Francisco: quando Deus chama é sobretudo para servir os mais vulneráveis
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (14/01), os membros do Pontifício Colégio Norte-Americano.
No início de seu discurso, o Pontífice recordou a visita que fez ao colégio, situado em Roma, em maio de 2015, e a missa celebrada na Capela.
Queridos amigos, a sua estada aqui em Roma coincide com o caminho sinodal que toda a Igreja está realizando neste momento, um caminho que envolve a escuta do Espírito Santo e uns dos outros, para discernir como ajudar os membros do povo santo de Deus a viver o dom da comunhão e tornar-se discípulos missionários. Este é também o desafio e a tarefa a que vocês são chamados a assumir, caminhando juntos no caminho que conduz à ordenação sacerdotal e ao serviço pastoral.
Cultivar uma relação diária com Jesus
A esse propósito, o Papa partilhou com os membros do Pontifício Colégio Norte-Americano algumas breves reflexões sobre três elementos que considera essenciais para a formação sacerdotal: o diálogo, a comunhão e a missão. Segundo o Papa, "podemos vê-los na passagem do Evangelho de São João que fala sobre André e outro discípulo de João Batista que encontram Jesus, ficam com Ele por um certo tempo e depois conduzem outros, em particular Simão Pedro, ao encontro do Senhor".
O Papa então refletiu sobre o diálogo. Quando Jesus percebeu que os discípulos o seguiam, perguntou o que eles estavam procurando. Quando o questionaram sobre onde ele estava hospedado, Ele os convidou: "Venham e vejam".
Ao longo de suas vidas, sobretudo neste tempo de formação no seminário, o Senhor entra em diálogo pessoal com vocês, perguntando-lhes "o que procuram" e convidando vocês a "vir e ver", a falar com Ele abrindo o seu coração e entregar-se a Ele com confiança na fé e no amor. Trata-se de cultivar uma relação diária com Jesus, alimentada sobretudo pela oração, pela meditação da Palavra de Deus, pela ajuda do acompanhamento espiritual e pela escuta silenciosa diante do Tabernáculo. É nestes momentos de relação familiar com o Senhor que podemos escutar melhor a sua voz e descobrir como servir a Ele e ao seu povo com generosidade e de todo o coração.
O caminho da formação sacerdotal requer comunhão constante
São João também nos diz que os discípulos "permaneceram com" Jesus naquele dia. Eis o segundo elemento essencial: a comunhão. "Permanecendo com Jesus, os discípulos começaram a aprender, com suas palavras, com seus gestos e até com seu olhar, o que realmente importava para ele e o que o Pai o enviara a anunciar. Da mesma forma, o caminho da formação sacerdotal requer comunhão constante: antes de tudo com Deus, mas também com aqueles que estão unidos no corpo de Cristo, a Igreja", disse ainda Francisco.
Durante seus anos em Roma, convido-os a manter os olhos abertos tanto para o mistério da unidade da Igreja, manifestada na legítima diversidade, mas vivida na unidade da fé, quanto no testemunho profético da caridade que a Igreja, especialmente aqui em Roma, expressa com seus atos concretos de partilha e assistência aos necessitados. Espero que estas experiências os ajudem a desenvolver aquele amor fraterno capaz de ver a sagrada grandeza do próximo, de encontrar Deus em cada ser humano, de suportar os aborrecimentos da vida em comum.
Atrair com o testemunho
Por fim, a missão. "Depois de ter ficado com Jesus, André foi procurar seu irmão Simão e levou-o até Ele. Aqui vemos como o testemunho, nascido do diálogo e da comunhão com Cristo, se torna missão: os discípulos, logo que são chamados, vão atrair outros com o seu testemunho."
Segundo Francisco, "as pessoas hoje precisam que escutemos suas perguntas, suas angústias e seus sonhos, para melhor acompanhá-las ao Senhor, que reacende a esperança e renova a vida de todos". "Espero que, realizando as obras de misericórdia espirituais e corporais, através dos vários apostolados educativos e caritativos, vocês sejam sempre sinais de uma Igreja que sabe sair e encontrar-se, partilhando a presença, a compaixão e o amor de Jesus com os nossos irmãos e irmãs", concluiu o Papa.
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