Francisco: mais dignidade ao trabalho dos marítimos
Antonella Palermo – Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes do 25º Congresso Mundial de Stella Maris (Apostolado do Mar) que teve início no último domingo (02/09), em Glasgow, na Escócia, e prossegue até o próximo dia 5. Este é o primeiro encontro em presença de Stella Maris após as restrições ligadas à pandemia. Encontro que possibilita a celebração do centenário de fundação. Na mensagem, o Papa Francisco saúda os participantes e agradece "pelo testemunho de fé e pelos vários atos de gentileza e caridade mostrados por muitos capelães e voluntários ao longo do último século para com aqueles que trabalham em nossos mares e em nossas hidrovias para o bem de todos nós".
Servir quem tira do mar os meios de subsistência
No texto, Francisco lembra que Stella Maris cresceu e se difundiu, "fornecendo assistência espiritual, psicológica e material, nos navios e no solo, a marítimos e funcionários de diferentes nacionalidades e tradições religiosas". O Papa lembra também que cerca de 90% das mercadorias do mundo são transportadas por navios, isso é possível graças ao trabalho cotidiano de mais de um milhão e quinhentas mil pessoas. Uma condição agravada pela pandemia pela qual o Pontífice volta a manifestar sua proximidade.
Atenção à privação da dignidade na comunidade marítima
"Apesar dos avanços tecnológicos", escreve o Papa, "muitos marítimos estão sujeitos não só aos desafios associados à separação de suas terras de origem, mas também continuam "sofrendo uma série de condições de trabalho injustas e outras privações, agravadas também pelos efeitos das Mudanças Climáticas".
Além disso, os danos aos ambientes marinhos, assim como outros, afetam desproporcionalmente os mais pobres e vulneráveis de nossos irmãos e irmãs, cujos meios de subsistência estão ameaçados de extinção. Acredito, portanto, que Stella Maris nunca hesitará em chamar a atenção para as questões que privam muitas pessoas dentro da comunidade marítima de sua dignidade humana dada por Deus.
À luz dessas reafirmações, o Papa abençoa o trabalho de Stella Maris, esperando que seja dada grande atenção a esses temas e às condições de vida muitas vezes esquecidas.
Czerny: implementar as Convenções sobre o trabalho marítimo e pesca da OIT
Numa mensagem de vídeo durante a abertura dos trabalhos do congresso, o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny SJ, lembrando a gênese do Apostolado do Mar que hoje trabalha em 400 portos no mundo de cerca de cinquenta países - elogia os capelães, os voluntários e a equipe de Stella Maris por seu "compromisso e serviço incansáveis". Ele cita a história do padre Roque Noronha, ex-diretor nacional de Stella Maris Índia, que realizou seu ministério "de forma desinteressada", terminando vítima da Covid-19. O cardeal Czerny também denuncia como "deplorável" a negação de férias no solo e do acesso aos serviços sociais; a violência e o abuso no mar, através da pirataria e escravidão; o abandono, muitas vezes com salários não pagos e alimentos e suprimentos escassos. Ele ressalta que em 2021 houve um número recorde de abandonos de navios. "Como Igreja, instamos governos e instituições a implementar e aplicar a Convenção do Trabalho Marítimo e a Convenção do Trabalho na Pesca da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Stella Maris está pronta para trabalhar estreitamente com os governos, os sindicatos e a indústria marítima em apoio aos marítimos e pescadores.
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