Papa à nova geração de "consultores integrais": ser ponte entre paradigmas econômicos
Andressa Collet - Vatican News
A entrada do Papa Francisco na Sala Paulo VI nesta quinta-feira (22) foi envolvida por uma interpretação da Ave Maria, uma das canções católicas mais tradicionais e eternizadas por diferentes versões. A música antecipava mais uma de uma série de audiências do dia, quando o Pontífice recebeu cerca de 600 pessoas que representavam o grande grupo de 3.500 colaboradores da Deloitte, líder em serviços de auditoria, consultoria e assessoria financeira com uma "uma grande responsabilidade", acrescentou o Pontífice. A empresa global com sede em Londres auxiliou a Comissão para a Covid-19 do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, segundo informou a secretária, Irmã Alessandra Smerilli, que apresentou o grupo ao Papa.
A geração de consultores integrais
Um grupo que Francisco exortou a trabalhar de maneira "integral" através das análises e propostas oferecidas a organizações, tornando-se, assim, "consultores integrais" que lidam com a dignidade das pessoas, com o cuidado da casa comum e valores econômicos e sociais. Um grande desafio se pensarmos nos últimos 15 anos vividos com "graves e contínuas crises", lembrou o Papa em discurso: a grande recessão de 2007, a dívida soberana, a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia com as suas ameaças globais.
Enquanto isso, recordou ainda Francisco, o planeta continuou sofrendo com conflitos 'cruéis' em todo o mundo, a explosão da migração, a mudança climática, a pobreza endêmica porque, nos últimos anos, "enquanto uma parte de homens e mulheres melhorava a própria vida cotidiana, outra parte sofria com escolhas sem escrúpulos, tornando-se as principais vítimas de uma espécie de contra-desenvolvimento". O Papa disse desejar que os consultores dessa nova geração ajudem as organizações a construirem "aquela ponte necessária entre o paradigma econômico presente" com o "paradigma emergente", baseado na "inclusão, sobriedade, cuidado e bem estar".
Corrigindo a rota para ajudar o mundo
Com essa "humanidade globalizada e interligada" permanecem, porém, "a pobreza, a injustiça e as desigualdades" por causa do agravamento de várias condições fundamentais de base necessárias para uma vida digna. Um tema que está sendo colocado em debate, inclusive, no "Economia de Francisco", um movimento mundial que até sábado (24) recebe centenas de jovens na cidade italiana de Assis.
Neste cenário, o Pontífice apresentou um questionamento já com suas respostas: como o consulente "pode ajudar a reverter ou pelo menos corrigir essa rota"? São três as sugestões do Papa. A primeira é a "consciência de que vocês podem deixar uma marca" na direção do desenvolvimento humano integral, em virtude do "poder" de uma empresa como a Deloitte:
"Ajudar a conhecer para ajudar a decidir. Isso atribui [...] à capacidade de orientar as escolhas, de influenciar os critérios, de avaliar as prioridades para as empresas, universidades, órgãos supranacionais, governos nacionais e locais, e para aqueles que tomam decisões em nível político. Vocês são bem conscientes desse 'poder' que têm."
As respostas coerentes são uma responsabilidade
A segunda sugestão do Papa foi para "assumir e exercer a responsabilidade cultural", entendida como "assegurar uma qualidade profissional adequada, e também uma qualidade antropológica e ética que permita sugerir respostas coerentes com a visão evangélica da economia e da sociedade, "em outras palavras, com a doutrina social católica".
A terceira sugestão, portanto, foi a de "valorizar a diversidade". Instituições, empresas, bancos, associações, movimentos e todas as entidades criadas pelo homem "têm o direito, se honesta e corretamente administradas, de ser capazes de salvaguardar e desenvolver sua própria identidade", disse o Papa, falando de uma "biodiversidade empreendedora". E Francisco então finalizou o discurso ao repetir:
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