Casal del Marmo: para o capelão a presença do Papa é sinal de esperança
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Na tarde desta quinta-feira (06) o Papa Francisco irá ao Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma para celebrar a Missa da Ceia do Senhor com o rito do Lava-Pés. Em 2013 o Papa foi a esta prisão celebrar esta Liturgia, no seu primeiro ano de Pontificado, agora retorna e o jovem capelão padre Nicolò Ceccolini fala ao Vatican News da expectativa dos jovens, recordando que não serão os mesmos jovens que o Papa encontrou dez anos atrás. “Felizmente”, brinca o capelão, afirmando em seguida “é sinal de que evidentemente os caminhos educacionais e de reabilitação realizados pela comunidade de trabalho sempre ativa para os detentos, estão funcionando. Uma palavra, detentos, que o padre Nicolò nunca usa no decorrer da entrevista. Para ele, são sempre e somente os “jovens”, cerca de cinquenta mulheres e homens de 14 a 25 anos de idade, italianos, árabes, africanos, ciganos, ateus ou católicos, ortodoxos e até mesmo cerca de quinze muçulmanos que nestes dias estão vivenciando o Ramadã. "Para eles também é uma ocasião especial, muito esperada", afirma o capelão, "nem que seja pela curiosidade de conhecer uma pessoa que eles sabem que é importante e que vem visitá-los".
Comunidade “diversificada”
"Aqui em Casal del Marmo há uma comunidade muito diversificada", destaca o capelão. Fazem parte os policiais penitenciários, educadores, psicólogos, médicos, professores, juntamente com a diretora e o comandante, todos sempre atentos e comprometidos com estes jovens. Com doze deles, o Papa realizará o antigo e sempre comovente rito do Lava-pés. Ele o fez há dez anos e o fez novamente nos anos seguintes, nos lugares de sofrimento que visitou, como penitenciárias, centros de refugiados, instituições que cuidam e abrigam doentes. A escolha dos jovens de Casal del Marmo não seguiu um critério específico: "Para nós são todos iguais", afirma o capelão. Que faz questão de contar que os preparativos para a chegada do Papa uniram todos, fortalecendo o sentido de comunidade que inevitavelmente é colocado à prova num lugar de "luzes e sombras" como é uma prisão.
Alegria e expectativa pelo Papa
"Para nós é uma grande alegria, porque é um gesto de grande preferência do Papa que está retornando a Casal del Marmo pela segunda vez depois de dez anos". É também uma preferência do Papa pelo mundo da prisão, em particular pelos jovens", afirma ainda o capelão. "Claramente os jovens presentes são outros. Felizmente, eu diria. Não temos mais ninguém aqui que estivesse presente há dez anos. A visita é muito esperada.... É um momento importante, um sinal de esperança, um sinal da possibilidade de uma vida nova e diferente para todos".
Para 'reiniciar' vidas que estariam em um impasse
"Para todos", repete o sacerdote. Não apenas para aqueles que cometeram crimes "menores", como furtos, roubos, tráfico de drogas, mas também para os culpados de crimes mais graves "contra pessoas", como assassinatos e tentativas de assassinato. Cristo, na figura de seu vigário, vem para visitar a todos. E em Casal del Marmo, é feita uma tentativa de transmitir esta mensagem, ao mesmo tempo em que se tenta 'reiniciar' vidas de outra forma estariam no impasse da delinquência e das dificuldades. Isto é feito através da escolaridade, do trabalho manual e da educação nas relações sociais.
Luzes e sombras
"Claro, nem sempre é fácil", admite padre Nicolò. Ele encontra-se na instituição desde 2011, primeiro como seminarista, agora como capelão. "Dez anos atrás eu era diácono quando o Papa veio nos visitar. Agora vamos nos encontrar novamente”, sorri. Durante estes anos, ele se deparou com muitas histórias, rostos, cenas e pode ser testemunha de uma 'realidade', a da prisão, que nem sempre é positiva. De 'luzes e sombras', na verdade. "Na prisão de menores temos a mesma realidade da prisão adulta no que diz respeito ao tipo de delitos. O cárcere sempre apresenta grandes limites para a reeducação de um jovem e por isso estamos diante de uma realidade na qual sempre coexistem a escuridão e a luz. Se para alguns jovens pode ser útil e servir pelo menos como uma pausa para reflexão, para muitos outros infelizmente às vezes se torna "a Universidade do crime", no sentido de que alguns que entram por roubo e depois podem aprender outra coisa...".
Escola e oficinas
Cada jovem que entra no instituto recebe acolhida e atenção, "através da figura do educador que cuida imediatamente das primeiras necessidades, antes de tudo a de escutar e conhecer-se". Em seguida, segue explicando, "o jovem é incluído no grupo de pares e aos poucos se tenta reativar caminhos que tinham sido interrompidos ou às vezes nunca começados, como a alfabetização ou o ensino médio". Depois há "oficinas mais manuais, mais formativas: jardinagem, cabeleireiro, carpintaria". Tudo isso "dentro de um contexto muito difícil".
Dedicar aos jovens tempo e escuta
Como sacerdote, padre Nicolò se enquadra levando adiante uma pastoral de escuta e de tempo: 'Uma das coisas que aprendi nestes anos", afirma, "é que a primeira forma de pastoral é a presença, ou seja, estar presente o máximo possível. Percebi que não são tanto os discursos e as belas palavras que constroem algo, mas o fato de que os jovens me vejam". Isto cria uma relação de familiaridade e amizade que depois nos permite fazer um caminho juntos". Aos domingos, na capela se celebra sempre a Eucaristia. Os jovens podem participar livremente: "É sempre um bom momento de encontro". Durante a semana, porém, o capelão optou por não se vincular a atividades particulares, mas "estimular outros a fazê-lo, como os voluntários, porque assim tenho mais tempo disponível para os jovens". Tempo para a escuta e para o encontro para assim oferecer uma relação positiva".
Olhar profundo
E os jovens, o procuram? Sim, sim. Eu também os procuro muito. Aos meus olhos, embora eu seja um padre católico, eles são todos iguais... Independentemente de serem cristãos, ortodoxos, católicos ou muçulmanos, para mim eles são todos iguais, todos com a mesma necessidade de serem vistos não só pelo que fizeram e não só pelo que dizem os documentos. Eles precisam ser vistos com um olhar mais profundo".
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