O Papa: vivemos um cenário sombrio que requer uma obra reparadora
Antonella Palermo – Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da 12ª Edição do Festival de Doutrina Social da Igreja que teve início, nesta quinta-feira (24/11), na cidade italiana de Verona. Confiança e paixão: este é o "sinal duplo" que Francisco nos convida a seguir num percurso que ele define como "mais necessário do que nunca".
A importância de "construir" em tempos de conflito
O bem comum não é uma mera possibilidade, mas "o cimento sobre o qual construir uma sociedade justa, verdadeira e bonita". O Papa o recorda nesse texto em que acolhe a escolha do tema deste ano: “Construir a confiança. A paixão do encontro". Em seguida, o pensamento se volta para a atual conjuntura histórica, minada pela escuridão que resulta dos efeitos nefastos das guerras.
Vivemos numa época de grandes conflitos que parecem negar essa atitude de confiança nos outros, sustentada por um sentimento de segurança e tranquilidade. Pensemos nos muitos conflitos em andamento no mundo - estamos na terceira guerra mundial! - e na pobreza resultante, no sofrimento, nas vítimas inocentes, no futuro negado às crianças... Um cenário sombrio, que exige uma intervenção decisiva com uma obra reparadora. Neste sentido, o verbo que vocês escolheram, construir, é muito apropriado, ressalta o Papa.
E aqui volta a metáfora dos artesãos, construtores de paz, beleza e confiança.
A confiança não pode existir sem o outro
A seguir, Francisco ressalta que não se pode transcurar a planificação e confiar no acaso.
A planificação representa a capacidade de colocar ordem nas ideias, nas iniciativas, nos impulsos apaixonados, respeitando o tempo para que tudo se realize e os tempos de cada pessoa. Somente assim a construção realizada poderá resistir às tempestades da história. E o sinal da confiança será a indicação necessária para manter toda a estrutura firme.
O Papa cita as palavras do profeta Jeremias que, diz, “indica aquele além que permite não permanecer escravos de interesses partidários e ter uma perspectiva que supera limites e contradições”. Depois, se pergunta em quem o homem de hoje confia.
O encontro deve se tornar nosso maior desejo
O encontro é a base da confiança e a paixão é aquela "centelha que aquece os corações e faz abrir os braços ao outro", insiste o Papa, recordando a solicitação, contida na Fratelli tutti, a ir além de si mesmos.
Esta é a dimensão que nos permite transformar o egoísmo em fraternidade, a indiferença em paixão, as espadas em arados e as lanças em foices. Esta é a estrada para sair da lógica da guerra que vê no outro o inimigo, a ameaça, o usurpador, e para traçar possíveis caminhos de paz, sublinha ainda Francisco.
O Papa conclui sua mensagem, convidando a "promover e alimentar", cada um em seu âmbito, esse tipo de cultura, seguindo o exemplo do pe. Adriano Vincenti que, "com paixão", projetou o Festival atual.
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