Papa: a herança ecumênica do Sudão do Sul é um exemplo para a unidade dos cristãos
Jane Nogara - Vatican News
O último compromisso do Papa Francisco neste sábado (04) em Juba, no Sudão do Sul, foi a Oração Ecumênica junto ao Mausoléu “John Garang”, com a presença do Arcebispo de Cantuária Justin Welby e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. Francisco iniciou seu discurso recordando as orações das confissões cristãs presentes: “Acabam de se elevar, desta amada e atribulada terra, para o Céu tantas orações: vozes diferentes uniram-se, formando uma só voz. Juntos, como Povo santo de Deus, rezamos por este povo ferido”.
E logo disse que como cristãos, a primeira coisa – e a mais importante – que somos chamados a fazer é rezar, para podermos trabalhar bem e termos a força de caminhar. Rezar, trabalhar e caminhar, disse o Papa: “três verbos sobre os quais precisamos de refletir”.
Rezar
“Rezar, antes de tudo. Sem a oração, seria vão o notável empenho das comunidades cristãs na promoção humana, na solidariedade e na paz”, disse o Papa. Em seguida recordou que tinha se inspirado na figura de Moisés em um encontro precedente e agora queria se deter em um episódio decisivo, no início do caminho rumo à liberdade, ao se deparar na a barreira intransponível das águas diz ao povo: “Não tenhais medo. Permanecei firmes e vede a salvação que o Senhor fará”. A Moisés donde lhe vinha semelhante certeza, enquanto o seu povo continuava a lamentar-se apavorado?, então o Papa explica: “A união com Deus, a confiança n’Ele cultivada na oração, foi o segredo que permitiu a Moisés acompanhar o povo da opressão à liberdade”. E Francisco esclarece: Dá-se o mesmo conosco:
Nossas várias confissões
“Irmãos, irmãs, apoiemo-nos nisto: nas nossas várias Confissões, sintamo-nos unidos entre nós, como uma só família; e sintamo-nos encarregados de rezar por todos”.
Paz que brota de congregar
Jesus quer-nos ‘pacificadores’, por isso disse ainda o Papa “somos chamados a trabalhar precisamente pela causa da paz”. E explica que a paz de Deus “não é apenas uma trégua entre os conflitos, mas uma comunhão fraterna, que brota de congregar, não de absorver; de perdoar, não de suplantar; de reconciliar-se, não de impor-se”. “Trabalhemos incansavelmente”, disse, “por esta paz que o Espírito de Jesus e do Pai nos convida a construir: uma paz que integra as diversidades, que promove a unidade na pluralidade. Esta é a paz do Espírito Santo, que harmoniza as diferenças, ao passo que o espírito inimigo de Deus e do homem aproveita as diversidades para dividir”.
O cristão deve escolher a paz
“Amigos caríssimos, quem se diz cristão deve escolher de que parte estar.
E recorda a todos que “o amor do cristão não é só para os vizinhos, mas para cada um, porque cada um em Jesus é nosso próximo, irmão e irmã – até mesmo o inimigo – e, com maior força de razão, aqueles que pertencem ao nosso próprio povo, embora de etnia diferente”.
Trabalhar pela paz
Trabalhemos, exortou Francisco “por esta unidade fraterna entre nós, cristãos, e ajudemo-nos a fazer passar a mensagem da paz na sociedade”, para que “não haja espaço para uma cultura baseada no espírito de vingança”.
Caminhar juntos: somos cristãos, somos de Cristo
Depois de falar sobre rezar e trabalhar, o Papa aprofunda a palavra “caminhar” como caminho da paz. “Aqui”, disse, “ao longo dos decênios, as comunidades cristãs empenharam-se fortemente na promoção de percursos de reconciliação. Quero agradecer-vos por este luminoso testemunho de fé, nascido do fato de reconhecer, não só nas palavras, mas também nas obras, que, antes das divisões históricas, existe uma realidade imutável: somos cristãos, somos de Cristo.
Herança ecumênica
“A herança ecumênica do Sudão do Sul é um tesouro precioso, um louvor ao nome de Jesus, um ato de amor à Igreja sua esposa, um exemplo universal para o caminho de unidade dos cristãos”, disse o Papa aos presentes, recordando que deve ser guardada com o mesmo espírito. Advertindo em seguida:
Memória e compromisso: caminhos para a unidade
Francisco sugeriu duas palavras-chave para a continuação do caminho: memória e compromisso. Ao falar sobre a memória disse: “os passos que dais recalcam as pegadas dos predecessores. Não tenhais medo de não estar à altura, mas senti-vos impelidos por quem vos preparou a estrada: como numa corrida com estafetas, recolhei o testemunho para apressar a conquista da meta duma comunhão plena e visível”. E depois o compromisso: “caminha-se para a unidade, quando o amor é concreto, quando nos damos as mãos para socorrer quem está na margem da estrada, quem é ferido e descartado”.
Por fim o Papa concluiu seu discurso com um agradecimento: “Obrigado! Continuai assim: nunca concorrentes, mas familiares; irmãos e irmãs que, através da compaixão pelos que sofrem, os prediletos de Jesus, dão glória a Deus e testemunham a comunhão que Ele ama”.
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