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No dia de sua eleição à Cátedra de Pedro, o Papa Francisco saúda os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro No dia de sua eleição à Cátedra de Pedro, o Papa Francisco saúda os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro 

Francisco com o povo em caminho

Regressando ao ambiente da noite da eleição a 13 de março de 2013, descobrimos o essencial da proposta do pontificado. Nas primeiras palavras e no gesto inicial, inclinando-se na oração do povo que pede a Deus a bênção para o novo Papa, identificamos o conteúdo fresco de Francisco. Uma atitude que revela o estilo sinodal que se faz método na Igreja a construir.

Rui Saraiva – Portugal 

Está uma tarde chuvosa em Roma neste dia 13 de março de 2013. Os fiéis enchem de expectativa e de curiosidade a Praça de S. Pedro em sintonia com a Capela Sistina, procurando ler o momento e as decisões dos cardeais reunidos em conclave.

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O mundo está ligado ao Vaticano na imagem e no som de centenas de órgãos de informação que arriscam comentar e antecipar possíveis veredictos da votação dos purpurados. O povo faz oração em pequenos grupos e aguarda o sopro do Espírito Santo que perpassa pelos olhos e pelos corações de todos.

Parou de chover. Os rostos dos fiéis espreitam o ambiente de esperança ao fecharem os guarda-chuvas. Os olhares fixam-se na chaminé da Capela Sistina: fumo negro ou fumo branco? De repente, é fumo que sai do Conclave. Parece cinzento, mas não escurece. Fica branco e torna-se claro que foi escolhido um novo Papa.

Na Praça de S. Pedro a alegria espalha-se, as pessoas abraçam-se, os sinos repicam. Pela Via da Conciliação a emoção atropela-se e os corações palpitam. Na Rádio Vaticano preparamos o trabalho de reportagem a fazer na praça. Habemus Papam: cardeal Bergoglio é Francisco. No fundo da Praça difunde-se a pergunta: Quem é este cardeal? A rádio divulga a resposta: é o arcebispo de Buenos Aires, é argentino.

Consigo furar entre a multidão. Vou para junto da colunata. Francisco chega à varanda e com um passo decidido e uma naturalidade desconcertante saúda a cidade e o mundo dizendo: boa-noite! Em transmissão ‘urbi et orbi’ pede uma oração por Bento XVI. Propõe o Pai-Nosso. Começo a rezar, mas sou interrompido por um menino que, ao colo do pai, diz entusiasta: “Pai, conheço esta… é o Pai-Nosso, também vou rezar!

A oração do povo para a bênção de Deus

 

Regressando ao ambiente da noite da eleição a 13 de março de 2013, descobrimos o essencial da proposta do pontificado. Nas primeiras palavras e no gesto inicial, inclinando-se na oração do povo que pede a Deus a bênção para o novo Papa, identificamos o conteúdo fresco de Francisco. Uma atitude que revela o estilo sinodal que se faz método na Igreja a construir.

Logo na primeira saudação a partir da Varanda da Basílica de S. Pedro, o Papa Francisco apontou o seu método dizendo: “E agora iniciamos este caminho, bispo e povo”.

“Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade”, sublinhou o Santo Padre.

E é neste primeiro momento que Francisco assume a atitude pastoral que vai marcar o seu pontificado, pedindo a oração do povo para que Deus abençoe o novo Papa. E inclina-se perante o povo. Recordemos as suas palavras:

“E agora quero dar a bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a bênção para o seu bispo. Façamos em silêncio esta vossa oração por mim”, disse Francisco.

E foi assim que o novo Papa como que desceu da varanda e colocou-se junto do seu povo inclinando-se para receber a bênção de Deus. Um momento único e original, sinal de novos tempos. Na memória da minha reportagem radiofónica naquela noite guardo o registo de várias pessoas de um grupo da diocese de Coimbra que emocionadas disseram: “parecia que o Papa estava aqui ao nosso lado”.

