Papa Francisco aos budistas: juntos para curar as feridas do mundo
Silvonei José – Vatican News
“A pobreza e a falta de respeito pela dignidade dos marginalizados causam muito sofrimento e desânimo em nosso tempo; portanto, devem ser combatidos com processos concertados que promovam a consciência da fragilidade radical de nossos contextos ambientais”: foi o que disse o Papa Francisco recebendo nesta manhã de quinta-feira (19/01), no Vaticano, uma delegação de budistas combojanos, assim como os representantes da sociedade civil.
Francisco agradeceu pela visita, que visa consolidar a amizade duradoura como líderes religiosos comprometidos em melhorar a cooperação inter-religiosa.
Num momento em que a família humana e nosso planeta enfrentam graves ameaças, - recordou o Papa – “os senhores escolheram oportunamente a 'Conversão Ecológica' como tema para seu encontro”. Este é um sinal positivo da crescente sensibilidade e preocupação pelo bem-estar da Terra, a nossa Casa comum, e pelas importantes contribuições que, inspiradas pelas crenças religiosas e tradições espirituais, podem oferecer ao seu nobre país no caminho de cura social e reconstrução econômica após as crises sócio-políticas das últimas décadas, afirmou o Santo Padre.
Depois de sublinhar que a pobreza e a falta de respeito pela dignidade dos marginalizados causam muito sofrimento e desânimo em nosso tempo, Francisco disse que “há uma necessidade urgente de buscar, através do diálogo em todos os níveis, soluções integradas baseadas no respeito da fundamental interdependência entre a família humana e a natureza.
“Por esta razão, seguindo o caminho traçado por meus antecessores, continuei a insistir no cuidado de nossa Casa comum, um cuidado que é também "uma vocação ao respeito: respeito pela criação, respeito pelo próximo, respeito de si mesmo e respeito pelo Criador"”.
O Papa Francisco no seu discurso recordou que a conversão ecológica ocorre quando se reconhecem as raízes humanas da atual crise ambiental; “quando o verdadeiro arrependimento leva a desacelerar ou deter tendências, ideologias e práticas nocivas e desrespeitosas à criação; e quando as pessoas se comprometem a promover modelos de desenvolvimento que curem as feridas infligidas pela ganância, pela busca excessiva de ganhos financeiros, pela falta de solidariedade para com os vizinhos e pelo desrespeito ao meio ambiente”. A conversão ecológica destacou ainda o Papa visa "transformar em sofrimento pessoal o que está ocorrendo no mundo, e assim reconhecer qual é a contribuição que cada pessoa pode dar".
Francisco evidencia ainda que o diálogo revela a profunda riqueza que as respectivas tradições religiosas oferecem em apoio aos esforços para cultivar a responsabilidade ecológica. Seguindo os princípios que o Buda – disse o Papa - legou a seus discípulos (Pratimoksa), incluindo a prática chamada 'metta', que consiste em não prejudicar os seres vivos, e vivendo um estilo de vida simples, os budistas podem adquirir uma atitude de compaixão para com todos os seres, incluindo a terra, seu habitat. Por sua vez, os cristãos cumprem sua responsabilidade ecológica quando, como custódios confiáveis, protegem a criação, a obra que Deus confiou ao homem para que a cultivasse e a cuidasse.
O Santo Padre concluiu suas palavras dizendo estar certo de que o encontro com os membros do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso proporcionará uma oportunidade para explorar outras formas de promover a conversão ecológica através das iniciativas empreendidas pelo diálogo budista-cristão seja no Camboja, seja em toda a região.
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