paulo VI pode ser encontrada no seu “Pensamento da morte”:
“De nada, de fato, nos teria valido nascer se não nos tivesse servido para sermos remidos. Esta é a descoberta do préconio, pascal, e este é o critério de valorização de todas as coisas respeitantes à existência humana em seu verdadeiro e único destino, que se determina apenas em ordem a Cristo. Maravilha das maravilhas, o mistério da nossa vida em Cristo. Aqui a fé, aqui a esperança, aqui o amor cantam o nascimento e celebram as exéquias do homem. Eu creio, eu espero, eu amo, no Teu nome, ó Senhor”.
Atenção ao homem
“Paulo VI – continua o redentorista - desde quando era jovem sacerdote se preocupou com os últimos. Seu legado consiste precisamente nesta grande guinada que deu à Igreja: devemos prestar atenção ao homem na mesma medida com a qual Deus presta atenção, com esta atitude – diria hoje o Papa Francisco - de misericórdia, de uma misericórdia que Montini nos faz entender que é feita de ternura, de atenção, de compreensão do limite do homem, sem julgar inutilmente, mas buscando antes construir. Montini falou de civilização do amor, o amor que não é baseado na condenação, mas na compreensão e na recuperação, porque em cada homem permanece o traço de Deus, que devemos tentar fazer sair fora, desabrochar."
Igreja serva da humanidade
O pontificado de Paulo VI durou 15 anos e começou imediatamente após o Conclave em junho de 1963, quando o cardeal Montini, sacerdote e bispo de origem lombarda, nascido em Concesio em 1897, foi escolhido para levar a seu termo o Concílio Vaticano II e guiá-lo com mão segura, para uma Igreja "samaritana", "serva da humanidade", mais inclinada a "mensagens de confiança" do que a "presságios fatais".
Dos precedentes anos na diplomacia, permanece a arte da escuta e da construção da paz. Do trabalho com os jovens, desponta a transmissão de uma fé inteligente e livre, de uma cultura sedenta de verdade e aberta ao diálogo. No período como arcebispo de Milão, transmite uma forte experiência de uma Igreja do povo, próxima às pessoas, e junto com a modernidade.
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