À procura do odor das ovelhas

 

Em Buenos Aires, nos seus tempos de arcebispo, era possível encontrar o cardeal Jorge Mário Bergoglio, a circular pela cidade, em particular, nos transportes públicos. O futuro Papa sempre gostou desse contacto quotidiano com as pessoas, e tinha uma especial predileção pelo povo mais necessitado e esquecido da sociedade.

A sua presença e visita às “villas miseria”, os bairros de lata da grande metrópole argentina, eram um compromisso habitual e um lugar onde ele, na missão eclesial de pastor, sentia em modo direto o “odor das ovelhas” do seu “rebanho”.

Recordemos a este propósito, a Missa Crismal de Quinta-Feira Santa, na sua primeira Páscoa como Papa, poucas semanas após a sua eleição, na qual Francisco assinalou a importância da procura do “odor das ovelhas” no contacto direto e atento com as pessoas.

Na sua homilia nessa ocasião, exortou os sacerdotes a saírem de si próprios e a irem para as periferias físicas e existenciais, onde o povo mais sofre. Pediu-lhes que fossem pastores com o odor das suas ovelhas. “Isto eu vos peço: sede pastores com o odor das ovelhas, pastores no meio do próprio rebanho, e pescadores de homens”, disse o Papa naquele dia 28 de março de 2013.

Um dos episódios mais relevantes da profunda sintonia de Francisco com o povo, em particular os mais pobres e esquecidos, foi a sua visita ao bairro de Kangemi, em África, no Quénia, a 27 de novembro de 2015. Um dos sete bairros de lata da cidade de Nairobi no qual vivem milhares de pessoas em condições de grande precariedade e exclusão.

Tal como em Buenos Aires, o Papa Francisco transformou em ação os propósitos teóricos, porque não é possível conhecer os problemas se não os vivermos. Foi este um momento concreto e sem filtros da opção preferencial de Francisco pelos pobres. Disse mesmo que se sentia ali como se fosse a sua casa.

“Sinto-me em casa, partilhando este momento com irmãos e irmãs que têm um lugar preferencial na minha vida e nas minhas opções, não me envergonho de o dizer. Estou aqui porque quero que saibais que as vossas alegrias e esperanças, as vossas angústias e as vossas dores não me são indiferentes. Conheço as dificuldades que encontrais dia-a-dia!”, disse o Papa na ocasião.

De destacar que o Santo Padre pediu aos pastores em missão naqueles bairros para tomarem iniciativas contra as injustiças e a envolverem-se nos problemas dos cidadãos apoiando o seu trabalho coletivo.

Por uma igreja sinodal

 

Este caminhar na proximidade com o povo marca o pontificado do Papa Francisco. A sua intensa atividade pastoral nestes dez anos, com as viagens apostólicas internacionais, a publicação de relevantes documentos e a animação de eventos de enorme alcance como o Jubileu da Misericórdia e, particularmente, os Sínodos sobre a Família e Jovens, fizeram amadurecer as opções de Francisco sobre o rumo da Igreja.

Desse discernimento surgiu uma decisão do Papa que vai marcar o futuro. Francisco iniciou em outubro de 2021 um Sínodo participado por toda a Igreja. Um verdadeiro “caminho em conjunto” como a etimologia da palavra Sínodo indica.

“Por uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema deste Sínodo que teve uma primeira fase entre 2021 e 2022 nas dioceses de todo o mundo recolhendo os contributos das paróquias e comunidades. O desafio foi discernir em ambiente de oração, escuta da Palavra de Deus e de reflexão, sobre o “caminho conjunto” que está a acontecer hoje nas igrejas locais. Um Sínodo que interroga a Igreja sobre a sua ação no mundo e que procura propostas para o futuro.

O processo sinodal passa agora neste início de 2023 pela experiência das assembleias continentais alargando a intensidade da participação e do debate. De 4 a 29 de outubro deste ano será a primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Em outubro de 2024 realiza-se uma segunda sessão desta assembleia.

O caminho de Francisco com o povo continua e o Sínodo é método para enfrentar os tempos difíceis que a Igreja vive.

Laudetur Iesus Christus

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