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O Papa ao Círculo de São Pedro: reconheço em vós a imagem do Bom Samaritano

Nas sociedades frequentemente poluídas pela cultura da indiferença e pela cultura do descarte, como crentes somos chamados a ir contracorrente com a cultura da ternura, ou seja, de cuidar do outro como Deus cuidou de nós, de mim, de vós, de cada um de nós. Vemos isso no Evangelho: como Jesus se aproxima dos pequenos, dos marginalizados, dos últimos. Ele é o Bom Samaritano que deu sua vida por nós, necessitados de misericórdia e de perdão: disse o Papa Francisco aos sócios do Círculo de São Pedro

Raimundo de Lima – Vatican News

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

"Agradeço a Deus por todo o bem que fazeis. Nós sabemos: é Ele quem nos dá a força para fazê-lo. Mas também dou crédito a vós, que colocais todo o vosso esforço, tempo, energia, criatividade, paciência, perseverança".

Foi o que disse o Papa expressando seu agradecimento e reconhecimento aos sócios do Círculo de São Pedro, recebidos pelo Santo Padre na Sala Clementina, no Vaticano, no final da manhã desta segunda-feira (20/02).

Trabalho caritativo, expressão da vossa fé

Referindo-se ao trabalho caritativo por eles realizado, expressão também da fé que os anima e os leva adiante, o Pontífice acrescentou:

Sempre me impressiona ver os números de vossas atividades, não pelos números em si, mas porque por trás deles há tantos rostos, há histórias, há muitas vezes feridas, chagas. E assim penso em vós que encontrais estes irmãos e irmãs nos refeitórios, nos centros de escuta, no dormitório, ou nas casas-família para os pequenos hospitalizados no "Bambin Gesù", e reconheço em vós a imagem do Bom Samaritano.

A ternura

Francisco prosseguiu explicando que o Bom Samaritano, na parábola do Evangelho de Lucas, aproxima-se do homem ferido à beira da estrada, aproxima-se dele movido pela compaixão. Ele não o conhece, é um estranho, em certo sentido até mesmo um "inimigo", porque os samaritanos eram malvistos e desprezados. Mas ele se aproxima porque seu coração é tenro, não é endurecido, é capaz de ternura.

E esta é a primeira coisa que quero recomendar-vos: a ternura. Atenção, não estou falando de sentimentalismo, não. Estou falando de um traço do amor de Deus de que hoje é necessário mais do que nunca. Nas sociedades frequentemente poluídas pela cultura da indiferença e pela cultura do descarte, como crentes somos chamados a ir contracorrente com a cultura da ternura, ou seja, de cuidar do outro como Deus cuidou de nós, de mim, de vós, de cada um de nós. Vemos isso no Evangelho: como Jesus se aproxima dos pequenos, dos marginalizados, dos últimos. Ele é o Bom Samaritano que deu sua vida por nós, necessitados de misericórdia e de perdão.

Deus nos amou por primeiro

E isto, caríssimos, é a segunda coisa que nunca devemos esquecer: que amamos verdadeiramente os outros na medida em que nos reconhecemos amados por Ele, por nosso Senhor e Salvador. Ajudamos na medida em que sentimos que fomos ajudados; levantamos se nos deixamos todos os dias ser levantados por Ele. E podemos vivenciar isso no silêncio da oração, quando nos despimos de nossos papéis, de nossas posições - talvez até mesmo de nossas máscaras, Deus nos livre - e nos colocamos diante d’Ele como somos. Aí, então, Ele pode colocar Seu Espírito em nosso coração, pode nos dar Sua compaixão e ternura. E assim podemos seguir em frente. Não nós - como diria São Paulo - não nós, mas Ele conosco! Este é o segredo da vida cristã e, de uma maneira especial, do serviço caritativo.

Francisco concluiu renovando aos sócios do Círculo de São Pedro sua gratidão e encorajamento. "Não posso acompanhar-vos fisicamente nas ruas de Roma, mas faço-o com o coração e oração", disse por fim.

O Papa Francisco com os sócios do Círculo de São Pedro (Vatican Media)
O Papa Francisco com os sócios do Círculo de São Pedro (Vatican Media)

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20 fevereiro 2023, 11:45