O Papa: além da paz, também está em perigo a identidade antropológica das mulheres
Francesca Sabatinelli, Silvonei José – Vatican News
Hoje a "identidade antropológica da mulher" está em perigo, instrumentalizada por razões políticas ou ideológicas que "ignoram a beleza com a qual foi criada". O Papa Francisco recebeu no Vaticano as mulheres da União Mundial de Organizações Femininas Católicas, a quem recordou a celebração hoje da Virgem de Fátima, acrescentando: "Estou triste porque no país onde Nossa Senhora apareceu, foi promulgada uma lei para matar. Mais um passo na lista de países que aprovaram a eutanásia".
Ouvir o clamor de tantas mulheres
É precisamente para Nossa Senhora que o Papa nos convida a olhar, como um modelo de vida e ternura. Em seguida, ele exorta os membros da organização, que representa quase 100 organizações de mulheres em todo o mundo, com cerca de 8 milhões de mulheres católicas, a renovar o espírito missionário e a "ouvir o clamor de tantas mulheres no mundo que sofrem injustiça, abandono, discriminação e pobreza".
Além da paz, a estar em perigo também está a identidade antropológica das mulheres, pois elas são instrumentalizadas como argumento de disputas políticas e ideologias culturais que ignoram a beleza com a qual foram criadas. É necessário valorizar mais a sua capacidade de relação e de doação, e que os homens compreendam melhor a riqueza da reciprocidade que devem às mulheres, a fim de recuperar os elementos antropológicos que caracterizam a identidade humana e, com ela, a da mulher e o seu papel na família e na sociedade, onde não deixa de ser um coração pulsante.
A missão evangelizadora das mulheres
Para que elas possam cumprir sua missão evangelizadora e trabalhar pelo desenvolvimento humano, a Umofc criou o Observatório Mundial da Mulher para que, lembra Francisco, "outras possam ajudar a aliviar as necessidades corporais e espirituais da humanidade".
Hoje há uma necessidade urgente de encontrar a paz no mundo, uma paz que começa, acima de tudo, dentro do coração, um coração doente, dilacerado pela divisão do ódio e do ressentimento”.
Maria, modelo de mulher por excelência
No dia em que a Igreja comemora as aparições da Virgem Maria em Fátima, Francisco aponta para Maria como o "modelo de mulher por excelência" que vive o dom da maternidade e a tarefa de cuidar de seus filhos na Igreja.
Maria ensina a gerar a vida e a protegê-la sempre, relacionando-se com os outros com ternura e compaixão, e combinando três linguagens: a da mente, a do coração e a das mãos. Como já disse em outras ocasiões, acredito que as mulheres têm essa capacidade de pensar o que sentem, de sentir o que pensam e fazem, e de fazer o que sentem e pensam. Eu as incentivo a continuar a oferecer essa sensibilidade a serviço dos outros.
Permanecer em comunhão com a Igreja
Em todas as grandes coisas que Deus faz, a cena é caracterizada pela pobreza e pela humildade, como em Fátima, continuou Francisco, onde "uma mulher boa e cheia de luz encontrou crianças pobres e simples". Aquelas crianças pastoras representam a humanidade frágil, os pequenos desnorteados e amedrontados diante do que a vida apresenta e que nem sempre entendemos, porque às vezes os acontecimentos "nos vencem e nos colocam em crise". Em seguida, o Papa explica o que fez com que Maria e os pastorzinhos se tornassem fortes ao serem transformados "de pessoas frágeis e pequenas em autênticas testemunhas da alegria do Evangelho".
O segredo de todo discipulado e da disponibilidade à missão está em cultivar essa união interior com o "hóspede doce da alma" que sempre nos acompanha: o amor a Deus e permanecer unidos a Ele, como os ramos à videira (cf. Jo 15,1-11), para viver - como Maria - a plenitude do ser mulher com a consciência de sentir-se escolhida e protagonista na obra salvífica de Deus. Mas isso, por si só, não é suficiente. Essa união interior com Jesus deve se manifestar externamente, permanecendo em comunhão com a Igreja, com minha família ou com minha organização, que me ajudam a amadurecer na fé.
O convite de Francisco é, portanto, a "rezar as obras e fazer o que se viu na oração", para estar em sintonia com a missão da Igreja, para estar em sintonia com a missão de toda a Igreja, porque "essa é também a essência da sinodalidade, o que faz com que nos sintamos protagonistas e corresponsáveis pelo "bem estar" da Igreja, para saber integrar as diferenças e trabalhar em harmonia eclesial".
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